Produção industrial goiana recua 13,4% em janeiro


Divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) aponta queda de 1,0% para a indústria goiana (transformação e extrativa mineral) comparativo de janeiro/16 com dezembro/15, – série com ajuste sazonal. Nessa mesma base de comparação, a produção nacional apresentou alta de 0,4%. O destaque para a maior variação positiva foi para o Estado de Santa Catarina, com 3,7% e a queda mais acentuada ocorreu para Pernambuco, Amazonas e Espírito Santo, com -2,1%, vide Tabela 1.

Na comparação janeiro 16 / janeiro 15, a indústria goiana apresentou queda de 13,4% em um cenário em que apenas três localidades apresentaram taxas positivas, conforme Tabela 1. Liderado pelo Estado do Pará, o crescimento industrial, com 10,5%, foi impulsionado, em grande parte, pelo comportamento positivo vindo do setor extrativo. A maior queda entre as unidades pesquisadas, nessa mesma comparação, ficou para o Estado do Amazonas, com -30,9%, pressionado, em grande parte, pela menor produção dos setores de bebidas; de outros equipamentos de transportes; de máquinas e equipamentos; de produtos de borracha e de material plástico; e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

Tabela 1 – Indicadores Conjunturais da Indústria

Resultados Regionais – Janeiro de 2016

Locais

Variação (%)

Com Ajuste Sazonal

Sem Ajuste Sazonal

Janeiro16/ Dezembro/15

Janeiro16 / Janeiro15

Acumulado no ano

Acumulado nos últimos 12 meses

Brasil

0,4

-13,8

-13,8

-9,0

Nordeste

1,5

-3,2

-3,2

-2,8

Amazonas

-2,1

-30,9

-30,9

-18,4

Pará

3,3

10,5

10,5

4,0

Ceará

2,4

-9,6

-9,6

-10,1

Pernambuco

-2,1

-29,5

-29,5

-7,6

Bahia

2,6

10,3

10,3

-5,2

Minas Gerais

-1,0

-18,4

-18,4

-9,0

Espírito Santo

-2,1

-26,3

-26,3

0,6

Rio de Janeiro

-1,5

-14,1

-14,1

-7,8

São Paulo

1,1

-16,2

-16,2

-11,7

Paraná

2,2

-13,6

-13,6

-9,8

Santa Catarina

3,7

-11,3

-11,3

-8,4

Rio Grande do Sul

2,5

-5,7

-5,7

-11,3

Mato Grosso

9,2

9,2

4,8

Goiás

-1,0

-13,4

-13,4

-1,8

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.

Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2016.

 

 
           

 

O Gráfico 1 apresenta os resultados da indústria goiana em cada mês do ano, percebe-se um descolamento em relação à média nacional, que vinha ocorrendo até dezembro/15 devido a quedas mais acentuadas, tendo em vista que a indústria goiana tem mostrado desempenho diferenciado ao longo deste ano. Já a partir de janeiro/16, verifica-se a redução desse descolamento, dada uma grande elevação da queda da produção industrial goiana ocorrida nesse mês, representando aumento de 10,6 pontos percentuais (pp), comparado a taxa de dezembro/15. Os setores que mais contribuíram para esta queda foram o de veículos automotores, reboques e carrocerias (-49,3%) e de produtos de metal (-33,7%). Tradicionalmente para o setor automobilístico, o período de começo de ano é menor do que o restante, em razão de feriados como o Carnaval, concessão de férias coletivas e paradas estratégicas de produção.

 

 

 

Em âmbito setorial, comparação de janeiro/16 com janeiro/15, o único setor que apresentou resultado positivo, foi o extrativo, com 6,4%, impulsionado, em grande parte, pela maior extração de minério de cobre, conforme Tabela 2. Nos demais setores, as maiores quedas ocorreram nos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-49,3%), pressionadas pela menor produção de automóveis e veículos para transporte de mercadorias; de produtos de metal (-33,7%), com menor produção de latas de ferro e aço para embalagem de produtos diversos e esquadrias de ferro, aço e alumínio; de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-23,9%), com menor produção de biodiesel; e outros produtos químicos (-16,0%), pressionados pela menor produção de adubos ou fertilizantes. Além disso, o setor de produtos alimentícios apresentou queda de 5,6%, devido a menor produção de carnes de bovinos frescas ou refrigeradas, tortas, bagaços, farelos e outros resíduos da extração do óleo de soja, leite em pó, leite esterilizado e óleo de soja em bruto.

Tabela 2 – Produção Industrial Mensal por atividades (Base: igual mês do ano anterior)

Atividades de Indústria

Variação Percentual (%)

Janeiro16/

Janeiro15

Acumulado

no ano

Acumulado

em 12 meses

Brasil

Goiás

Brasil

Goiás

Brasil

Goiás

Indústria geral

-13,8

-13,4

-13,8

-13,4

-9,0

-1,8

Indústrias extrativas

-16,9

6,4

-16,9

6,4

1,3

-4,8

Indústrias de transformação

-13,3

-15,0

-13,3

-15,0

-10,4

-1,6

Fabricação de produtos alimentícios

-5,8

-5,6

-5,8

-5,6

-2,6

0,4

Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis

0,0

-23,9

0,0

-23,9

-5,5

22,0

Fabricação de outros produtos químicos

-6,4

-16,0

-6,4

-16,0

-4,8

-9,2

Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos

-5,9

-27,9

-5,9

-27,9

-11,8

-16,7

Fabricação de produtos de minerais não metálicos

-14,9

-14,2

-14,9

-14,2

-8,5

-11,8

Metalurgia

-15,3

-4,6

-15,3

-4,6

-9,8

0,5

Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos.

-16,1

-33,7

-16,1

-33,7

-11,9

-22,1

Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias.

-31,3

-49,3

-31,3

-49,3

-26,9

-28,8

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.

Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2016.

 

Em geral, o cenário o que se observa neste início de 2016 para o setor industrial goiano é muito preocupante, pois o mercado doméstico continua retraído. As indústrias de automóvel, de máquinas e equipamentos e a de insumos típicos para construção civil, são os setores mais dependentes da confiança do consumidor e do empresário, que nesse panorama de crise política continuam em níveis muito baixos. Segundo analistas, a indústria automobilística não apresentará recuperação no ano de 2016, devido aos motivos já citados e pela menor necessidade de renovação e ampliação da frota de veículos, uma vez que houve um forte crescimento do setor no ano de 2012, incentivado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Já os segmentos industriais destinados ao mercado externo poderão se beneficiar com o câmbio mais depreciado e pela recuperação de economias com forte poder de compra, caso da americana e europeia.

Os setores de alimentos, bebidas e medicamentos deverão ser afetados em reposta à piora nos indicadores do mercado de trabalho e pela inflação acelerada, provocado pela queda na renda real. Embora sejam indústrias com baixa elasticidade renda em comparação aos demais segmentos industriais.

Para os segmentos do agronegócio as perspectivas são favoráveis. Em Goiás o setor é relevante e a indústria alimentícia poderá segurar a retração dos outros segmentos industriais. Segundo estimativa do IBGE para 2016, é esperada aumento na produção, principalmente de soja, respondendo ao clima mais chuvoso nesse início de ano.

Os desafios da indústria goiana são similares aos da indústria brasileira, resguardando algumas particularidades. Os custos de vários segmentos industriais estarão vinculados aos preços das matérias primas que tem preços dolarizados, além da demanda interna retraída.

Porém, os analistas estimam recuperação gradual da atividade industrial a partir do segundo semestre de 2016, pois ciclicamente apresenta recuperação mais acelerada que os demais setores, pois é a atividade mais afetada em períodos recessivos.

 

 

 

Equipe de Conjuntura do IMB:

Alex Felipe Rodrigues Lima

Dinamar Maria Ferreira Marques

Luiz Batista Alves

Sérgio Borges Fonseca Júnior

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