Indústria goiana mantém o ritmo de queda em setembro (-4,7%)


A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta queda de 0,6% para a indústria goiana (transformação e extrativa mineral) comparativo de setembro/15 com agosto/15, – série com ajuste sazonal. Nessa mesma base de comparação, a produção nacional apresentou queda de 1,3%. As únicas variações positivas ocorreram nos Estados do Pará (12,6%), Paraná (5,1%), Espírito Santo (1,3%) e Amazonas (0,1%). Por outro lado, as quedas mais acentuadas ocorreram na Bahia (-7,6%), Rio de Janeiro (-6,6%), Ceará (-2,7%) e Minas Gerais (-2,3%), vide Tabela 1.

Na comparação setembro 15 / setembro 14, a indústria goiana apresentou queda de 4,7%, ficando em 4º lugar no ranking entre as unidades pesquisadas, em um cenário em que apenas três localidades apresentaram taxas positivas. Nessa base de comparação onze localidades registraram queda na produção, conforme Tabela 1. O Estado de Mato Grosso liderou o crescimento industrial, com 18,2%, impulsionados, em grande parte, pelo comportamento positivo vindo dos setores de produtos alimentícios e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis. Ainda nessa comparação, a maior queda entre as unidades pesquisadas foi verificada no Estado do Rio Grande do Sul (-19,7%), pressionado, em grande parte, pela queda na produção dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias, de máquinas e equipamentos, de metalurgia e de produtos do fumo.

Tabela 1 – Indicadores Conjunturais da Indústria

Resultados Regionais – Setembro de 2015

Locais

Variação (%)

Com Ajuste Sazonal

Sem Ajuste Sazonal

Setembro15 / Agosto 15

Setembro 15 / Setembro 14

Acumulado no ano

Acumulado nos últimos 12 meses

Brasil

-1,3

-10,8

-7,3

-6,5

Nordeste

-3,3

-7,4

-4,3

-3,0

Amazonas

0,1

-13,1

-14,5

-13,5

Pará

12,6

12,3

6,3

5,7

Ceará

-2,7

-11,9

-9,5

-8,4

Pernambuco

-0,4

-7,2

-3,2

-3,8

Bahia

-7,6

-9,0

-6,1

-4,0

Minas Gerais

-2,3

-11,1

-7,2

-6,7

Espírito Santo

1,3

0,1

11,3

11,5

Rio de Janeiro

-6,6

-11,2

-5,7

-5,0

São Paulo

-0,2

-12,8

-10,2

-9,7

Paraná

5,1

-7,8

-7,7

-6,8

Santa Catarina

-0,7

-11,5

-7,4

-6,4

Rio Grande do Sul

-1,0

-19,7

-11,1

-9,3

Mato Grosso

0,0

18,2

3,2

3,9

Goiás

-0,6

-4,7

-1,0

0,5

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.

Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2015.

 

 

 
           

Conforme Gráfico 1, os resultados da indústria goiana nos últimos meses estavam descolados da média nacional, que registram quedas mais acentuadas. A explicação é que alguns fatores específicos da indústria goiana têm mostrado desempenho diferenciado ao longo do ano. Em termos de impactos positivos, o setor de Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (etanol), vem segurando o resultado de Goiás acima da média brasileira.

Para os resultados de setembro/15, a indústria goiana apresentou queda muito menor do que a indústria brasileira. De modo geral, o recuo na produção industrial continua ocorrendo devido ao reflexo dos menores índices de expectativas de empresários brasileiros, do aumento das taxas de juros pelo Banco Central e do ajuste fiscal, que afeta sobremaneira a decisão de novos investimentos. O que se tem observado é que a crise no setor industrial não está restrita somente a um determinado setor, está disseminada em bens de capital, de consumo duráveis e de bens intermediários.

 

 

Na comparação de setembro/15 com setembro /14, o setor industrial goiano apresentou queda de 4,7%. No indicador acumulado nos últimos doze meses houve variação positiva de 0,5% e no ano queda de 1,0%.

Em âmbito setorial, comparação de setembro/15 com setembro/14, a queda foi generalizada, sete das nove atividades tiveram queda, conforme Tabela 2. As atividades que apresentaram variação positiva foi fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (25,1%), impulsionado, em grande medida, pela maior fabricação de álcool etílico e fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (9,5%), devido ao aumento na produção de medicamentos.

As demais quedas foram verificadas na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-37,6%), pressionadas, especialmente, pela menor produção de automóveis; fabricação de produtos de minerais não metálicos  (-15,7%), ocasionados pela queda na produção de cimentos, produtos de cerâmica, revestimento e mistura para asfalto; fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-12,2%), em razão principalmente da queda na produção de esquadrias de ferro e aço; fabricação de produtos alimentícios (-8,7%), pressionados, especialmente, pela menor produção de açúcar cristal, carnes de bovinos frescas ou refrigeradas, extrato, purês e polpas de tomate, leite esterilizado Longa Vida e leite em pó. Ressalta-se que a metalurgia também apresentou queda (-7,3%), explicada pela redução na produção de ouro e a indústria extrativa, -16,5%, explicados, em grande parte, pela queda na produção de minérios de cobre em bruto ou beneficiado, amianto, pedras britadas e castinas.

Tabela 2 – Produção Industrial Mensal por atividades (Base: igual mês do ano anterior)

Atividades de Indústria

Variação Percentual (%)

Setembro15 / Setembro14

Acumulado no ano

Acumulado em 12 meses

Brasil

Goiás

Brasil

Goiás

Brasil

Goiás

Indústria geral

-10,8

-4,7

-7,3

-1,0

-6,5

0,5

Indústrias extrativas

2,5

-16,5

7,3

-7,5

7,3

-5,6

Indústrias de transformação

-12,5

-3,9

-9,2

-0,6

-8,2

1,0

Fabricação de produtos alimentícios

-2,2

-8,7

-3,4

-1,1

-3,8

0,5

Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis

-3,4

25,1

-6,0

25,2

-4,2

28,5

Fabricação de outros produtos químicos

-5,1

-0,4

-4,1

-12,4

-4,1

-7,3

Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos

-11,7

9,5

-14,3

-17,7

-11,4

-18,8

Fabricação de produtos de minerais não metálicos

-12,0

-15,7

-6,5

-15,2

-6,1

-14,6

Metalurgia

-14,0

-7,3

-8,3

-0,3

-8,8

4,0

Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos.

-17,3

-12,2

-10,5

-19,4

-10,5

-16,5

Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias.

-39,3

-37,6

-23,3

-10,6

-20,7

-8,6

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.

Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2015.

 

Os resultados da pesquisa do IBGE apontaram recuo na indústria goiana, tanto na extrativa, quanto na transformação, no ano as quedas acumuladas são de 7,5% e 0,6%, respectivamente. Na transformação, a produção de veículos automotores exerceu o principal impacto negativo na taxa global. Essa atividade vem apresentando queda desde abril de 2015. Este recuo se deve, em grande parte, a desvalorização do câmbio, tendo em vista que, no caso de Goiás as matérias-primas para fabricação de veículos são todas importadas.

Por outro lado, a produção de biocombustíveis (álcool etílico) em Goiás sobressaiu aos demais segmentos. A atividade vem apresentando altas desde abril de 2014 (17 meses consecutivos), devido à ampliação no percentual de mistura do álcool à gasolina, o qual passou a vigorar desde novembro de 2014. A cana-de-açúcar vem apresentando boa oferta, favorecendo o crescimento do setor, além da redução na construção de novas refinarias devido à desistência da Petrobrás, abrindo mais espaço para o etanol.

O resultado da indústria goiana reforça a expectativa de continuidade do enfraquecimento do setor diante da manutenção do cenário de elevação dos estoques a taxas crescentes, juntamente com a queda da confiança do empresariado industrial. O que se percebe é que a crise na indústria não está somente o Estado de Goiás, se nos atentarmos para os dados da queda acumulada no ano, Goiás ocupa a quarta posição no ranking, com queda de 1,0%, os estados mais afetados são Amazonas (-14,5%), Rio Grande do Sul (-11,1%) e São Paulo (-10,2%).

Tanto a indústria nacional quanto a maioria das Unidades Federativas, vêm sendo fortemente afetadas pelos fatores macroeconômicos, ocasionando contrações na indústria, dadas a forte redução do crédito, a desvalorização cambial e a piora do mercado de trabalho. Dentre esses, a restrição do crédito ao consumidor vem afetando, principalmente o setor automobilístico em Goiás, contribuindo ainda mais para contração da produção industrial do Estado.

 

 

Equipe de Conjuntura do IMB:

Alex Felipe Rodrigues Lima

Dinamar Maria Ferreira Marques

Luiz Batista Alves

Sérgio Borges Fonseca Júnior

 

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