Ecossistema de participação cidadã em Goiás

Marjorie Lynn

Muito se fala sobre o declínio da democracia no mundo. Pesquisas e índices consolidados acompanham essa temática há décadas e confirmam tal teoria, como é o caso do Democracy Index, elaborado pela revista The Economist. Na análise referente a 2019, dos 167 países avaliados, o Brasil foi classificado na 52ª posição, caracterizando-se como uma “democracia falha”. Estamos situados em solo árido, permeado por incertezas e uma desconfiança generalizada nas instituições governamentais.

Exatamente por essa escassez, temáticas referentes à participação social e ao exercício da cidadania ganham cada vez mais relevância. Vivemos em uma sociedade em rede, hiperconectada, que se caracteriza por uma crescente complexidade de arranjos. Há que se adaptar: da hiperconectividade surge um espaço não institucional para discussão de pautas que pode contribuir muito para o trato dos problemas públicos. Essa sociedade trouxe ainda a colaboração autônoma, o que permite um contrapoder social com formas inovadoras de ideias para a resolução de problemas públicos. Se é cada vez mais fácil acessar o indivíduo, então por que não provocá-lo?

É a partir daí que se inserem as iniciativas atualmente conduzidas pela Controladoria-Geral do Estado de Goiás (CGE). Os projetos buscam a criação de um ecossistema de participação cidadã. Na biologia, ecossistema é entendido como um sistema que reúne um conjunto de diferentes seres, que se desenvolvem e interagem entre si, gerando relações e interações dependentes e interligadas. O objetivo é criar uma rede de interação, onde os projetos e seus participantes estejam interligados e interajam para a criação de uma cultura de participação política consistente no Estado de Goiás.

Essa rede cidadã teve início em 2019, com o projeto “Estudantes de Atitude”. O coração da iniciativa é a Auditoria Cívica, realizada pelos próprios alunos na escola, uma ferramenta de diagnóstico que permite levantar problemas e monitorar suas soluções. Naquele ano, o projeto passou por 100 escolas, atingindo 5 mil alunos e 300 professores.

Em 2020, devido à pandemia, a estratégia da CGE foi partir para o mundo virtual. Daí nasceu o “Embaixadores da Cidadania”, certificação cidadã realizada em parceria com a UFG. Mais de 180 cidadãos receberam o diploma de Embaixador e cerca de 160 projetos de impacto social foram gerados em diversas temáticas como transparência, controle social, saúde, educação e outras.

Agora em 2021 o objetivo foi capilarizar a rede, por meio do “Agentes da Cidadania”, iniciativa que visa criar uma porta de entrada para a relação governo-cidadão. Aqui o objetivo é obter o primeiro contato com mecanismos de participação cívica. Goianos de mais de 200 municípios se interessaram pela iniciativa e já iniciaram sua participação.

A ideia é que a cada ano esse ciclo de projetos se renove, consolidando o ecossistema. O exercício do papel da CGE em promover e fomentar a participação cidadã está em curso: jogar as sementes e regar o solo em busca de cidadãos engajados, coprodutores de políticas públicas e que, mais do que isso, consigam perpassar os conhecimentos da vivência cidadã para suas realidades. Como na natureza, esse ciclo requer tempo e resiliência, mas os resultados mostram que o Governo de Goiás está no caminho certo para sedimentar a cultura da participação cívica entre seus cidadãos.

Marjorie Lynn é gerente de Controle Social da Controladoria-Geral do Estado de Goiás

Governo na palma da mão

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