Indústria química cai e influencia o resultado da produção industrial goiana, com queda de 4,91%.


Na passagem de fevereiro para março, o indicador de atividade industrial do País ajustado sazonalmente apontou crescimento de 0,71%, terceiro acréscimo consecutivo nesse tipo de comparação. Em relação a março de 2008, o recuo foi de 9,96%. O indicador acumulado nos últimos doze meses, ao registrar queda de 1,92%, mantém a trajetória declinante observada desde setembro de 2008.

 

 

 

No corte por categorias de uso, série com ajuste sazonal, os bens de consumo ostentaram as taxas mais elevadas: Consumo duráveis (1,70%) e consumo semi e não duráveis (0,74%). O setor de bens intermediários (0,32%) manteve-se em patamar próximo ao do mês anterior, enquanto a produção de bens de capital (-6,32%) foi a única que registrou queda nessa comparação pelo segundo mês consecutivo, acumulando perda de 12,98% nesse período. Na comparação março/09 com março/08, a maior queda foi verificada em bens de capital (-22,97%), atingindo -20,77% no primeiro trimestre de 2009, nesse tipo de comparação.

Ao analisar os dados da produção industrial do país, um fato que chama a atenção é o segmento de bens de capital, que espelha a intenção de investimento da economia, que, neste primeiro trimestre, totalizou uma queda de 12,98%, com ajuste sazonal. Ainda nessa comparação, a produção desse setor em março em relação a fevereiro, apresentou recuo de 6,32%, em fevereiro com janeiro o declínio foi de a 7,10%. Isso significa que esse setor desde o início da crise já perdeu, em seis meses, 32,90% de sua produção. As variações do investimento têm o poder de determinar à frente os aumentos de renda e emprego, razão pela qual os negativos indicadores em bens de capital devem ser tomados com extrema preocupação.

A economia brasileira tem acumulado de um lado vários fatores positivos nos últimos meses, nas áreas de emprego, comércio, balança comercial e inflação, na área do investimento não vai muito bem. Os incentivos dados pelo governo foram para bens de consumo duráveis, deixando o setor de investimento, o mais importante para a dinâmica da economia, sem incentivos.

 

 

Tabela 1

Indicadores da Produção Industrial por Categorias de Uso – Brasil – março/2009

 (%)

Categorias de Uso

Mês/mês*

Mensal

Acumulado no ano

Acumulado 12 meses

Bens de Capital

-6,32

-22,97

-20,77

4,85

Bens Intermediários

0,32

-13,27

-18,14

-4,30

Bens de Consumo

1,31

-1,48

-7,95

-0,90

Duráveis

1,70

-13,44

-22,48

-4,92

Semiduráveis e não duráveis

0,74

2,92

-2,96

0,38

Indústria Geral

0,71

-9,96

-14,68

-1,92

 

 

 

 

 

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria

·          Série com ajuste sazonal

 

 

Em março de 2009 os índices regionais da produção industrial ajustados sazonalmente mostraram crescimento frente a fevereiro, em oito dos quatorze locais pesquisados, com destaque para Rio de Janeiro (5,43%), com a expansão mais acentuada, seguido por Pernambuco (5,13%) e Minas Gerais (3,39%). Ceará com 1,53%, Pará com 1,49% e São Paulo com 0,98% completam o conjunto de locais com taxas acima da média nacional (0,71%). Santa Catarina (0,30%), Nordeste (0,13%), Bahia (0,01%), Amazonas (-0,03%), praticamente repetiram o patamar do mês anterior. Por outro lado, Espírito Santo (-4,19%), Paraná (-2,28%), Goiás (-1,13%) e Rio Grande do Sul (-0,90%) apresentaram recuo neste indicador. Ainda na série ajustada, a aceleração contínua no ritmo produtivo do setor industrial nos três primeiros meses de 2009 apontou ganho de 4,82% ente março e dezembro para o total do Brasil. Em termos regionais, dez dos quatorze locais pesquisados acompanharam esse movimento.

 

No fechamento do primeiro trimestre de 2009, frente a igual período do ano anterior, todos os locais mostraram recuo. Com perdas acima dos 14,68% registrados no total do país situaram-se: Espírito Santo (-31,60%), Minas Gerais (-24,38%), Amazonas (-19,40%), Rio Grande do Sul (-16,88%) e São Paulo (-15,14%). A forte presença de segmentos articulados à produção de bens de consumo duráveis (automóveis, telefones celulares, motocicletas e eletrodomésticos), bens de capital e de setores exportadores, especialmente de minérios de ferro e produtos siderúrgicos, explica o desempenho menos favorável destes locais.

No confronto com março de 2008 também se observou perfil generalizado de queda, uma vez que treze entre as quatorze regiões registraram recuo, para a grande maioria dos locais, com taxas menos negativas das observadas em meses recentes. Vale destacar que março de 2009 possui dois dias úteis a mais que março de 2008. Paraná, com expansão de 4,06%, obteve a única taxa positiva, impulsionada pelo desempenho do setor de edição e impressão.

 

 

Tabela 2

Indicadores Conjunturais da Indústria

Resultados Regionais

Março/2009  

(%)

Brasil, Região Geográfica e Unidade da Federação

Mês/mês*

Mesmo mês ano anterior

Acumulado jan a março

Doze meses

Brasil

0,71

-9,96

-14,68

-1,92

Nordeste

0,13

-4,90

-9,35

-2,42

Amazonas

-0,03

-14,71

-19,40

-3,63

Pará

1,49

-2,29

-6,59

2,02

Ceará

1,53

-7,00

-7,45

-0,37

Pernambuco

5,13

-8,21

-11,05

-2,17

Bahia

0,01

-2,40

-10,04

-1,08

Minas Gerais

3,39

-18,04

-24,38

-6,03

Espírito Santo

-4,19

-31,99

-31,60

-5,94

Rio de Janeiro

5,43

-7,87

-11,35

-2,32

São Paulo

0,98

-10,53

-15,14

-0,48

Paraná

-2,28

4,06

-0,89

5,86

Santa Catarina

0,30

-10,54

-14,19

-4,57

Rio Grande do Sul

-0,90

-10,06

-16,88

-3,26

Goiás

-1,13

-4,91

-7,51

4,28

Fonte: IBGE.

* com ajuste sazonal

 

A evolução do índice do primeiro trimestre de 2009 frente ao trimestre imediatamente anterior – série com ajuste sazonal – apontou recuo em todos os locais investigados, com exceção do Paraná (1,48%), pelo segundo trimestre consecutivo, acompanhando o movimento observado em nível nacional, onde a taxa passou de -9,53% no último trimestre de 2008 para -7,93% no primeiro de 2009. Entre esses dois períodos, reduziram o ritmo de queda: Espírito Santo de -21,07% para -13,37%, Paraná de -4,42% para 1,48%, Minas Gerais de -16,53% para -10,91% e Bahia de -8,50% para -3,48%, enquanto as perdas ampliaram-se nos seguintes locais: Rio de Janeiro de -4,39% para -7,31%, Amazonas de -7,27% para -9,70% e São Paulo de -8,05% para -8,93%.

 Para os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, as taxas negativas desaceleram entre o último trimestre de 2008 e o primeiro deste ano. Nessas localidades é destacado o peso da produção de commodities minerais e de derivados do petróleo. Tais segmentos estão sendo, em boa medida, beneficiados pela volta às compras por parte da China e pelo desempenho da estatal Petrobrás.

 

 

Tabela 3

Variação da Produção Industrial

Com relação ao trimestre anterior

(com ajuste sazonal)

 

(%)

Locais

2008

2009

1º tri

2º tri

3º tri

4º tri

1º tri

Brasil

0,48

0,78

2,43

-9,53

-7,93

Nordeste

1,78

-2,60

0,61

-5,14

-2,11

Amazonas

4,74

-6,99

3,71

-7,27

-9,70

Pará

3,86

-2,77

4,24

-3,78

-3,52

Ceará

1,88

-1,73

2,08

-3,39

-2,97

Pernambuco

8,16

-6,62

1,10

-4,09

-1,60

Bahia

1,01

-0,42

2,56

-8,50

-3,48

Minas Gerais

0,56

1,53

2,02

-16,53

-10,91

Espírito Santo

2,52

2,53

-1,26

-21,07

-13,37

Rio de Janeiro

0,20

-1,52

2,00

-4,39

-7,31

São Paulo

1,92

1,75

0,60

-8,05

-8,93

Paraná

4,55

1,60

0,09

-4,42

1,48

Santa Catarina

1,20

-1,36

0,88

-8,17

-5,49

Rio Grande do Sul

3,21

-2,48

2,88

-10,48

-6,70

Goiás

4,33

0,47

0,40

-4,16

-3,28

Fonte: IBGE.

 

 

Em março, a produção industrial Goiana recuou 1,13% em relação a fevereiro, já descontados os efeitos sazonais, completando três taxas negativas, acumulando perda de 3,09%. O índice de média móvel trimestral mantém sequência de oito resultados negativos, ao registrar decréscimo de 1,04% entre fevereiro e março. Na comparação com março de 2008, o setor industrial registrou queda de 4,91%. O indicador acumulado nos últimos doze meses manteve a trajetória descendente iniciada em agosto do ano passado, atingindo 4,28% em março. No fechamento do primeiro trimestre de 2009, os resultados foram negativos tanto na comparação com o mesmo período do ano anterior (-7,51%), quanto em relação ao último trimestre de 2008 (-3,28%) – série com ajuste sazonal.

 

 

No confronto março 09/março 08, a redução de 4,91% atingiu quatro das cinco atividades pesquisadas, destacando-se as pressões exercidas por produtos químicos (-33,17%) e alimentos e bebidas (-2,01%), onde sobressaíram os recuos em medicamentos; leite em pó e carnes frescas de bovinos, respectivamente. Em sentido contrário, o único impacto positivo veio da indústria extrativa (4,44%), principalmente devido à produção de amianto.

Em bases trimestrais, a indústria goiana vem reduzindo o ritmo de expansão desde o segundo trimestre de 2008 (13,90%), ficando o período janeiro-março de 2009 com queda de 7,51%, resultado bem abaixo do observado no último trimestre do ano passado (1,59%), todas as comparações contra igual período do ano anterior. Esta perda de dinamismo entre os dois últimos períodos foi observada nos cinco setores, sobretudo em alimentos e bebidas, que passou de 5,25% no quarto trimestre de 2008 para -2,63% no primeiro trimestre de 2009; e em produtos químicos de -14,80% para -35,38%.

No indicador acumulado no primeiro trimestre do ano, a produção caiu 7,51%, devido ao desempenho negativo de quatro segmentos. As principais contribuições vieram de produtos químicos (-35,38%) e de alimentos e bebidas (-2,63%), influenciados em grande parte pela redução na fabricação de adubos, fertilizantes e medicamentos, no primeiro setor; e de leite em pó e maionese, no segundo. Por outro lado, sobressaiu a pressão positiva da indústria extrativa (3,39%), com a maior produção de amianto.

O resultado da produção industrial de Goiás tem acumulado perdas desde setembro do ano passado, quando a crise financeira mundial ficou mais intensa. As maiores quedas foram verificadas na indústria química, especificamente na produção de medicamentos, que sofre com os impactos da desvalorização do real. Este segmento tem sido bastante afetado no custo de sua matéria-prima, que em grande parte é importada. Também a produção de commodities minerais, de carne bovina recuou com a desaceleração da demanda mundial por esses produtos no período. Por outro lado, a economia goiana tem tido uma resposta bastante positiva em outros indicadores nos últimos meses, nas áreas de comércio, balança comercial, inflação e geração de emprego. Neste último, o Estado foi recordista no último trimestre de 2009 em nível nacional.

 

 

Tabela 4

Estado de Goiás: Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – março/2009

(Base: Igual período do ano anterior =100)

(%)

Segmentos

Mensal

Acumulado jan a março

Últimos 12 meses

Indústria geral

-4,91

-7,51

4,28

Indústria extrativa

4,44

3,39

9,25

Indústria de transformação

-5,84

-8,56

3,84

  Alimentos e bebidas

-2,01

-2,63

6,85

Produtos químicos

-33,17

-35,38

-5,70

Minerais não metálicos

-3,25

-1,84

6,25

Metalurgia básica

-1,21

-16,54

-9,04

 

 

 

 

Fonte: IBGE

 

 

 

.

 

Equipe de Conjuntura da Seplan:

Dinamar Ferreira Marques

Marcos Fernando Arriel

Maria de Fátima Mendonça Faleiro Rocha

 

 

Governo na palma da mão

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