Em março a indústria goiana volta a apresentar recuo, -4,3%.
A pesquisa industrial mensal divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta queda de 4,3% para a indústria goiana (transformação e extrativa mineral) na comparação março/16 com fevereiro/16, – série com ajuste sazonal. Nessa mesma base de comparação, a produção nacional apresentou alta de 1,4%. O destaque para a maior variação positiva foi para o Estado do Amazonas, com 22,2% e a queda mais acentuada ocorreu em Goiás, com -4,3%, vide Tabela 1.
Na comparação março16 / março15, a indústria goiana apresentou redução ainda maior, de 14,3% em um cenário em que apenas duas localidades apresentaram taxas positivas, conforme Tabela 1. O indicador positivo foi liderado pelo Estado do Pará, com 7,3% de expansão. O principal impacto positivo foi registrado pelo setor extrativo, influenciado pelo aumento na extração de minérios de ferro em bruto ou beneficiado e do ramo de celulose, papel e produtos de papel. A maior queda entre as unidades pesquisadas ocorreu no estado de Pernambuco, com -24,4%, pressionada principalmente pela queda no ramo de produtos alimentícios, sobretudo pela menor produção de açúcar, margarina e sorvetes.
A pesquisa demonstra que em apenas dois Estados brasileiros (PA e MT) são apresentadas taxas positivas na indústria geral, demonstrando que a crise econômica e política continuam afetando o setor industrial na maioria dos Estados brasileiros.
A indústria automobilística tem apresentado as maiores taxas negativa em todas as unidades pesquisadas, com destaque para Bahia, Goiás e Rio Grande do Sul. Há quedas bastante acentuadas na produção de metal, exceto máquinas e equipamentos em todas as regiões produtoras, com exceção do Rio de Janeiro.
Tabela 1 – Indicadores Conjunturais da Indústria |
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Resultados Regionais – Março de 2016 |
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Locais |
Variação (%) |
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Com Ajuste Sazonal |
Sem Ajuste Sazonal |
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Março16/Fevereiro16 |
Março16 /Março15 |
Acumulado no ano |
Acumulado nos últimos 12 meses |
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Brasil |
1,4 |
-11,3 |
-11,6 |
-9,7 |
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Nordeste |
4,1 |
-7,0 |
-4,4 |
-2,8 |
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Amazonas |
22,2 |
-10,2 |
-22,1 |
-18,0 |
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Pará |
-3,2 |
7,3 |
10,8 |
4,0 |
||
Ceará |
2,6 |
-5,8 |
-8,5 |
-10,4 |
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Pernambuco |
0,4 |
-24,4 |
-27,0 |
-12,1 |
||
Bahia |
8,1 |
-7,3 |
3,8 |
-3,2 |
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Minas Gerais |
0,9 |
-9,5 |
-13,3 |
-9,2 |
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Espírito Santo |
-1,7 |
-22,3 |
-22,4 |
-5,8 |
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Rio de Janeiro |
2,2 |
-11,0 |
-10,1 |
-7,9 |
||
São Paulo |
1,5 |
-12,5 |
-13,6 |
-12,8 |
||
Paraná |
2,8 |
-6,0 |
-8,7 |
-8,9 |
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Santa Catarina |
3,8 |
-8,3 |
-8,7 |
-8,5 |
||
Rio Grande do Sul |
-1,3 |
-10,6 |
-6,7 |
-10,9 |
||
Mato Grosso |
– |
4,0 |
6,6 |
2,8 |
||
Goiás |
-4,3 |
-14,3 |
-10,2 |
-2,4 |
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Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria. Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2016. |
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Analisando no Gráfico 1, os resultados da indústria goiana em cada mês do ano, verifica-se o descolamento em relação à média nacional, que vinha ocorrendo desde o ano passado e que apresentou uma aproximação em março/16, só que com taxa abaixo da nacional, diferentemente do ocorrido em janeiro/16. A pesquisa demonstrou que os setores que contribuíram para a maior parte desse deslocamento foram às quedas na produção de: veículos, produtos de metal e minerais não metálicos, além dos produtos alimentícios. Já o setor de fabricação de outros produtos químicos apresentou recuperação bem acima da média nacional, tendo em vista as condições favoráveis com a queda da taxa cambial, beneficiando o pólo farmacêutico em Goiás, que depende de insumos importados.
Em âmbito setorial, comparação de março/16 com março/15, observa-se na Tabela 2 que na indústria de transformação, o setor de outros produtos químicos se destaca com crescimento de 27,6%, impulsionado pela maior produção adubos e fertilizantes. Vale mencionar também os avanços vindos da fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (2,3%), pela maior produção de medicamentos.
Nos demais setores, as maiores quedas ocorreram na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-52,6%), pressionados pela menor produção de automóveis e de veículos para transporte de mercadorias; produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-35,4%), pressionados pela queda na produção de latas de ferro e aço para embalagem de produtos diversos e esquadrias de ferro, aço e alumínio. E na fabricação de produtos alimentícios (-10,0%).
Ao contrário do que ocorreu nos dois primeiros meses do ano, o setor extrativo apresenta queda de 21,1%, explicado, em grande parte, pela queda na produção de minérios de cobre em bruto e amianto, dado os estoques ainda existentes.
Tabela 2 – Produção Industrial Mensal por atividades (Base: igual mês do ano anterior) |
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Atividades de Indústria |
Variação Percentual (%) |
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Março16 / Março15 |
Acumulado no ano |
Acumulado em 12 meses |
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Brasil |
Goiás |
Brasil |
Goiás |
Brasil |
Goiás |
|
Indústria geral |
-11,3 |
-14,3 |
-11,6 |
-10,2 |
-9,7 |
-2,4 |
Indústrias extrativas |
-16,7 |
-21,1 |
-15,3 |
-3,4 |
-2,8 |
-5,1 |
Indústrias de transformação |
-10,6 |
-13,9 |
-11,1 |
-10,6 |
-10,6 |
-2,3 |
Fabricação de produtos alimentícios |
0,1 |
-10,0 |
-1,4 |
-3,9 |
-2,1 |
0,9 |
Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis |
-5,8 |
-6,3 |
-1,3 |
-12,0 |
-4,8 |
19,3 |
Fabricação de outros produtos químicos |
-0,2 |
27,6 |
-1,9 |
11,2 |
-4,6 |
-3,5 |
Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos |
2,7 |
2,3 |
0,9 |
-8,3 |
-8,5 |
-12,2 |
Fabricação de produtos de minerais não metálicos |
-14,3 |
-18,4 |
-13,4 |
-13,2 |
-9,8 |
-12,4 |
Metalurgia |
-14,4 |
-7,6 |
-14,0 |
-1,3 |
-10,7 |
0,5 |
Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos. |
-19,6 |
-35,4 |
-17,0 |
-35,8 |
-14,1 |
-23,5 |
Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias. |
-23,8 |
-52,6 |
-27,8 |
-48,5 |
-27,8 |
-39,0 |
Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2016. |
Com esses resultados verificados em março demonstram que a crise política e econômica ainda persiste, afetando o setor industrial em todo o país. O setor automobilístico, por exemplo, deverá retomar a produção efetivamente quando liquidar seus estoques que se acumula a cada ano.
A indústria de produtos alimentícios voltou a recuar, após registrar variação positiva em fevereiro. A inflação mais elevada acaba comprometendo a renda das famílias, com isso leva a uma redução da demanda por alimentos. Tanto é que o volume de vendas no varejo goiano nos segmentos de Hipermercados e supermercados apresenta recuo desde 2014. Por outro lado, surge um alento, os segmentos exportadores dessa indústria são favorecidos pelo bom desempenho da produção de soja, açúcar e carnes o que acaba compensando a forte continuidade da baixa demanda interna.
Porém, analistas afirmam que os grupos que compõem as indústrias de alimentos, têxtil, vestuário e calçados e informática e eletrodomésticos, poderá ter início a um processo de ajuste em seus estoques. Esta percepção se mostra melhor em função da continuidade dos ajustes dos estoques ainda existentes. O Índice de Confiança do Empresário Industrial, levantado pela FGV, para março apresentou leve alta, mas ainda reflete um ambiente de incerteza econômica e política.
Equipe de Conjuntura do IMB:
Alex Felipe Rodrigues Lima
Dinamar Maria Ferreira Marques
Luiz Batista Alves
Sérgio Borges Fonseca Júnior