Marconi defende maior agregação de valor à produção agrícola brasileira

O governador Marconi Perillo afirmou hoje (17/6), durante abertura do 4º Fórum Brasileiro da Indústria de Alimentos, que o Brasil precisa avançar na agregação de valor de sua produção primária para garantir maior geração de emprego e renda. A defesa foi feita para cerca de 200 empresários da cadeia da alimentação que participam do evento, organizado pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais, no Hotel Mercure, em Goiânia.

“A indústria da alimentação verticaliza nossa produção primária. Quando exportamos matéria-prima, sem agregação de valor, estamos exportando também empregos, que seriam gerados se tivéssemos uma indústria realizando este trabalho aqui. Quanto mais processamos matéria-prima, mais empregos criamos. É isso que temos de incentivar para o desenvolvimento industrial”, destacou.

Marconi analisou, no entanto, que uma política econômica mais estável é fundamental para este processo de verticalização. Para ele, a estabilidade propicia melhor condição para importar insumos, exportar produtos primários elaborados, além de uma política de câmbio e juros mais segura. “A política macroeconômica é fundamental para a gente ter um ambiente que possibilite o avanço industrial”, disse.

Ele lembrou que cabe ao Estado proporcionar a desburocratização e garantir uma oferta de infraestrutura de qualidade para o setor produtivo. “Assim geramos competitividade e atraímos investidores. O Brasil pode se transformar no grande produtor de alimentos do mundo. Já produzimos 200 toneladas de alimentos, mas podemos ir a mais. A desburocratização e infraestrutura precisam ser levadas a sério”.

Debates

Líder do setor que debate Agronegócios do Lide, o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Roberto Rodrigues destacou a tese defendida por Marconi. Segundo ele, o Brasil é hoje o maior exportador de sete commodities (café, soja, suco de laranja, açúcar, carne de frango, carne bovina e tabaco). Mas, por conta de gargalos internos e do comércio internacional, ainda se agrega pouco valor a esta produção.

Citou o exemplo do café para ilustrar este cenário. “O Brasil exporta 27% da produção de café mundial. Menos de 2% desse total é torrado e moído aqui. Os campeões mundiais em café torrado e moído são Alemanha e Itália – dois países que não plantam um pé de café sequer. Eles pegam nosso café, da Colômbia, Vietnã e da Costa Rica misturam, torram e moem. O Brasil tem de ocupar este posto”, disse.

chairman (presidente administrativo) do Lide e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Luiz Fernando Furlan também seguiu a defesa de Marconi Perillo. “Não há nada errado em exportar commodites agrícolas. O maior exportador são os EUA, por exemplo. Mas temos de agregar valor com inovação, tecnologia e criatividade. Uma tonelada de produto processado chega a 10 mil dólares. Uma tonelada de milho ou farelo de soja não passa de 300,00 dólares”, disse.

Furlan disse ainda que o Brasil vem se consolidando como expressivo protagonista na exportação de alimentos para o mundo, e que deverá ampliar suas negociações através dos acordos bilaterais. O chairman do Lide enfatizou, porém, a necessidade de se criar um brand(marca de fábrica) para os produtos brasileiros, a exemplo das tulipas da Holanda, dos vinhos franceses ou do bacalhau de Portugal.

Governo na palma da mão

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