HMI: referência mundial no atendimento de casos raros da medicina neonatal

Localizado na capital Goiânia, em pleno centro do país, o Hospital Materno Infantil tinha tudo para ser uma unidade convencional, dedicada ao atendimento prioritário de mulheres com gravidez de risco, não fosse a sua vocação e capacidade para enfrentar desafios raros da medicina moderna, como a separação de gêmeos siameses. Contando 45 anos de história, a unidade de saúde pública tem garantido o seu lugar na história da Medicina, ao contar com corpo clínico altamente conceituado, como, por exemplo, o cirurgião pediátrico, Zacharias Calil, que conduz as cirurgias de separação desde 2000, sendo responsável por 17 cirurgias desta natureza.

Casos vindos de diferentes regiões do país encontraram na capital goiana o amparo necessário para promover esse delicado e arriscado procedimento, que pode levar até doze horas de operação. Enquanto a literatura médica mundial indica uma média de um a cada cinco sobreviventes desta cirurgia de separação, os casos goianos são de 50% de sobrevivência. O trabalho da equipe do HMI já despertou interesse de importantes pesquisadores mundiais, tendo ganhado destaque em programa especial produzido pelo canal Discovery Channel.

O Hospital Materno Infantil atua desde 1972 no atendimento de urgência, emergência e ambulatorial, com prioridade para o atendimento de casos de média e alta complexidade, como acompanhamento de casos de gravidez de alto risco. A partir de julho de 2012, sua gestão estadual passou a ser compartilhada com a Organização Social Instituto de Gestão e Humanização (IGH), voltada para assistência à saúde e geração de conhecimento na área.

Por dentro da unidade

Atualmente, a unidade possui 1.156 funcionários, dedicados ao atendimento médico e ambulatorial em Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Gestação de Alto Risco, Mastologia, Hemangiomas e Linfohemangiomas e Fissuras Lábio-Palatais. Ao todo, são disponibilizados 177 leitos, sendo 23 de UTI (5 UTIs maternas, 10 UTIs pediátricas e 8 UTIs neonatais); 22 leitos de Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal; 10 leitos do Projeto Canguru; 122 distribuídos entre leitos de internação e observação. Ainda possui 30 leitos de retaguarda no Hospital e Maternidade Vila Nova.

Antes da entrada da OS como gestora do HMI, o hospital mantinha uma média mensal de 5.319 atendimentos gerais. Após 2012, esse número saltou para 7.385. Antes do IGH eram registradas uma média de 1.209 internações por mês, atualmente esse número saltou para 1.277. O número de cirurgias passou de uma média de 398 por mês para 468. Esse aumento da produtividade do hospital é atribuído a uma série de ações de melhoria implementadas desde o ingresso da Organização Social.

Principais Programas

O HMI foi incrementando seu portfólio de programas executados, à medida que notou maior apelo por casos específicos. Dessa forma, equipes multidisciplinares foram organizadas para se dedicar com maior profundidade ao atendimento especial de tais casos. As vítimas de violência sexual ganharam um ambulatório específico para olhar por elas com maior cuidado. Formado por médicos ginecologistas, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, as vítimas de abusos que chegam espontaneamente à unidade, ou e são encaminhadas pelas autoridades responsáveis. As consultas são realizadas em ambiente humanizado e incluem exames físicos, anticoncepção de emergência, profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis e atendimento psicológico junto às orientações legais.

Há 21 anos, a unidade estimula o aleitamento materno ao manter em pleno funcionamento o Banco de Leite Humano. Mães com leite excedente são cadastradas para que, voluntariamente, contribuam com doações necessárias para alimentar recém-nascidos prematuros e de baixo peso, ou bebês que não podem amamentar na própria mãe por motivo de saúde. O Banco de Leite conta com apoio do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, responsável por fazer as visitas domiciliares para coleta do leite e orientação das mães voluntárias. Após ser coletado, o leite é analisado e pasteurizado para que mantenha as condições ideais para seu consumo dentro do prazo de seis meses.

Na década de 90, o hospital Materno Infantil montou uma equipe multidisciplinar para atuar na reabilitação de pacientes que nasceram com má formação labial, conhecida popularmente como lábio leporino. Hoje, mais de cinco mil pacientes estão cadastrados para passarem pela cirurgia reparadora, vindos de todas as partes de Goiás, além de Mato Grosso, Rondônia, Tocantins, Maranhão, Pará, Acre, Bahia e Minas Gerais. O trabalho é realizado em diversas etapas e engloba cirurgia plástica reparadora, cirurgia odontológica e acompanhamento fonoaudiológico e psicológico de longo prazo.

Uma forma de promover o melhor desenvolvimento de bebês nascidos com baixo peso, o Projeto Canguru se mostrou uma forma eficiente de recuperação de bebês prematuros, reduzindo o tempo de internação e a necessidade de intervenção em unidades de terapia intensiva. Com uma abordagem simples, os bebês são acomodados junto ao calor humano, da mãe ou mesmo do pai, com auxílio de faixas, e assim se acoplam ao corpo dos pais para melhor se desenvolverem em contato com o corpo humano.

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