Exposição de artesanato na Assembleia Legislativa; SED apoia evento
Nico Miranda, de Jataí, mostrará suas obras feitas em cabaça,entre elas, a santa inanimada que já recebeu o reconhecimento da Unesco
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED) realiza, de 18 a 28 deste mês, no saguão de entrada da Assembleia Legislativa, a exposição das obras do artesão Nicodemos Souza de Miranda, conhecido como Nico Miranda. Natural de Serranópolis e radicado em Jataí há quase três décadas, Nico Miranda teve o seu talento reconhecido pelo Fundo das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que selecionou entre as 13 obras de excelência produzidas por artesãos dos países do Mercosul a santa inanimada feita com cabaças. A abertura da mostra foi nesta terça-feira (18).
A mostra é uma ação da Gerência de Artesanato da Superintendência de Micro e Pequenas Empresas da SED, em parceria com a Assembleia Legislativa e o seu programa Terça Cultural. Segundo o gerente de Artesanato da SED, André Franco, o objetivo da exposição é despertar a atenção dos visitantes para a qualidade e o valor do artesanato goiano. A Gerência tem promovido todo mês exposições no Palácio Pelo Ludovico Teixeira, dentro do programa Goiás Mostra Artesanato, que já está na 16ª edição.
Acoplagem
A técnica de Nico Miranda, segundo esclarece o artista, consiste em acoplar vários cortes de cabaças e fixá-las com cola cascola, fazer os sulcos com estilete e depois usar betume da Judeia (o piche de asfalto) para destacar os detalhes dos objetos. “É uma técnica que eu desenvolvi e que quero passar adiante, por isso, essa exposição destina-se a mostrar o meu trabalho, mas, também, essa técnica que não pode morrer comigo”, afirma o artesão.
Durante a abertura, o artesão Nico Miranda, que é também professor, radialista, costureiro e escritor, fará uma demonstração da técnica criada por ele para transformar cabaças – frutos de plantas da família das cucurbitáceas, em especial da Lagenária vulgaris – em santas, baronesas, escravos, lamparinas e animais como tatu, tartarugas e pássaros, fontes, bolsas e outros objetos.
Para a exposição na Assembleia Legislativa, além da santa inanimada que lhe rendeu o prêmio da Unesco, o artesão de Jataí estará expondo uma novidade: a sua “Mona Lisa do Cerrado”, uma versão própria da obra renascentista de Da Vinci. “Ela conserva o mesmo olhar enigmático da Mona Lisa, mas é toda feita em cabaça”, diz Nico Miranda. Segundo ele, além das peças, que têm cerca de 60 centímetros de altura, a Mona Lisa do Cerrado também será mostrada em fotografias que foram emolduradas.
A mostra reúne cerca de 200 peças: pássaros de diversos tamanhos e espécies, santas inanimadas, tatus do Cerrado, bolsas de diferentes formatos, escravos libertos, baronesas, abelhas nativas, lamparinas, Mona Lisa do Cerrado, tartarugas, fontes com pássaros e outros. “Minha expectativa é das melhores possíveis, pois nós precisamos muito da divulgação do nosso trabalho”, destaca Nico.
Segundo Nico Miranda, a cabaça sempre esteve presente em sua vida. “Desde pequenininho eu levava água na roça de café para meu pai usando uma cabaça, depois tomando leite no curral, via minha mãe lavar o arroz na cuia e cheguei a fazer uma violinha de cabaça quando era criança”, lembra. E o artesanato, também foi descoberto na infância. “Na escola a professora sugeria que pesquisássemos materiais para fazer artesanato”, afirma Nico. Mas, juntar as duas coisas, cabaça e artesanato, foi só depois, quando já era professor. “Um dia, serviram uma cachaça artesanal numa cabacinha pequena e minha mulher virou pra mim e me sugeriu trabalhar com a cabaça para fazer artesanato”, completa.
A partir daí, Nico Miranda agregou a tantas atividades que tinha esta de artesão que acabou se tornando a sua principal ocupação. A sua técnica de acoplagem foi reconhecida pela Unesco em 2012, na terceira edição do Reconhecimento de Excelência para os produtos artesanais do Mercosul. “Isso pra mim foi uma honra e confirma a originalidade do trabalho que faço”, afirma.
Fotos: Marcos Prado
Comunicação Setorial
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED)
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