Indústria goiana apresenta recuperação de 0,8% em abril.
A pesquisa industrial mensal, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta recuperação de 0,8% para a indústria goiana (transformação e extrativa mineral) na comparação de abril/16 com março/16, – série com ajuste sazonal. Nessa mesma base, a produção nacional apresentou alta de 0,1%. No ranking nacional, o destaque para a maior variação positiva foi para o estado de Pernambuco, com 10,2%, e a queda mais acentuada ocorreu no Amazonas, com -13,5%.(Tabela 1).
Considerando para análise abril16/abril15, a indústria goiana apresentou queda de 5,4% em um cenário em que apenas duas unidades da federação apresentaram taxas positivas, conforme Tabela 1. O estado do Pará apresentou a maior taxa, 8,1%, impulsionado, pelo comportamento positivo vindo, principalmente, da indústria extrativa (minérios de ferro em bruto). A maior queda ocorreu no estado do Espírito Santo, com -21,9%, pressionada, pela queda na fabricação da indústria extrativa (minério de ferro pelotizado). Nessa comparação apenas Pará e Mato Grosso apresentaram taxas positivas na indústria geral, demonstrando que a crise tem afetado de modo generalizado todo o país.
Os segmentos ligados à indústria automobilística apresentaram os maiores recuos, principalmente na indústria baiana, do Rio de Janeiro, de Goiás e do Rio Grande do Sul. Também houve queda acentuada na produção de metal, exceto máquinas e equipamentos em todas as regiões produtoras, a exceção da indústria pernambucana e do Rio de Janeiro que apresentaram crescimento, na comparação abril16/abril15.
Tabela 1 – Indicadores Conjunturais da Indústria Resultados Regionais – Abril de 2016 |
||||
Locais |
Variação (%) |
|||
Com Ajuste Sazonal |
Sem Ajuste Sazonal |
|||
Abril16/Março16 |
Abril16/ Abril15 |
Acumulado no ano |
Acumulado nos últimos 12 meses |
|
Brasil |
0,1 |
-7,2 |
-10,5 |
-9,6 |
Nordeste |
-1,3 |
-2,7 |
-4,0 |
-2,6 |
Amazonas |
-13,5 |
-21,3 |
-21,7 |
-18,1 |
Pará |
-0,5 |
8,1 |
10,0 |
4,1 |
Ceará |
-2,1 |
-0,6 |
-6,7 |
-9,3 |
Pernambuco |
10,2 |
-7,9 |
-22,1 |
-11,1 |
Bahia |
-2,5 |
-1,2 |
2,4 |
-2,2 |
Minas Gerais |
2,4 |
-4,0 |
-10,1 |
-8,2 |
Espírito Santo |
-1,4 |
-21,9 |
-22,2 |
-8,6 |
Rio de Janeiro |
0,7 |
-9,5 |
-9,9 |
-8,5 |
São Paulo |
2,6 |
-2,6 |
-11,0 |
-12,2 |
Paraná |
-0,5 |
-7,5 |
-8,4 |
-9,3 |
Santa Catarina |
-2,2 |
-5,9 |
-8,0 |
-8,5 |
Rio Grande do Sul |
-3,6 |
-7,5 |
-7,0 |
-10,9 |
Mato Grosso |
– |
2,0 |
5,3 |
3,6 |
Goiás |
0,8 |
-5,4 |
-8,4 |
-2,9 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria. Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2016. |
No Gráfico 1 verifica-se os resultados mensais da indústria goiana, observando-se que o descolamento em relação à média nacional, vem ocorrendo desde o ano passado, porém, em abril/16 o índice da indústria goiana aproximou-se da média brasileira. A pesquisa demonstrou que os setores que contribuíram para amortecer um pouco a queda do índice geral em abril/16 foram: produtos alimentícios; fabricação de coque, de produtos derivados de petróleo e de biocombustíveis e fabricação de produtos minerais não metálicos. Por outro lado, o setor de fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos apresentou queda acentuada, pelo recuo na produção de medicamentos, e o setor de fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos e o de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, teve igual comportamento.
Em âmbito setorial, na comparação de abril/16 com abril/15, observa-se pela Tabela 2 que na indústria de transformação, o setor de outros produtos químicos, apresenta incremento de 13,9%, impulsionado pela maior produção de adubos e fertilizantes. Vale mencionar também os avanços vindos da fabricação de coque, de produtos derivados de petróleo e de biocombustíveis (13,0%), pela maior produção de álcool etílico e da fabricação de produtos alimentícios (3,5%), puxado pelo aumento na produção de açúcar.
Nos demais setores, as maiores quedas ocorreram na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-54,9%), pressionados pela redução na produção de automóveis e de veículos para transporte de mercadorias; produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-47,1%), resultado da queda na produção de latas de ferro e aço para embalagem de produtos diversos e esquadrias de ferro, aço e alumínio. E na fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-11,7%), pelo recuo na produção de medicamentos, em linha com os dados da balança comercial do mês de março/16, que apontou queda nas importações de produtos farmacêuticos, insumos para produção do setor. Ainda com recuo, o setor extrativo apresentou queda de 25,0%, situação que vem ocorrendo desde o mês anterior, explicada, em grande parte, pela queda na produção de minérios de cobre e amianto.
Tabela 2 – Produção Industrial Mensal por atividades (Base: igual mês do ano anterior) |
||||||
Atividades de Indústria |
Variação Percentual (%) |
|||||
Abril16 / Abril15 |
Acumulado no ano |
Acumulado em 12 meses |
||||
Brasil |
Goiás |
Brasil |
Goiás |
Brasil |
Goiás |
|
Indústria geral |
-7,2 |
-5,4 |
-10,5 |
-8,4 |
-9,6 |
-2,9 |
Indústrias extrativas |
-15,7 |
-25,0 |
-15,0 |
-9,5 |
-4,6 |
-7,5 |
Indústrias de transformação |
-5,8 |
-4,2 |
-9,8 |
-8,4 |
-10,3 |
-2,6 |
Fabricação de produtos alimentícios |
12,3 |
3,5 |
2,2 |
-1,4 |
-1,2 |
1,0 |
Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis |
-2,0 |
13,0 |
-1,5 |
-0,3 |
-4,4 |
18,0 |
Fabricação de outros produtos químicos |
-6,5 |
13,9 |
-3,9 |
16,2 |
-5,3 |
-0,2 |
Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos |
8,0 |
-11,7 |
2,7 |
-9,3 |
-6,0 |
-10,9 |
Fabricação de produtos de minerais não metálicos |
-9,6 |
-2,6 |
-12,5 |
-10,7 |
-10,1 |
-11,9 |
Metalurgia |
-14,9 |
-13,8 |
-14,2 |
-4,4 |
-11,1 |
-1,2 |
Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos. |
-17,1 |
-47,1 |
-16,6 |
-39,0 |
-14,7 |
-26,3 |
Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias. |
-20,6 |
-54,9 |
-26,1 |
-50,2 |
-27,7 |
-42,8 |
Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2016. |
Em geral, o que se observa na atual conjuntura é que a economia brasileira e as economias subnacionais ainda vêm sendo afetadas pela crise política e econômica e que a falta de confiança por parte dos empresários do setor industrial tem influenciado na tomada de decisão, postergando assim novos investimentos.
A pesquisa apontou que o segmento automobilístico é o mais atingido pela crise, acumulando quedas consecutivas, há um ano. Tem contribuído para esse cenário adverso, a fraqueza do mercado interno, resultante do alto desemprego, da elevação na taxa de juros e da redução do crédito, pois as vendas do setor são alavancadas por oferta de crédito, e os financiamentos estão cada vez mais restritos.
No ramo alimentício, a pesquisa indicou variação positiva em fevereiro e queda em março, porém voltou a registrar variação positiva em abril/16 (3,5%). O que se observa é que, mesmo com uma inflação elevada e comprometendo a renda das famílias, a demanda por alimentos tem se apresentado resiliente. Isso pode ser verificado na pesquisa do comércio varejista, com o volume de vendas nos segmentos de hipermercados e supermercados apresentando recuperação desde o início do ano. Outro fator que pode ter contribuído para esta variação positiva, é o crescimento nas exportações de açúcar e dos produtos derivados da soja.
A expectativa para os próximos meses é que o setor industrial apresente estabilização, considerando a recuperação registrada em relação ao mês anterior (0,8%). A tendência é que as fábricas continuem ajustando seus estoques, o que vem ocorrendo desde o segundo semestre de 2015, contribuindo para uma possível alta na produção. O Índice de Confiança da Indústria, apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) melhorou em abril, ante o mês de março, atingindo o maior patamar desde março de 2015. Esta alta está relacionada principalmente pelo otimismo dos empresários da indústria, que vem melhorando o nível de utilização da capacidade instalada, segundo a FGV.
Equipe de Conjuntura doIMB:
Alex Felipe Rodrigues Lima
Dinamar Maria Ferreira Marques
Luiz Batista Alves
Sérgio Borges Fonseca Júnior