Desemprego em Goiás sobe no quarto trimestre de 2016
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação1 em Goiás foi estimada em 11,2%, no período de outubro a dezembro de 2016, um aumento de 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior. Esse aumento significa 34 mil pessoas a mais na fila de espera por uma vaga de trabalho, perfazendo um total de 396 mil desempregados no estado. Apesar da desocupação em Goiás continuar alta e longe dos níveis registrados no ano de 2014, ainda sim, representa a décima menor taxa entre as Unidades da Federação e 0,8 ponto percentual abaixo da média nacional (Gráficos 1 e 2).
Segundo dados da PNAD, em relação ao trimestre anterior, a força de trabalho2 aumentou em cerca de 71 mil pessoas enquanto o total de pessoas de 14 anos ou mais de idade cresceu em 29 mil, ou seja, cerca de 42 mil pessoas, que estavam fora da força de trabalho, passaram a procurar emprego. Foram criadas 39 mil vagas, em relação ao trimestre anterior, que representa 55% das pessoas que ingressaram na força de trabalho, elevando a taxa de desocupação (desocupados/força de trabalho).
A população ocupada em Goiás teve redução de 1,36% em 2016, isso significa dizer que do final do ano passado até dezembro desse ano, cerca de 42 mil pessoas perderam seus empregos. Com isso, o nível de ocupação (indicador que mede a parcela da população ocupada em relação à população em idade de trabalhar – PIT) caiu para 58% no quarto trimestre de 2016, uma redução de 1,8 ponto percentual em relação ao último período de 2015. O grupamento de atividades de alojamento e alimentação teve o maior aumento no número de ocupados e as atividades ligadas à construção a maior redução (Gráfico 03).
Do ponto de vista do vínculo empregatício, posição na ocupação no trabalho principal, apenas os empregados tiveram aumento no número de ocupados, em relação ao último trimestre de 2015, elevação de 0,68%, que representa 15 mil pessoas a mais. Das 42 mil pessoas a menos no número total de ocupados, a maior parcela (69,1%) eram empregados, pessoas que trabalhavam para um empregador, geralmente obrigando-se ao cumprimento de uma jornada de trabalho e recebendo em contrapartida uma remuneração (Tabela 01).
A maior redução no número de pessoas ocupadas, segundo dados da PNAD, foi de trabalhadores por conta própria, cerca de 49 mil pessoas a menos, uma variação de -6,16%. Os empregadores, pessoas que trabalhavam explorando o seu próprio empreendimento, com pelo menos um empregado, tiveram uma redução de -5,48%. Em termos absolutos, registrou-se 8 mil empregadores ocupados a menos que no último período de 2015 (Tabela 01).
Na análise dos indicadores por faixa etária, observou-se, no último trimestre de 2016, uma maior taxa de desocupação para as pessoas de 14 a 17 anos de idade (39,6%), 12,5 pontos percentuais a mais que a do último trimestre de 2015. Em termos absolutos significa 15 mil pessoas a mais nessa faixa etária a procura de emprego, perfazendo um total de 46 mil desocupados. Além disso, o nível de ocupação nessa faixa de idade caiu 3,3 pontos percentuais, cerca de 14 mil pessoas nessa idade perderam o emprego em 2016.
Fato semelhante ocorreu com a faixa etária de 18 a 24 anos, redução no nível de ocupação e aumento no número de desocupados, contudo, nesse caso, a força de trabalho aumentou bastante, registraram-se 57 mil pessoas a mais que em 2015. Conforme observado na tabela 2, não houve aumento no número de ocupados nessa faixa etária, ou seja, essas pessoas não foram absolvidas pelo mercado, aumentando a taxa de desocupação em 8,7 pontos, em relação ao último trimestre de 2015.
Os dados por nível de instrução revelaram que apenas dois grupos tiveram redução na força de trabalho, os trabalhadores sem instrução e menos de um ano de estudo e os com nível fundamental ou equivalente completo. Por outro lado, houve aumento no número de ocupados apenas para trabalhadores com nível médio completo e nível superior completo, ambos com as menores taxas de desocupação registradas para o período.
Renda do Trabalhador
O rendimento médio real (descontada a inflação) de todos os trabalhos, habitualmente recebido por mês, pelas pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas na semana de referência, em Goiás, foi estimado em R$ 1.902,00, um ganho real de 1,63% em relação ao último trimestre de 2015. Os trabalhadores do sexo masculino tiveram aumento de 1,22%, contra aumento de 2,95% no salário real das mulheres (Quadro 03).
A massa de rendimento real de todos os trabalhos (soma de todos os salários pagos no país) somou R$ 5,8 bilhões, no mês de referência, registrando um aumento de 1,68% no comparativo com o último trimestre de 2015. Do somatório dos rendimentos (massa salarial), 65,88% foram provenientes dos empregados, 11,64% dos empregadores e 22,49% dos trabalhadores por conta própria. Observou-se, em relação ao trimestre anterior, aumento na massa dos empregados, 4,23% em relação ao último período de 2015, as demais categorias de trabalhadores tiveram redução, empregadores (-1,56) e conta própria (-3,38%).
Na análise por Grupamentos de atividade no trabalho principal, a maior variação ocorrida no rendimento médio real do trabalho principal, habitualmente recebido por mês, em relação ao último trimestre de 2015, segundo dados da PNAD Contínua, foi observada para o empregado no setor público – com carteira de trabalho assinada (aumento de 32,17%). Por outro lado, os militares e RJU tiveram uma redução 2,96% no rendimento médio (Quadro 01).
Subocupação
De acordo com o IBGE, o grupo considerado subocupados por insuficiência de horas trabalhadas3 – pessoas que estão ocupadas, mas têm uma jornada menor do que 40 horas semanais – chegou a 109 mil pessoas no quarto trimestre de 2016, em Goiás. A soma de desocupados com subocupados por insuficiência de horas trabalhadas totalizou 504 mil pessoas, ou 9,32% do contingente total de pessoas em idade de trabalhar. A taxa combinada da subocupação por insuficiência de horas e da desocupação chegou a 14,3%.
A força de trabalho potencial4 em Goiás totalizou a 122 mil pessoas no quarto trimestre de 2016. Com isso, a taxa combinada de desocupação e força de trabalho potencial ficou em 14,2%. Estão incluídos nesse grupo os que se encaixam no chamado desalento, que são os que desistiram do mercado de trabalho porque já não acreditam mais que poderão conseguir alguma vaga. Somados os 396 mil desocupados, os 109 mil subocupados e os que compõem a força de trabalho potencial, totalizam, em Goiás, 627 mil pessoas que precisam de trabalho. A série completa das quatro taxas de subutilização da força de trabalho para Goiás pode ser observada no Gráfico 04, a seguir.
Responsável Técnico:
João Quirino Rodrigues Junior
Gerência de Estudos Socioeconômicos e Especiais
1 São classificadas como desocupadas, na semana de referência, as pessoas sem trabalho (que geram rendimentos para o domicílio) nessa semana, que tomaram alguma providência efetiva para consegui-lo no período de referência de 30 dias e que estavam disponíveis para assumi-lo na semana de referência. Consideram-se, também, como desocupadas, as pessoas sem trabalho na semana de referência que não tomaram providência efetiva para conseguir trabalho no período de referência de 30 dias, porque já haviam conseguido trabalho que iriam começar após a semana de referência.
2 As pessoas na força de trabalho na semana de referência compreendem as pessoas ocupadas e as pessoas desocupadas nesse período.
3 São consideradas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas as pessoas 14 anos ou mais de idade que, na semana de referência, trabalhavam habitualmente menos de 40 horas no seu único trabalho ou no conjunto de todos os seus trabalhos, gostariam de trabalhar mais horas que as habitualmente trabalhadas e estavam disponíveis para trabalhar mais horas no período de 30 dias, contados a partir do primeiro dia da semana de referência.
4 Contingente formado por dois grupos: I. pessoas que realizaram busca efetiva por trabalho, mas não se encontravam disponíveis para trabalhar na semana de referência; II. pessoas que não realizaram busca efetiva por trabalho, mas gostariam de ter um trabalho e estavam disponíveis para trabalhar na semana de referência.