Em julho, a produção industrial brasileira cresceu 2,2% em relação ao mês anterior, na série livre de influências sazonais, sétima expansão consecutiva nessa comparação. Frente a julho de 2008 a atividade fabril registrou recuo de 9,9%, menor queda desde abril. Com isso, o indicador acumulado no ano passou de -13,4% em junho para -12,8% em julho. O índice acumulado nos últimos doze meses manteve trajetória decrescente, passando de -6,5% em junho para -8,0% em julho. O comportamento positivo da atividade industrial em julho confirmou a trajetória ascendente do índice de média móvel trimestral nos últimos cinco meses. Em relação a julho de 2008, o setor industrial recuou 9,9%, com perfil generalizado de queda, atingindo 23 das 27 atividades investigadas.
Gráfico 1
Produção Industrial – Brasil
Índices de Base Fixa (2002=100)
Série com Ajuste Sazonal
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
Com o avanço de 2,2% observado no total da indústria entre junho e julho, o patamar de produção do setor ficou 10,6% abaixo do nível recorde atingido em setembro de 2008. Esse aumento no ritmo de atividade em julho foi disseminado entre os setores industriais, atingindo 23 dos 27 ramos pesquisados. Entre as categorias de uso, ainda na comparação mês/mês anterior, o setor de bens de consumo duráveis (4,6%) sustentou o maior ritmo de crescimento na passagem de junho para julho, seguido por bens intermediários (2,0%) com ritmo próximo ao do total da indústria (2,2%), enquanto bens de capital (1,4%) e bens de consumo semi e não duráveis (1,0%) cresceram abaixo da média.
Tabela 1
Indicadores da Produção Industrial por Categorias de Uso – Brasil – julho/2009
(%)
Categorias de Uso
Mês/mês*
Mensal
Acumulado no ano
Acumulado 12 meses
Bens de Capital
1,41
-23,88
-23,10
-10,13
Bens Intermediários
2,02
-11,59
-15,09
-10,43
Bens de Consumo
2,74
-4,07
-6,72
-4,51
Duráveis
4,61
-6,69
-17,31
-13,51
Semiduráveis e não duráveis
1,00
-3,23
-3,07
-1,56
Indústria Geral
2,16
-9,92
-12,83
-8,04
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
Série com ajuste sazonal
O resultado da produção industrial de julho reforça os sinais de recuperação no ritmo da atividade fabril do País, que marca a sétima taxa consecutiva de acréscimo na série ajustada sazonalmente. Tudo leva a crer que a indústria está reagindo positivamente, apoiada principalmente na demanda interna e em parte no mercado externo. Há sinais de que a indústria está se ajustando, o que deve abrir caminho para uma recuperação em ritmo que poderá ser mais forte nos próximos meses. As medidas adotadas pelo governo de combate à crise, como a redução da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), além de medidas setoriais, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para eletrodomésticos da linha branca, bens de capital e automóveis. Esses bens são de alto valor unitário e tem grande capacidade de induzir outras atividades econômicas ao longo da cadeia produtiva. A redução de impostos sobre tais produtos reduzem o preço ao consumidor e estimulam as vendas, a produção e o emprego.
Os índices regionais da produção industrial em julho de 2009, ajustados sazonalmente, mostraram um quadro positivo frente a junho, com dez dos quatorze locais apresentando crescimento. Paraná (15,3%) apontou o maior acréscimo, praticamente devolvendo a perda de 16,1% acumulada nos três meses anteriores. Espírito Santo (8,9%), Goiás (6,0%) e Amazonas (3,6%) completaram o conjunto de locais que cresceram acima da média nacional (2,2%). Com taxas positivas, mas abaixo do total da indústria, figuraram ainda: Rio de Janeiro e Minas Gerais (ambos com 1,8%), São Paulo (1,4%), Rio Grande do Sul (1,1%), Ceará (0,9%) e Santa Catarina (0,8%). Bahia (-6,0%), região Nordeste (-3,5%), Pernambuco (-1,5%) e Pará (-1,0%) foram as áreas que apresentaram queda na passagem de junho para julho.
Gráfico 2
Produção Industrial Regional
Julho 2009
(Série com ajuste sazonal)
(%)
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
Na comparação julho 09/julho 08, os índices foram predominantemente negativos, com todos os locais registrando recuo na produção, a exceção de Goiás, que avançou 4,4%. As taxas negativas mais elevadas foram registradas no Espírito Santo (-20,0%), Minas Gerais (-16,1%) e São Paulo (-11,9%) que assinalaram queda de dois dígitos. As demais regiões apontaram recuos inferiores à média nacional (-9,9%): Rio de Janeiro (-4,1%), Paraná (-5,3%), Pernambuco (-6,2%), Ceará (-6,4%), Pará (-6,6%), Santa Catarina(-7,3%), Rio Grande do Sul (-7,6%), região Nordeste (-8,2%), Amazonas(-8,6%) e Bahia (-9,6%).
Tabela 2
Indicadores Conjunturais da Indústria
Resultados Regionais
Julho/2009
(%)
Brasil, Região Geográfica e Unidade da Federação
Mês/mês*
Mesmo mês ano anterior
Acumulado no ano
Doze meses
Brasil
2,16
-9,92
-12,83
-8,04
Nordeste
-3,47
-8,19
-9,48
-6,10
Amazonas
3,63
-8,63
-15,66
-9,24
Pará
-1,03
-6,55
-7,42
-2,47
Ceará
0,92
-6,39
-6,72
-3,19
Pernambuco
-1,49
-6,15
-8,38
-4,18
Bahia
-5,97
-9,59
-10,06
-5,78
Minas Gerais
1,78
-16,12
-20,53
-14,19
Espírito Santo
8,95
-19,98
-27,86
-19,28
Rio de Janeiro
1,82
-4,09
-7,60
-4,51
São Paulo
1,43
-11,94
-14,02
-8,30
Paraná
15,24
-5,30
-5,84
-1,67
Santa Catarina
0,83
-7,27
-12,01
-8,48
Rio Grande do Sul
1,10
-7,64
-12,63
-8,08
Goiás
6,05
4,44
-3,11
-0,48
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
* com ajuste sazonal
No confronto do desempenho acumulado no primeiro semestre do ano frente ao mês de julho, ambas as comparações contra igual período do ano anterior, observa-se redução no ritmo de queda da atividade industrial em todos os locais investigados, acompanhando o movimento do índice nacional, onde o setor passou de -13,4% no primeiro semestre do ano para -9,9% em julho. Neste tipo de confronto, Espírito Santo (de -29,3% para -20,0%), Goiás (de -4,6% para 4,4%) e Amazonas (de -16,8% para -8,6%) apontaram as maiores reduções no ritmo de queda entre esses dois períodos. (Tabela 3).
Os dados da pesquisa industrial regional de julho mostraram um quadro positivo para a indústria nas diferentes regiões do País, na série com ajuste sazonal. Esse resultado mais generalizado entre as regiões favorece as expectativas de que a indústria brasileira possa entrar em uma trajetória de crescimento mais consistente ainda neste segundo semestre, refletindo as melhores condições do mercado interno e, em alguma medida, do mercado externo. Os resultados de julho deixaram claro que o setor industrial ganhou dinamismo e começa a recuperar o ritmo de produção que foi perdido no final do ano passado com o agravamento da crise internacional.
Tabela 3
Indicadores Conjunturais
Resultados Regionais – 2009
(base: igual período anterior)
Locais
Taxa de Variação (%)
Acumulado no 1º semestre
Julho
Brasil
-13,37
-9,92
Nordeste
-9,69
-8,19
Amazonas
-16,81
-8,63
Pará
-7,58
-6,55
Ceará
-6,78
-6,39
Pernambuco
-8,72
-6,15
Bahia
-10,15
-9,59
Minas Gerais
-21,36
-16,12
Espírito Santo
-29,27
-19,98
Rio de Janeiro
-8,21
-4,09
São Paulo
-14,41
-11,94
Paraná
-5,95
-5,30
Santa Catarina
-12,87
-7,27
Rio Grande do Sul
-13,51
-7,64
Goiás
-4,57
4,44
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
Em julho, a indústria do Goiás avançou 6,0% frente a junho, na série livre dos efeitos sazonais, segundo resultado positivo, acumulando ganho de 13,7%. O índice de média móvel trimestral acentuou o ritmo de crescimento em julho (4,1%), quarta taxa positiva, com ganho de 8,4% desde abril deste ano. Na comparação com julho do ano passado, o setor industrial cresceu 4,4%. Nos demais confrontos, os resultados foram -3,1% no acumulado no ano e -0,5% no acumulado nos últimos doze meses, primeira taxa negativa desde o início da série histórica.
Gráfico 3
Produção Industrial – Goiás
Índices de Base Fixa (2002=100)
Série com Ajuste Sazonal
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
No indicador mensal, o aumento de 4,4% foi sustentado em grande parte pelo desempenho positivo do setor de produtos químicos (72,7%), influenciado pelo avanço na fabricação de medicamentos. Vale citar também os resultados positivos de minerais não metálicos (2,9%) e da indústria extrativa (0,3%), impulsionados pelos itens cimentos e amianto, respectivamente. Em sentido contrário, as contribuições negativas vieram de alimentos e bebidas (-5,3%) e de metalurgia básica (-1,5%), pressionados, sobretudo, pelos recuos de leite em pó e ouro em barras.
Gráfico 4
Produção Industrial – Goiás
Julho 2009
(Base: igual período do ano anterior)
(%)
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
O índice acumulado no período janeiro-julho de 2009 recuou 3,1%, com taxas negativas em três das cinco atividades pesquisadas. A principal pressão negativa sobre a média global veio de alimentos e bebidas (-4,6%), por conta da menor produção de leite em pó e de carnes de bovinos. Por outro lado, o setor de produtos químicos (4,1%) exerceu o principal impacto positivo, influenciado pela maior fabricação de medicamentos.
A pesquisa da indústria em julho confirma que o crescimento da indústria goiana deverá ser mais disseminado entre os setores, para os próximos meses, puxados pelo aquecimento da demanda interna e para alguns setores que estão aquecidos pelo mercado externo. O resultado desta pesquisa em julho foi um pouco atípico, com a atividade de produtos químicos apresentando variação bastante elevada, puxada pela maior produção de medicamentos, em particular genéricos, que atualmente está bastante aquecida, devido ao aumento do consumo e também pela perspectiva de aumentar o mercado, com o vencimento de patentes em 2010 de importantes laboratórios no mundo. Goiás atualmente é o 3º pólo de medicamentos genéricos do País, com 14 indústrias fabricando este tipo de produto, em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis e Senador Canedo.
Tabela 4
Estado de Goiás: Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – julho/2009
(Base: Igual período do ano anterior =100)
(%)
Segmentos
Mensal
Acumulado no ano
Últimos 12 meses
Indústria geral
4,44
-3,11
-0,48
Indústria extrativa
0,30
1,01
4,67
Indústria de transformação
4,82
-3,50
-0,94
Alimentos e bebidas
-5,28
-4,55
-0,70
Produtos químicos
72,74
4,13
0,54
Minerais não metálicos
2,87
-3,61
1,07
Metalurgia básica
-1,52
-6,01
-7,51
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria