Indústria goiana acentua o ritmo de queda (-8,6%)
A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta queda de 3,2% para a indústria goiana (transformação e extrativa mineral) comparativo de agosto/15 com julho/15, – série com ajuste sazonal. Nessa mesma base de comparação, a produção nacional apresentou queda de 1,2%. As únicas variações positivas ocorreram nos Estados do Ceará (3,5%), Santa Catarina (1,1%), Minas Gerais (0,9%) e Rio de Janeiro (0,2%). Por outro lado, as quedas mais acentuadas ocorreram no Pará (-4,0%), Goiás (-3,2%), Rio Grande do Sul (-2,8%) e Amazonas (-2,2%), vide Tabela 1.
Na comparação agosto 15 / agosto 14, a indústria goiana apresentou queda de 8,6%, ficando em 9º lugar no ranking entre as unidades pesquisadas, em um cenário em que apenas três localidades apresentaram taxas positivas. Nessa base de comparação onze localidades registraram queda na produção, conforme Tabela 1. O Estado de Mato Grosso liderou o crescimento industrial, com 6,4%, explicado em grande parte, pelo comportamento positivo do setor de produtos alimentícios, como derivados da soja e carne bovina. Ainda nessa comparação, a maior queda entre as unidades pesquisadas foi verificada no Estado do Amazonas (-13,9%), ocasionada principalmente pelo recuo na fabricação de produtos de informática, eletrônicos e ópticos.
Tabela 1 – Indicadores Conjunturais da Indústria |
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Resultados Regionais – Agosto de 2015 |
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Locais |
Variação (%) |
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Com Ajuste Sazonal |
Sem Ajuste Sazonal |
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Agosto 15 / Julho 15 |
Agosto 15 /Agosto 14 |
Acumulado no ano |
Acumulado nos últimos 12 meses |
|
Brasil |
-1,2 |
-8,9 |
-6,9 |
-5,7 |
Nordeste |
-0,6 |
-1,8 |
-4,3 |
-2,4 |
Amazonas |
-2,2 |
-13,9 |
-14,7 |
-12,8 |
Pará |
-4,0 |
-2,8 |
5,4 |
5,1 |
Ceará |
3,5 |
-10,8 |
-9,2 |
-7,3 |
Pernambuco |
-2,2 |
-6,7 |
-2,7 |
-2,6 |
Bahia |
-1,0 |
2,8 |
-5,9 |
-3,3 |
Minas Gerais |
0,9 |
-4,6 |
-6,6 |
-5,8 |
Espírito Santo |
-1,9 |
0,9 |
13,0 |
13,1 |
Rio de Janeiro |
0,2 |
-4,0 |
-5,1 |
-4,7 |
São Paulo |
-1,7 |
-12,9 |
-9,7 |
-9,0 |
Paraná |
-1,3 |
-11,4 |
-7,6 |
-6,7 |
Santa Catarina |
1,1 |
-7,5 |
-6,8 |
-5,2 |
Rio Grande do Sul |
-2,8 |
-12,6 |
-10,0 |
-7,4 |
Mato Grosso |
0,0 |
6,4 |
1,2 |
2,5 |
Goiás |
-3,2 |
-8,6 |
-3,6 |
-1,0 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria. Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2015.
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Conforme Gráfico 1, os resultados da indústria goiana nos últimos meses estavam descolados da média nacional, que registram quedas mais acentuadas. A explicação é que alguns fatores específicos da indústria goiana tem mostrado desempenho diferenciado. São setores que garantiram um comportamento diferenciado ao longo do ano. Em termos de impactos positivos, o setor de Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (etanol), vem segurando o resultado de Goiás acima da média brasileira.
Esse cenário está mudando, com os resultados de agosto/15, a queda na indústria goiana ocorreu na mesma proporção da indústria brasileira. O recuo na produção industrial de modo geral é reflexo dos menores índices de expectativas de empresários brasileiros nos últimos anos, do aumento das taxas de juros pelo Banco Central e do ajuste fiscal, que afeta sobremaneira a decisão de novos investimentos. A crise na indústria não está restrita a determinado setor, está disseminada em bens de capital, de consumo duráveis e de bens intermediários. Tudo indica que a indústria esteja passando por um dos piores momentos da história.
Na comparação de agosto/15 com agosto/14, o setor industrial goiano apresentou queda, 8,6%. No indicador acumulado nos últimos doze meses houve variação negativa de 1,0% e no ano queda de 3,6%.
Em âmbito setorial, comparação de agosto/15 com agosto/14, a queda foi generalizada, oito das nove atividades tiveram queda, conforme Tabela 2. A única atividade que apresentou variação positiva foi fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (0,2%), impulsionado, em grande medida, pela maior fabricação de álcool e biodiesel.
As demais quedas foram verificadas na fabricação de outros produtos químicos (-26,3%), explicados pela queda na produção de adubos e fertilizantes; de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-17,8%), em razão principalmente da queda na produção de esquadrias de ferro, alumínio e aço; veículos automotores, reboques e carrocerias (-16,9%), pela menor produção de automóveis – dados da ANFAVEA mostram queda no licenciamento de veículos de 22% e 3%, nos meses de julho e agosto, respectivamente –; fabricação de produtos de minerais não metálicos (-15,0%), ocasionados pela queda na produção de cimentos, produtos de cerâmica, revestimento e mistura para asfalto; de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-11,2%), devido a menor produção de medicamentos; fabricação de produtos alimentícios (-6,4%), explicados, em grande parte, pela queda na produção de carnes de bovinos frescas ou refrigeradas, açúcar cristal e leite em pó.
Tabela 2 – Produção Industrial Mensal por atividades (Base: igual mês do ano anterior) |
Atividades de Indústria |
Variação Percentual (%) |
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Agosto15/Agosto14 |
Acumulado no ano |
Acumulado em 12 meses |
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Brasil |
Goiás |
Brasil |
Goiás |
Brasil |
Goiás |
|
Indústria geral |
-8,9 |
-8,6 |
-6,9 |
-3,6 |
-5,7 |
-1,0 |
Indústrias extrativas |
2,9 |
-14,6 |
7,7 |
-6,1 |
7,7 |
-2,5 |
Indústrias de transformação |
-10,6 |
-8,1 |
-8,8 |
-3,5 |
-7,4 |
-0,9 |
Fabricação de produtos alimentícios |
-2,8 |
-6,4 |
-3,7 |
-1,4 |
-4,2 |
1,5 |
Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis |
-8,7 |
0,2 |
-6,5 |
11,5 |
-3,4 |
11,6 |
Fabricação de outros produtos químicos |
-7,4 |
-26,3 |
-4,1 |
-16,8 |
-3,9 |
-6,0 |
Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos |
-5,7 |
-11,2 |
-14,4 |
-20,4 |
-9,6 |
-21,6 |
Fabricação de produtos de minerais não metálicos |
-9,2 |
-15,0 |
-5,8 |
-15,2 |
-5,0 |
-14,1 |
Metalurgia |
-7,3 |
-8,7 |
-7,5 |
0,6 |
-8,2 |
3,6 |
Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos. |
-15,7 |
-17,8 |
-9,6 |
-20,2 |
-9,7 |
-16,6 |
Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias. |
-26,2 |
-16,9 |
-21,0 |
-6,0 |
-18,2 |
-1,8 |
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.
Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2015.
Os resultados da pesquisa do IBGE apontaram recuo na indústria goiana, tanto na extrativa, quanto na transformação, no ano as quedas acumuladas são de 6,1% e 3,5%, respectivamente. Na transformação, a produção de veículos automotores exerceu o principal impacto negativo na taxa global. Essa atividade vem apresentando queda desde abril de 2015. A desvalorização do câmbio tem contribuído para o recuo do setor, pois no caso de Goiás as matérias-primas para fabricação de veículos são todas importadas.
Por outro lado, a produção de biocombustíveis (álcool etílico) em Goiás sobressaiu aos demais segmentos. A atividade vem apresentando altas desde abril de 2014 (16 meses consecutivos), devido à ampliação no percentual de mistura do álcool à gasolina, o qual passou a vigorar desde novembro de 2014. A boa oferta de matéria-prima, cana-de-açúcar, tem favorecido o crescimento do setor, além da desistência da Petrobrás em construir novas refinarias, com isso abrindo mais espaço para o etanol.
O resultado da indústria goiana reforça a expectativa de continuidade do enfraquecimento do setor diante da manutenção do cenário de elevação dos estoques a taxas crescentes, juntamente com a queda da confiança do empresariado industrial. O que se percebe é que a crise na indústria não está somente o Estado de Goiás, se nos atentarmos para os dados da queda acumulada no ano, Goiás ocupa a quinta posição no ranking, com queda de 3,6%, os estados mais afetados são, Amazonas (-14,7%), Rio Grande do Sul (-10,0%) e São Paulo (-9,7%).
No que diz respeito à evolução do nível de atividade, as contrações da indústria goiana está associada a fatores macroeconômicos, os quais que tem afetado a indústria brasileira, como a redução do crédito, os efeitos recessivos da desvalorização cambial e à piora do mercado de trabalho. O crédito é um dos principais determinantes do consumo total, com a evolução dos juros o consumo das famílias tende a contrair. Essa variável afeta, especialmente o setor automobilístico, que em Goiás está em queda por seis meses consecutivos, contribuindo sobremaneira para a contração da produção industrial local. A desvalorização cambial, por sua vez, eleva substancialmente os custos de investimentos e compromete a parte financeira das empresas, pois muitas têm dívida indexada ao dólar.
Equipe de Conjuntura do IMB:
Alex Felipe Rodrigues Lima
Dinamar Maria Ferreira Marques
Luiz Batista Alves
Sérgio Borges Fonseca Júnior