Goiás tem se mostrado um estado dinâmico, com crescimento expressivo na geração de renda. Esse dinamismo deve ser creditado, principalmente, às políticas de incentivos fiscais do PRODUZIR, que permitiram o avanço da agropecuária e agroindústria, além da contribuição para o surgimento das novas atividades industriais, que propiciaram a expansão do setor de serviços, sobretudo a logística, de forma que a economia goiana venha se tornando uma das referências entre as demais economias estaduais no Brasil. A perspectiva de um futuro, com desempenho da economia goiana semelhante ao experimentado nos últimos anos, pode estar sendo ameaçada pelas tentativas do fim dos incentivos fiscais estaduais e unificação do ICMS nas operações interestaduais.

Num ambiente de incertezas em relação ao fim dos incentivos fiscais e a unificação do ICMS interestadual, que pode deixar Goiás sem instrumento para a promoção de política de desenvolvimento regional, a pesquisa de intenção de investimentos produtivos nos setores industrial e de serviços, que a Secretaria de Gestão e Planejamento – Segplan-GO, através do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos – IMB realiza semestralmente, aponta para uma estimativa de R$ 30,2 bilhões, através de 953 projetos de implantação e expansão, no período de 2013 a 2016. Estes investimentos estão apresentados por atividade econômica e espacializados por Região de Planejamento.

Do total de investimentos previstos para Goiás, constatou-se que R$ 8,08 bilhões (26,7%) correspondem à atividade de Mineração e Beneficiamento, R$ 6,34 bilhões (21%) ao segmento Sucroenergético, R$ 6,17 bilhões (20,4%) à atividade de Transporte e Logística e R$ 2,63 bilhões (8,7%) referentes à indústria Metal-Mecânica. Estas quatro atividades somadas totalizam 76,8% das intenções de investimento.

A atividade Mineral e Beneficiamento aparece na liderança dos investimentos previstos. Deve responder com 26,7% dos investimentos em Goiás: são 22 projetos e o montante de R$ 8,08 bilhões. Um dos projetos, em fase de estudos, está prevista a implantação de uma indústria para exploração de jazida de terras raras – conjunto de elementos químicos utilizados em diversas indústrias – no município de Minaçu, Região Norte do Estado. O investimento previsto é de até R$ 1,2 bilhão, aponta o protocolo de intenção assinado entre Goiás e a Mineração Serra Verde, empresa do Grupo Mining Ventures Brasil (MVB). Outro importante projeto trata-se da mineradora Anglo American, em Catalão, que anunciou investimentos de US$ 1,35 bilhão para aumentar a produção de nióbio e fosfato. Será US$ 1 bilhão para dobrar a produção de fosfato, a partir do segundo semestre de 2014, e US$ 350 milhões para aumentar a produção de nióbio, cuja aplicação será imediata.

O segundo setor com maior participação no total de investimentos previstos é o Sucroenergético que apresentou nesta pesquisa 17 projetos, entre implantação e ampliação. Um dos principais projetos desse setor é a BP Biocombustíveis, multinacional inglesa, que investirá R$ 716 milhões na ampliação da Usina Tropical, localizada no município de Edéia, uma das três unidades de processamento de cana-de-açúcar da companhia no Brasil. Se comparado às pesquisas anteriores, este setor, há muito, já não mostra a euforia e explosão verificadas a partir de 2007. Em meados de 2009 a Pesquisa apontou que pelo menos 88 novas usinas seriam implantadas em Goiás, com investimento na casa dos R$ 19 bilhões, representando 62% de toda a intenção de investimento produtivo para o Estado. De lá para cá, com a crise ocorrida no setor, esses números reduziram drasticamente. A manutenção do preço da gasolina, combustível que concorre diretamente com o etanol e a falta de uma política adequada para o setor, inviabilizaram o sonho de o etanol avançar cada vez mais na matriz energética do país, desestimularam o setor e fizeram com que vários projetos de implantação de novas unidades industriais fossem adiados ou simplesmente cancelados.

No setor de transporte e logística, são esperados 37 projetos envolvendo investimentos de R$ 6,17 bilhões (20,4%). Um dos projetos refere-se ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), com investimento previsto de R$ 1,3 bilhão, que será construído através de parceria público privada. Ele vai substituir o corredor de ônibus no Eixo Anhanguera, entre os terminais Padre Pelágio e Jardim Novo Mundo, em Goiânia, totalizando 13,6 quilômetros.

Com 8,7% do total de investimentos a serem aplicados em Goiás está a indústria Metal-Mecânica, representando um montante de R$2,65 bilhões. As montadoras Mitsubishi, Caoa-Hyundai e Suzuki terão investimentos da ordem de R$ 1,8 bilhão para a montagem de cinco novos veículos até 2015 em Goiás.

Do montante de R$ 30,2 bilhões previstos em investimentos no Estado, 17,3% estão localizados na Região Metropolitana de Goiânia, influenciado pelo projeto do VLT e expansão ou implantação de centros de compras e serviços, como o Shopping Passeio das Águas que se encontra em construção. As regiões Sudeste Goiano (14,1%), Oeste Goiano (11,7%), Centro Goiano (10,8%) e Sul Goiano (10,7%) concentram volumes expressivos de investimentos previstos. As demais regiões totalizam 20,8% do montante previsto. Vale ressaltar ainda que 14,6% referem-se a projetos que permeiam vários municípios goianos ou ainda não possui lugar definido para sua implantação.

Metodologia da Pesquisa

A metodologia utilizada pelo Instituto Mauro Borges da Segplan para levantar as intenções de investimentos no Estado de Goiás consiste em coletar diariamente as informações primárias dos prováveis investimentos a serem implantados nos setores industriais e de serviços, divulgadas pelos principais meios de comunicação. O levantamento desses dados também é obtido junto à Secretaria de Indústria e Comércio, através dos projetos econômico-financeiros entregues à Secretaria para o requerimento de incentivos do programa PRODUZIR; ao Fundo Constitucional do Centro-Oeste, através da aprovação das Cartas consultas e à Goiás Fomento.

Após a verificação dos dados coletados e a confirmação das empresas a serem implantadas e expandidas no Estado, verifica-se a existência de dupla contagem dos dados. Depois de consistidos, os dados são apresentados sob a forma de tabelas e gráficos contendo o volume e a participação dos investimentos por atividade, por Região de Planejamento e quantitativo de projetos e empregos a serem gerados. Os valores dos investimentos previstos são expressos em reais.

Agosto de 2013

Equipe Técnica:

Marcos Fernando Arriel
Juliana Dias Lopes