Indústria goiana recua 3,3% em setembro
Segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM/IBGE), a indústria goiana (transformação e extrativa mineral) continua apresentando queda. O recuo foi de -3,3%, na comparação de setembro/16 com agosto/16 (série com ajuste sazonal), o maior entre as unidades pesquisadas. Na mesma base de comparação, a produção nacional apresentou alta de 0,5%. No ranking nacional, o destaque positivo foi para o estado do Espírito Santo, com variação de 9,0% (Tabela 1).
Na comparação sem ajuste, set16/set15, a queda da indústria goiana foi mais acentuada -11,5%, em um cenário desfavorável, em que apenas duas unidades da Federação apresentaram taxas positivas (Tabela 1). Nesse confronto, o estado do Pará apresentou a maior taxa positiva, 3,5%, impulsionado pelo setor extrativo (extração de minérios de ferro), de metalurgia e de produtos alimentícios. O pior resultado ocorreu no Espírito Santo (-19,7%), em que se verifica o encolhimento da indústria extrativa mineral (minério de ferro pelotizado), reflexo do rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração na região de Mariana (MG). Ainda para o Espírito Santo, foram observadas contribuições negativas nos setores de produtos minerais não metálicos, alimentícios e celulose, papel e produtos de papel. Com exceção do Pará e Santa Catarina, os demais estados pesquisados apresentaram resultados negativos.
Os índices do setor industrial também foram negativos tanto para o fechamento do terceiro trimestre de 2016 (-8,4%), como para o acumulado dos nove meses do ano (-7,5%), ambas as comparações contra iguais períodos do ano anterior. O indicador acumulado nos últimos doze meses recuou 6,8% em set/16, com isso ampliou o ritmo de queda frente ao registrado em junho (-3,4%), julho (-4,7%) e agosto (-5,7%).
De modo geral, observa-se que entre as 14 localidades pesquisadas, a produção industrial apresentou redução significativa no mês de set/16 nos principais centros manufatureiros do país, e apenas duas apresentaram indicador positivo.
Em termos de atividades, os segmentos ligados à indústria automobilística apresentaram os maiores recuos, com destaque para as produções de Goiás e Paraná. Essa atividade teve recuperação considerável na Bahia (67,7%) e no Rio Grande do Sul (57,6%), e também foi positiva no Rio de Janeiro, em Santa Catarina e em Minas Gerais. Na atividade de metal, exceto máquinas e equipamentos, houve variação positiva somente no estado do Amazonas (comparação set16/set15). Destaca-se ainda que na fabricação de coque, de produtos derivados de petróleo e de biocombustíveis, apenas Ceará e Minas Gerais apresentaram variações positivas, na mesma base de comparação.
Tabela 1 – Indicadores Conjunturais da Indústria Resultados Regionais – Setembro de 2016 |
||||
Locais |
Variação (%) |
|||
Com Ajuste Sazonal |
Sem Ajuste Sazonal |
|||
Set16/Ago16/ |
Set16/Set15 |
Acumulado no ano |
Acumulado nos últimos 12 meses |
|
Brasil |
0,5 |
-4,9 |
-7,8 |
-8,8 |
Nordeste |
0,6 |
-2,8 |
-3,7 |
-4,0 |
Amazonas |
0,5 |
-11,0 |
-13,6 |
-16,4 |
Pará |
0,5 |
3,5 |
10,2 |
7,6 |
Ceará |
-1,9 |
-6,2 |
-4,6 |
-6,4 |
Pernambuco |
0,2 |
-3,4 |
-12,7 |
-10,9 |
Bahia |
-1,6 |
-8,0 |
-4,7 |
-5,8 |
Minas Gerais |
2,0 |
-1,8 |
-6,9 |
-7,5 |
Espírito Santo |
9,0 |
-19,7 |
-22,3 |
-20,2 |
Rio de Janeiro |
0,5 |
-0,2 |
-6,6 |
-7,8 |
São Paulo |
1,6 |
-0,3 |
-6,2 |
-8,0 |
Paraná |
0,0 |
-9,1 |
-6,9 |
-8,7 |
Santa Catarina |
0,0 |
0,2 |
-4,2 |
-5,6 |
Rio Grande do Sul |
0,7 |
-1,0 |
-4,7 |
-7,1 |
Mato Grosso |
– |
-10,3 |
5,0 |
5,1 |
Goiás |
-3,3 |
-11,5 |
-7,5 |
-6,8 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria. Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2016. |
Os resultados mensais para a indústria goiana foram superiores à média nacional, exceto para os meses de mar/16, ago/16 e set/16 (Gráfico 1). Os setores que mais contribuíram para recuo em setembro foram os seguintes: fabricação de veículos, produtos de metal (exceto máquinas e equipamentos), minerais não metálicos e coque, derivados do petróleo e de biocombustíveis.
No âmbito setorial (comparação de set/16 com set/15), na indústria de transformação, dois setores apresentaram variação positiva: fabricação de outros produtos químicos (2,7%), impulsionada pela maior produção de fertilizantes, e de metalurgia, com crescimento de 17,6%, devido a maior produção de ouro e ferronióbio (Tabela 2).
A atividade de fabricação de veículos vem apresentando queda desde abr/15, e em set/16 recuou drasticamente (-68,9%), o pior resultado entre as atividades pesquisadas. Na fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, o recuo foi de 29,0%, devido à queda na produção de latas de ferro e aço para embalagem, esquadrias de ferro e aço e estruturas de ferro e aço. Na fabricação de produtos de minerais não metálicos houve queda de 15,6%, puxado pela diminuição de cimento portland, elementos pré-fabricados para construção civil (cimento, concreto e massa de concreto para construção). Na fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis, o recuo foi de 14,1% (queda na produção de álcool etílico). A indústria extrativa também recuou 15,1%, com diminuição na produção de fosfatos de cálcio naturais, minérios de cobre e amianto.
Tabela 2 – Produção Industrial Mensal por atividades (Base: igual mês do ano anterior) |
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Atividades de Indústria |
Variação Percentual (%) |
|||||
Set16 / Set15 |
Acumulado no ano |
Acumulado em 12 meses |
||||
Brasil |
Goiás |
Brasil |
Goiás |
Brasil |
Goiás |
|
Indústria geral |
-4,9 |
-11,5 |
-7,8 |
-7,5 |
-8,8 |
-6,8 |
Indústrias extrativas |
-9,1 |
-15,1 |
-12,6 |
-14,6 |
-11,2 |
-11,5 |
Indústrias de transformação |
-4,1 |
-11,4 |
-7,0 |
-7,1 |
-8,5 |
-6,5 |
Fabricação de produtos alimentícios |
4,1 |
-6,0 |
2,0 |
-1,0 |
1,8 |
-0,3 |
Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis |
-12,6 |
-14,1 |
-8,1 |
-7,6 |
-8,1 |
-1,2 |
Fabricação de outros produtos químicos |
0,0 |
2,7 |
-1,7 |
9,0 |
-3,5 |
6,2 |
Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos |
-9,0 |
-2,8 |
-1,3 |
-8,4 |
-2,5 |
-10,9 |
Fabricação de produtos de minerais não metálicos |
-15,4 |
-15,6 |
-11,9 |
-11,2 |
-12,1 |
-10,2 |
Metalurgia |
0,2 |
17,6 |
-8,2 |
4,6 |
-8,9 |
4,9 |
Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos. |
-5,9 |
-29,0 |
-11,5 |
-34,7 |
-12,8 |
-33,1 |
Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias. |
0,5 |
-68,9 |
-16,9 |
-46,9 |
-21,8 |
-53,4 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria. Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2016. |
Assim como a maioria das unidades da Federação, Goiás vem amargando quedas no setor industrial desde setembro de 2015. Isso demonstra que o País ainda passa por sérias dificuldades relacionadas à crise econômica e política, com reflexos negativos, principalmente nos setores de fabricação de veículos, metal e etanol.
Em Goiás, o setor de metalurgia vem apresentando recuperação, sendo o único com variação positiva no terceiro trimestre, comparado com o mesmo período do ano anterior. Se não fosse a maior demanda do mercado externo por esse setor, o resultado do índice geral seria ainda pior.
Em geral, a produção goiana vem aumentando seu patamar de queda, com mais intensidade a partir de junho deste ano. Embora o cenário seja negativo, espera-se que com as comemorações de fim de ano, alguns setores, como, por exemplo, a indústria de alimentos e bebidas, obtenham indicadores positivos. Além disso, a formação dos estoques, na maior parte da indústria, está ajustada de acordo com a expectativa dos empresários, o que significa que não há perspectiva de fortes reduções na produção para realização de ajustes.
Equipe de Conjuntura do IMB:
Dinamar Maria Ferreira Marques
Luiz Batista Alves