Grupo de investidores coreanos, chineses e brasileiros pode financiar trem Goiânia-Brasília

Fruto do trabalho incessante do Governo de Goiás na busca de investimentos para o estado, o trem de alta velocidade ligando Goiânia a Brasília, também conhecido como Expresso Pequi ou Trem Pequi, despertou interesse de um grupo de investidores formado por empresários coreanos, chineses e brasileiros, liderados pela A’REX, braço operador de um grupo de empresas coreanas que exploram uma linha de média velocidade ligando Seul aos aeroportos internacionais. O material foi elaborado pelo grupo Sistemas de Transportes Sustentáveis, que sugeriu alterações em relação ao projeto original.

O projeto foi divulgado em missões internacionais, com o objetivo de atrair investidores. O assunto vem sendo tratado pelo governador Marconi Perillo desde o seu segundo mandato, primeiro com o então governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, depois com ministros dos governos Lula e Dilma, e agora com o presidente Michel Temer (março/2017) e com o ministro dos Transportes, Maurício Quintella (abril/2017). O ministro pontuou que o Expresso Pequi “se torna cada vez mais viável e atrativo”. Na avaliação do governador, caso “a licitação seja resolvida ainda este ano, com certeza em três anos é possível a realização da obra. São trens com condições de viagem acima do padrão. Um sistema de qualidade e seguro. Estamos otimistas”, observou.

Alterações

O grupo Sistemas de Transportes Sustentáveis sugere, entre as alterações ao plano original apresentadas à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que a contrapartida do poder público, de R$ 2,9 bilhões diluídos em 30 anos, para um investimento total de aproximadamente R$ 8,9 bilhões, seja de R$ 130 milhões por 15 anos, e de R$ 30 milhões quando começarem as operações, totalizando quase R$ 2 bilhões. Os coreanos defendem ainda que o projeto só se viabiliza como uma parceria público-privada (PPP) e que, dificilmente, se sustentaria com o modelo de concessão pura.

O plano de investimento prevê um traçado de 186,68 quilômetros (extensão total), tempo de viagem de 70 minutos, tarifas diferenciadas de R$ 100,00 (Brasília-Goiânia) e R$ 30,00 (Goiânia-Anápolis), além de frequência de composição a cada 15 minutos (4 a 5 composições por hora), velocidade de 250 Km/h (máxima) e concessão de 33 anos. O grupo, diferentemente da opinião de especialistas em transportes, defende a tese que o número de passageiros será suficiente para afiançar o investimento.

As projeções são de que a obra seja licitada no final deste ano ou no início de 2018, com previsão de operação em 36 meses. Outro ponto apresentado pelos investidores, para que o projeto tenha credibilidade, é criar mecanismos de proteção cambial. “Na nossa análise, o projeto poderia ser alterado no sentido de ser mais atrativo financeiramente e viável, se fosse mais robusto e consistente. Fizemos essa proposta e está sendo avaliada pelo Governo Federal”, disse o diretor do grupo Sistemas de Transportes Sustentáveis, Paulo Benites.

O economista Bernardo Figueiredo, ex-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), contratado como consultor pelos coreanos, declarou que o projeto alternativo descarta qualquer tipo de transporte de cargas, e prevê duas paradas intermediárias: Anápolis (GO) e Samambaia (DF). A previsão é de um preço em torno de R$ 100 por bilhete na viagem expressa de ponta a ponta, e de R$ 30,00 de Goiânia a Anápolis, com velocidade máxima de R$ 250 km/h. “A concessionária teria o direito de explorar as áreas das estações com atividades comerciais e imobiliárias, de acordo com o que a legislação já permite. Isso é uma espécie de colchão para mitigar o risco de demanda”, explicou o consultor.

Governo na palma da mão

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