A Pesquisa Anual de Serviços (PAS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxe informações sobre a estrutura de setor de serviços não financeiros, com cobertura em todas as unidades da federação. As informações são tabuladas e analisadas para o conjunto das empresas pesquisadas e para o estrato certo da pesquisa, composto por empresas com 20 ou mais pessoas ocupadas.

O setor de serviços tem grande relevância no Brasil, contribuindo fortemente para a composição do Produto Interno Bruto – PIB, uma vez que é o setor que atualmente mais gera empregos. Este é também um setor bastante diversificado, com perfis distintos de ocupação de mão de obra.

A PAS fornece, ainda, informações para estudos setoriais, cujo recorte, em Goiás, abrange as seguintes variáveis: número de empresas, pessoal ocupado, receita bruta de serviços e salários e retiradas – todas compreendendo atividades de serviços prestados às famílias, serviços de informações e comunicação, serviços prestados às empresas, transporte, serviços auxiliares aos transportes e correio, atividades imobiliárias, serviços de manutenção e reparação e outras atividades de serviços.

Segundo a pesquisa, no ano de 2010 foram investigadas, em Goiás, 23.411 empresas, as quais geraram R$ 17,0 bilhões de receita bruta no setor de serviços, com a ocupação de 247.012 pessoas e o dispêndio de R$ 2,8 bilhões de salários, retiradas e outras remunerações. 

1. Número de  Empresas

De maneira geral, a localização das empresas prestadoras de serviços não financeiros está relacionada à distribuição espacial das densidades populacionais e empresariais. Como Goiás possui uma densidade demográfica de 17,65 hab/km², acima da densidade registrada para a região Centro Oeste, que é de 8,75 hab/km², o estado tende a ter uma forte concentração de empresas prestadoras de serviços. No ano de 2010, Goiás sediou 23.411 empresas com atividades de serviços, contra 17.645 em 2007, registrando 32,7% de crescimento no período.
Com referência ao número de empresas atuantes no setor de serviços no estado, a maior parte delas, em 2010, prestava serviços às empresas (7.449 ou 31,8% do total). Conforme pode ser visto no Gráfico 1, os serviços prestados às  famílias  representaram  7.001 ou 29,9% do total  das empresas, sendo também significativa a representação do número de empresas atuantes na atividade de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (3.503 ou 15,0% do total).

2. Receita bruta de serviços

A partir da leitura do Gráfico 2 é possível perceber que, em Goiás, a maior parte da receita bruta dos serviços (2010) adveio dos transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (31,5%) e serviços de informação e comunicação (27,6%), que, juntos, representaram 59,0% do total. Já os serviços de manutenção e reparação e no seguimento imobiliário representaram as menores receitas de serviços, no mesmo ano de comparação, com 1,5% e 2,3%, respectivamente.

3. Pessoal ocupado

 No que diz respeito ao número de pessoas ocupadas, a Pesquisa Anual de Serviços (2010) revelou, para o estado de Goiás, que 247.012 pessoas estavam ocupadas na atividade de serviços não financeiros, sendo que, em 2007, o número de pessoas ocupadas foi de 178.369, com  crescimento, portanto, de 38,5% no período. Entre as atividades que empregaram 20 pessoas ou mais, as mais relevantes foram as de serviços prestados às empresas, com 35,4% das pessoas ocupadas, embora o maior percentual tenha sido registrado em 2008, com 40,3% do pessoal ocupado total, conforme Gráfico 3. Na outra ponta, as atividades imobiliárias tiveram a menor participação, com 1,6% do total das ocupações no ano de 2010.

4. Salários e retiradas e outras remunerações

Quanto aos salários e outras remunerações, em 2010 os maiores percentuais igualmente foram para os serviços prestados às empresas (31,4% do total), mas também para as atividades de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (27,7% do total de salários pagos). As atividades imobiliárias e os serviços de manutenção e reparação exibiram os menores salários, com 1,7% do total de salários pagos pela prestação de serviços em Goiás.

5. Serviços prestados às famílias

No recorte por atividade, os serviços prestados às famílias englobam alojamento, alimentação, atividades culturais, recreativas e esportivas, serviços pessoais e atividades de ensino continuado. Em Goiás, verificou-se que o resultado dos serviços prestados, principalmente às famílias, deu um salto quanto ao número de empresas, variando 53,2% entre 2009 e 2010. Para esse crescimento, contribuíram as atividades culturais, recreativas e esportivas e de ensino continuado.

 De modo geral, as mudanças positivas nos serviços prestados às famílias foram impulsionadas por variações na renda das famílias, assim como pelas mudanças nas condições de emprego, renda e crédito verificadas no período. Esses serviços obtiveram, em geral, taxas de variação crescentes a cada ano, não espelhando os efeitos da crise financeira. Vale dizer que o dinamismo das atividades de serviços prestados às famílias depende do nível de urbanização, do crescimento da população e das mudanças na renda e hábitos de consumo, pois são atividades destinadas ao consumidor final.

Os serviços de alojamento e alimentação tiveram, no ano de 2010, a maior representatividade no conjunto de serviços que atendem as famílias. Os serviços de alimentação, os quais incluem restaurantes, bares, lanchonetes, ambulantes e fornecedores de comidas prontas, destacaram-se como a principal atividade em termos de salários, representando 79,1% do conjunto dos serviços prestados às famílias. Em relação à receita bruta, houve uma variação de 85,2%, o número de empresas variou 58,8% e o pessoal ocupado, 70,8% (Gráfico 5).
 

6. Serviços prestados às empresas

Em se tratando dos salários e outras remunerações na atividade de serviços, como pôde ser visto, os maiores percentuais foram para os serviços prestados às empresas (31,4% do total), cuja receita bruta cresceu 79,6% (2010), ante 55,3% em 2009. O quantitativo de pessoal ocupado na atividade também expandiu 28,2%, conforme visualizado no gráfico 6.

Conclusão

Destaca-se que, apesar da desaceleração ocorrida em 2008-2009, o crescimento dos serviços não financeiros foi superior ao crescimento total da economia em todos os anos analisados. Por seu peso no PIB, pode-se dizer que esse setor adquiriu importância estratégica para o Brasil, e particularmente para Goiás, no sentido de frear os impactos da crise financeira internacional sobre as atividades produtivas. Embora o setor tenha sido afetado nos momentos iniciais, na sequência ele conseguiu recuperar e, inclusive, ajudar a reverter os impactos da crise financeira sobre as demais atividades econômicas.

Anexos

Equipe de Conjuntura do IMB:

Dinamar Maria Ferreira Marques

Eduiges Romanatto

Juliana Dias Lopes

Luciano Ferreira da Silva

Marcos Fernando Arriel

Millades de Carvalho Castro