O segmento de fabricação de veículos automotores puxa a desaceleração da indústria goiana
De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial goiana (de transformação e extrativa mineral) apresentou queda de 2,2% no mês de julho/14, na comparação com o mês anterior – série com ajuste sazonal. A produção nacional registrou alta de 0,7%, no mesmo período. No tocante as unidades pesquisadas, a indústria cresceu em dez localidades, destaque para o estado do Amazonas, com 16,1% e Paraná com 7,3%. Apenas três unidades apresentaram queda: Goiás (-2,2%), São Paulo (-1,2%) e Pará (-0,8%), conforme Tabela 1.
Na comparação junho 14 / junho 13, a produção industrial de Goiás apresentou queda de 3,3%. O Estado do Rio Grande do Sul registrou a maior queda entre as unidades pesquisadas, -10,6%, influenciado, em grande parte, pela queda na produção dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (automóveis, reboques e semirreboques, carrocerias para ônibus e eixos e semieixos para transmissão em veículos automotores). Os maiores crescimentos ocorreram no Espírito Santo (10,3%), impulsionado, em grande parte, pelo comportamento positivo vindo dos setores extrativo (minérios de ferro pelotizados e óleos brutos de petróleo) e de metalurgia (bobinas a quente de aços ao carbono); Mato Grosso (4,9%), impulsionado pelos produtos alimentícios (tortas, bagaços, farelos e outros resíduos da extração do óleo de soja e óleo de soja em bruto) e outros produtos químicos (adubos ou fertilizantes). Ainda nessa base de comparação, a indústria brasileira apresentou redução na produção, variação de -3,5%, vide Tabela 1.
Tabela 1 – Indicadores Conjunturais da Indústria Resultados Regionais – Julho de 2014 |
||||
Locais |
Variação (%) |
|||
Julho/Junho* |
Julho14 / Julho13 |
Acumulado no ano |
Acumulado nos últimos 12 meses |
|
Brasil |
0,7 |
-3,5 |
-2,8 |
-1,2 |
Nordeste |
5,6 |
-3,1 |
-0,5 |
-0,1 |
Amazonas |
16,1 |
-1,5 |
3,3 |
5,4 |
Pará |
-0,8 |
-1,7 |
10,9 |
7,9 |
Ceará |
7,1 |
-1,5 |
-1,5 |
3,4 |
Pernambuco |
3,2 |
-4,3 |
2,6 |
1,3 |
Bahia |
4,7 |
-7,5 |
-5,0 |
-2,0 |
Minas Gerais |
0,5 |
-3,6 |
-1,3 |
-1,7 |
Espírito Santo |
3,6 |
10,3 |
-0,2 |
-1,4 |
Rio de Janeiro |
1,2 |
-1,4 |
-3,4 |
-2,7 |
São Paulo |
-1,2 |
-5,8 |
-5,2 |
-2,7 |
Paraná |
7,3 |
-6,4 |
-4,8 |
-1,0 |
Santa Catarina |
4,0 |
-2,7 |
-1,8 |
-0,1 |
Rio Grande do Sul |
1,5 |
-10,6 |
-4,9 |
0,3 |
Mato Grosso |
– |
4,9 |
1,1 |
4,2 |
Goiás |
-2,2 |
-3,3 |
-0,4 |
3,0 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria. *Ajustado sazonalmente. |
O Gráfico 1 mostra o comportamento da média móvel e do índice de base fixa, ambas as comparações com ajuste sazonal. Nesse gráfico é possível verificar as oscilações na produção industrial, sendo que a partir de fevereiro de 2014 o índice de base fixa segue em ascensão. No índice de média móvel trimestral, nota-se a tendência de crescimento iniciada em março de 2014.
No âmbito setorial da indústria de transformação goiana, comparativo de julho de 2014 / julho 2013, os setores que apresentaram crescimento foram o de fabricação de outros produtos químicos (6,4%), metalurgia (4,1%) e fabricação de produtos alimentícios (0,8%), os demais setores apresentaram resultado negativo. Entre os resultados negativos houve forte queda na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-18,7%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,8%).
Com relação ao acumulado do ano, o setor industrial goiano registrou baixa de 0,4%. Contribuíram para este resultado as quedas verificadas na indústria de transformação nos segmentos de fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-9,5%) e fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-7,3%). As indústrias extrativas contribuíram com expansão de 2,7%, conforme Gráfico 2.
A produção industrial goiana apesar de ter apresentado queda no crescimento em julho de 2014, verificou-se na pesquisa que dentre os oitos segmentos, três apresentaram índices de variação positiva. Este menor dinamismo foi influenciado pela redução na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias e fabricação de produtos químicos e farmacêuticos, demonstrando a redução na produção de bens de capital, devido a queda no nível de investimentos.
O baixo crescimento da produção industrial, na comparação julho/2014 em relação a julho/2013, foi generalizado, exceto nos estados do Espírito Santo, dado o avanço dos setores extrativo e Mato Grosso, impulsionado pela indústria de produtos alimentícios e outros produtos químicos.
Dessa forma, a continuidade de perda de dinamismo da indústria, segundo os analistas, poderá gerar desemprego. O crescimento do setor depende da retomada dos investimentos, o que tudo indica que não está ocorrendo. A retomada na produção industrial não depende somente de fatores conjunturais, mas também uma política de desenvolvimento para o setor, com foco no investimento, na inovação, na produtividade e na competitividade com vistas a melhor inserir as exportações industriais no mercado internacional.
Equipe de Conjuntura do IMB:
Dinamar Maria Ferreira Marques
Luiz Batista Alves
Millades de Carvalho Castro