Casa do Interior ofereceu apoio a 3,5 mil pessoas em 2015

No ano de 2015, a Casa do Interior de Goiás (CIGO), unidade da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), acolheu cerca de 3.500 pessoas, que receberam o benefício sem qualquer ônus. A casa oferece conforto e dignidade a pacientes em tratamento de saúde em Goiânia e a seus acompanhantes. Entre os que foram atendidos na unidade – que existe desde 1968, disponibilizando hospedagem, transporte na capital e acompanhamento profissional de enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais – estão as famílias de gêmeos siameses. Só no ano passado, foram oito.

Aos quatro meses de gestação, Denise Borges Oliveira e Caíque Santana Ramos dos Santos, ambos com 20 anos, descobriram que esperavam gêmeas. A surpresa e a ansiedade foram grandes, mas logo deram lugar a preocupação, quando eles receberam a notícia: as meninas seriam siamesas. Maria Clara e Maria Eduarda, hoje com dez meses, nasceram unidas pelo abdômen, compartilhando o fígado e uma membrana do coração. Durante todo o período de tratamento a família ficou hospedada na Casa do Interior.

Outros casos

Vindos de Itamaragi (BA), Valdenir Neves, 45 anos, e Lindalva Nascimento de Jesus, 35 anos, ainda não sabem quanto tempo ficarão hospedados na Casa do Interior. Eles são pais das gêmeas Júlia e Fernanda, de quatro meses. As meninas também nasceram unidas pelo abdômen e tem previsão de cirurgia de separação no próximo dia 13. “Estou muito assustada com tudo isso. Mas só de saber que tenho um lugar para ficar com minha família, já me sinto mais tranquila,” confessa a mãe das meninas.

Ela revela que começou a fazer o pré-natal no quinto mês de gestação e que a notícia de que teria siamesas lhe trouxe sofrimento. Segundo ela, ter a oportunidade de poder fazer o procedimento de separação das filhas acalma um pouco o seu coração. “Estamos sendo muito bem tratados. Deus nos enviou para um lugar onde fomos muito bem acolhidos e minhas filhas estão recebendo amor. Não teríamos condições de estar tão longe de casa. Somos pobres. Só tenho que agradecer a Deus por estarmos aqui.”

Natural de Vitória (ES), Aline Caja Carlos, 33 anos, veio para Goiânia no início de agosto de 2015. Grávida de siamesas, ela passou os momentos finais de sua gestação na Casa do Interior. É lá que ela, agora, aguarda a recuperação da filha Alexia, de quatro meses, internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Materno Infantil (HMI). Os bebês de Aline nasceram de 36 semanas, unidos pelo tórax e abdômen, compartilhando o fígado. Só Alexia sobreviveu. “O que tenho vivido nos últimos tempos não é fácil. Cada dia é uma superação. E isso, graças a Deus, porque encontrei aqui na Casa do Interior muito carinho e apoio,” conta emocionada.

Foi lá que Aline e Ana Angélica se conheceram. “Ficamos amigas. Trocamos experiências. Uma procurando tranquilizar a outra. Fiquei muito triste por ela”, revela. Aline conta que tenta passar um pouco de força para outras mães de siameses com o que aprendeu com as psicólogas da unidade. “Aqui na Casa do Interior recebo conforto físico e psicológico. Apesar dos problemas que enfrentamos, o ambiente desta casa é cheio de vida, saúde e lúdico, o que ajuda a amenizar o nosso sofrimento.”

Psicóloga da Casa do Interior, Núbia Cunha Silva, tem acompanhado as famílias de siameses. Segundo ela, os hóspedes do local necessitam da atenção de psicólogos para dar-lhes apoio no sentido de facilitar a adaptação à nova rotina, o que ajuda a minimizar a ansiedade. “São famílias que chegam aqui muito assustadas e inseguras. São mães que se perguntam, até mesmo, como vestirão bebês que nascerão unidos. A curiosidade em torno de casos assim também é trabalhada. Então, buscamos amenizar situações como estas.”

Governo na palma da mão

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