O ano de 2012 foi atípico para a agricultura brasileira, pois ocorreu ao longo do ano condições adversas na produção, o que fez com que 41 das 64 culturas contempladas na Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) apresentassem queda no volume produzido em relação ao ano de 2011. Todavia, em relação ao mesmo período o valor da produção agrícola brasileira cresceu 4,3%. 

No ano de 2012 na agricultura nacional a soja continuou sendo a cultura de maior valor de produção seguida pela cana-de-açúcar e pelo milho, o volume produzido de milho em 2012 foi maior do que a quantidade de soja, o que não ocorria desde 2002. Outra inflexão ocorreu na distribuição das safras nacionais de milho, pois pela primeira vez a produção na segunda safra foi maior do que na primeira. A redução da área plantada de soja (-12% em relação a 2011) no Brasil é explicada pelas intempéries ocorridas na Região Sul e Nordeste. Ademais, um dos fatores de estímulo à produção de milho em 2012 foi a quebra de safra nos Estados Unidos que provocou aumento dos preços e, por conseguinte, aumento da área plantada pelos produtores brasileiros (de 10,7% em relação a 2011), o que resultou no  incremento de produção de 27,7%.

Em Goiás houve estreitamento entre os volumes de produção de soja e milho, mas o volume de soja continuou sendo maior do que de milho. Em 2011, a diferença entre o volume produzido de milho e soja foi de quase 2 milhões de tonelada, enquanto que em 2012 essa diferença foi pouco maior do que 150 mil toneladas. É importante destacar que com os bons preços do milho, o incremento da produção deste produto foi cerca de 40% em relação ao ano de 2011, ultrapassando muito o incremento da soja no mesmo período que foi de 9%. Com esses resultados, Goiás passou de 4° para 3° no ranking nacional de produção de soja e de 5° para 3° no ranking de milho, ambos em relação a 2011, conforme mostrado na Tabela 1.

O resultado dos incentivos na produção de milho foi o aumento da área plantada superior à de 2011 em 260 mil hectares. Produtos como soja e cana-de-açúcar também aumentaram sua área em relação a 2011 no montante de 104 e 35 mil hectares, respectivamente. Não obstante, esse aumento ocorre a expensas de áreas de outras culturas. Os produtos que mais perderam área em 2012 foram algodão (-14,1 mil hectares), arroz (-13,6 mil hectares) e sorgo (-25,6 mil hectares). A justificativa da expressiva redução da área do sorgo é sua característica de ser plantado, em Goiás, na safrinha (segunda safra), e concorrer com o milho, que é plantado tanto na safrinha como na safra de verão.

Em relação à de cana-de-açúcar destaca-se que a estiagem reduziu a produção desta cultura após 12 anos de alta. No estado de Goiás houve incremento no volume de produção e no valor da cana-de-açúcar de 6% e 7%, respectivamente. Mesmo com o expressivo aumento do valor de produção do milho, muito superior ao da cana-de-açúcar, esta continua sendo a segunda cultura que apresenta maior valor de produção em Goiás, atrás apenas da soja, cujo valor de produção é aproximadamente o dobro do valor da cana-de-açúcar e do milho.

Em relação aos alimentos, com exceção do arroz, não houve significativa redução de área em 2012. Por exemplo, a área de feijão aumentou em 6 mil hectares e a batata-inglesa em 768 hectares, o que contribuiu para o expressivo aumento no valor de produção dessas culturas em aproximadamente 200% e 100%, respectivamente. Apesar da redução da área do tomate (4 mil hectares), o incremento no rendimento médio e os bons preços resultaram no aumento do valor de produção em 27,3%.

Tabela 1: Estado de Goiás: área plantada, área colhida, produção, rendimento médio e valor da produção dos principais produtos agrícolas – 2012.

Fonte: IBGE
Elaboração: Instituto Mauro Borges / SEGPLAN-GO / Gerência de Sistematização e Disseminação de Informações Socioeconômicas – 2013.
(1) Exclui-se a produção de abacaxi e coco, pois as unidades de medida diferem para estes produtos.
 
 

O Gráfico 1 mostra as três culturas com maior participação relativa na agricultura (considera-se como agricultura neste relatório a soma das culturas de lavouras temporárias e permanentes)  do estado de Goiás, em termos de valor. Soja, milho e cana-de-açúcar tiveram participação relativa conjunta de 75,61% em 2011 e 77,82% em 2012, ou seja, um aumento de 2,21p.p.

Isso revela que, conjuntamente as três culturas aumentaram sua participação relativa no valor total da agricultura goiana, com destaque para o milho que elevou sua participação relativa em 3,39 p.p.

Por fim, destaca-se que alguns municípios goianos figuraram entre os principais produtores agrícolas do país em 2012, como é o caso de Cristalina (8° em milho), Rio Verde (4° em milho e 6° em soja), Jataí (2° em milho e 10° em soja) e Quirinópolis (8° em cana-de-açúcar). Considerando apenas os três primeiros municípios, o valor de produção da lavoura temporária em 2012 foi de R$ 3,8 bilhões, o que representa uma participação relativa de 24,8% no valor total obtido pelas lavouras temporárias do estado de Goiás – ademais, estes mesmos três municípios juntos, possuem participação relativa de 24,3% no valor da agricultura goiana.

Tabelas:

Área plantada, área colhida, produção, rendimento médio e valor da produção dos principais produtos agrícolas – 2012.

Área plantada, área colhida, produção, rendimento médio e valor da produção de cana-de-açúcar – 2012.

Área plantada, área colhida, produção, rendimento médio e valor da produção de feijão – 2012.

Área plantada, área colhida, produção, rendimento médio e valor da produção de milho – 2012.

Área plantada, área colhida, produção, rendimento médio e valor da produção de soja – 2012.

Área plantada, área colhida, produção, rendimento médio e valor da produção de sorgo – 2012.

Área plantada, área colhida, produção, rendimento médio e valor da produção de tomate – 2012.

Equipe de Conjuntura do IMB:

Eduiges Romanatto
Rodrigo da Silva Souza
Sérgio Borges Fonseca Júnior