Artigo – Abelhas para um Estado mais produtivo
*Ricardo Carneiro de Araújo
Em Goiás, a apicultura é desenvolvida em mais de 715 estabelecimentos produtores espalhados por 137 municípios de todas as regiões do Estado, com destaque para Orizona, Porangatu, Goiandira, Silvânia e Morrinhos. É uma atividade importante para a economia, especialmente para agricultores familiares que obtêm ou complementam a renda com a produção de mel, própolis, geleia real e outros itens derivados dessa cadeia produtiva. A matéria-prima da apicultura também é comumente utilizada na indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética, devido aos benefícios que oferece para a saúde da população. Além das vantagens econômicas e sociais, a atividade é essencial para o equilíbrio e a sustentabilidade do meio ambiente. Isso porque a abelha contribui para a manutenção e a preservação de ecossistemas existentes na natureza, por meio da polinização, promovendo inclusive o desenvolvimento de diferentes culturas agrícolas.
Quando se trata desse tema, é preciso ainda fazer uma ressalva, compartilhar uma curiosidade que muitos não sabem. É que a apicultura, por exemplo, é voltada para a criação da abelha Apis mellifera, que é conhecida no Brasil como abelha africanizada ou europeia. Já a meliponicultura é a criação de abelhas nativas do Brasil. São abelhas que já existiam no país antes da introdução do gênero Apis e tem como característica a ausência de ferrão. Inclusive, a criação desse tipo de inseto tem se tornado comum até mesmo em cidades, já que a abelha sem ferrão não oferece perigo para a população e produz itens como mel, geleia real etc.
O que não se pode negar é que existe uma figura importante nessa cadeia produtiva: o apicultor. Seja por profissão, hobby ou tradição familiar, é ele o responsável por atuar na criação de abelhas, na extração de mel e derivados da atividade, confecção de produtos, entre outros. Essa profissão conquistou tamanha importância para a sociedade, que o dia 22 de maio foi instituído como Dia do Apicultor. A data foi escolhida por ser o mesmo dia de Santa Rita de Cássia, conhecida como padroeira dos apicultores.
O Governo de Goiás reconhece a relevância desse profissional e da atividade para o desenvolvimento econômico no Estado, por isso tem realizado diversas ações com foco nas cadeias produtivas da apicultura e meliponicultura. Em 2019, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), foram distribuídos kits de apicultura para 10 municípios do Nordeste Goiano, como forma de estimular a produção. Está em curso, ainda, o projeto de apoio à agroindustrialização dos produtos apícolas, por meio da aquisição e cessão de uso de equipamentos para o beneficiamento da produção, as chamadas Casas de Mel. A ação promoverá o aumento do alcance de mercado dos produtos apícolas de Goiás, gerando renda e emprego.
Da mesma forma, as jurisdicionadas da Seapa têm se empenhado em prol da produção goiana. A Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) atua fortemente na assistência técnica aos apicultores e na extensão rural, ofertando capacitações para produtores que desejam ingressar na atividade. A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) desempenha, continuamente, o Programa Estadual de Sanidade das Abelhas (PESAB), com objetivo de fortalecer a cadeia produtiva apícola, por meio de ações de vigilância e defesa sanitária animal e, por meio do Serviço de Inspeção Estadual, monitora a qualidade dos produtos apícolas goianos.
É uma atenção especial à cadeia apícola do Estado, buscando valorizar o profissional apicultor e toda a rede de pessoas envolvidas nessa atividade, que com trabalho primoroso oferecem produtos de extrema qualidade para a nossa população. Nesta data, em que se comemora o Dia do Apicultor, só temos a agradecer pela contribuição desses profissionais para o fortalecimento da agropecuária goiana.
Ricardo Carneiro de Araújo é gerente de Produção Sustentável e Agricultura Familiar da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa)
(Artigo publicado originalmente no jornal Diário da Manhã, em 22 de maio de 2021)