Apesar da crise indústria goiana cresce 7,39% nos últimos 12 meses
A indústria brasileira registrou recuperação em janeiro na comparação com dezembro do ano passado, com um crescimento de 2,28%, puxada pelo bom desempenho da indústria automobilística. Em dezembro houve uma queda de (-12,69%). Esta taxa de 2,28% foi a primeira alta neste tipo de comparação, após três meses de queda (outubro/08 -1,41%, novembro/08 -7,14% e dezembro/08 -12,69%). Redução de IPI para veículos trouxe um alívio temporário, mas queda na produção se disseminou em quase todos os setores da indústria. Na comparação janeiro/2009 com janeiro/2008 a produção industrial recuou 17,23%, sendo o pior resultado nessa base de comparação, segundo o IBGE. Com este resultado evidencia o aprofundamento do ritmo de queda e o quanto a crise mundial está afetando o setor industrial.O indicador acumulado nos últimos doze meses, em trajetória descendente, atingiu neste mês de janeiro taxa de 0,98%, sua marca mais baixa desde fevereiro de 2004 (0,20%).
O acréscimo de 2,28% no ritmo produtivo do indicador global não alterou a trajetória declinante do índice de média móvel trimestral, que apresentou variação de -6,23% entre janeiro e dezembro. Esse movimento está presente em todas as categorias de uso, e é liderado por bens de consumo duráveis (-11,48%) e bens de capital (-7,44%). Bens intermediários (-5,42%) e bens de consumo semi e não duráveis (-1,84%) apresentaram quedas inferiores à média nacional.
Em relação a janeiro de 2008, o setor de bens de consumo duráveis – automóveis e eletrodomésticos encolheu 30,92%. O setor de bens intermediários caiu 20,37%. Este segmento que inclui insumos vinha sofrendo antes da crise, perdendo competitividade com a queda do dólar, agora, com a alta do dólar continua sendo afetado, pois a demanda externa está em queda. Bens de capital – indústria de máquinas e equipamentos, cujo crescimento indica tendência de expansão da capacidade produtiva do país, encolheu 13,35%. O segmento de bens de consumo semi e não-duráveis, que engloba as indústrias de alimento e vestuário, entre outras, apresentou a menor queda -8,29%%. São setores dependentes da variação da renda do trabalhador, que, embora tenha caído ainda não se movimentou de forma dramática. Segundos técnicos do IBGE, estes setores nos próximos meses, ainda serão ancorado pelo aumento do salário mínimo e pelos programas de transferência de renda.
Tabela 1
Indicadores da Produção Industrial por Categorias de Uso – Brasil – janeiro 2009
(%)
Categorias de Uso
|
Mês/mês*
|
Mensal
|
Acumulado no ano
|
Acumulado 12 meses
|
Bens de Capital
|
8,42
|
-13,35
|
-13,35
|
12,00
|
Bens Intermediários
|
0,84
|
-20,37
|
-20,37
|
-0,76
|
Bens de Consumo
|
3,57
|
-13,67
|
-13,67
|
0,22
|
Duráveis
|
38,57
|
-30,92
|
-30,92
|
0,16
|
Semiduráveis e não duráveis
|
-0,55
|
-8,29
|
-8,29
|
0,23
|
Indústria Geral
|
2,28
|
-17,23
|
-17,23
|
1,04
|
|
|
|
|
|
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
· Série com ajuste sazonal
Na passagem de dezembro para janeiro, os índices regionais da produção industrial ajustados sazonalmente avançaram em oito dos quatorze locais pesquisados, com destaque para Paraná (6,83%), Pernambuco (6,37%), Santa Catarina (4,99%) e Rio Grande do Sul (3,62%), que assinalaram expansão acima da média nacional (2,28%). Os demais locais com taxas positivas nesse tipo de confronto foram: São Paulo (2,17%), Minas Gerais (2,14%), região Nordeste (1,97%) e Pará (1,12%). Entre as áreas que reduziram a produção destacaram-se, com as quedas mais elevadas, Amazonas (-5,50%) e Espírito Santo (-4,56%).
Na comparação janeiro 09/ janeiro 08, que para o total do país ficou em –17,23%, os índices regionais registraram queda generalizada, refletindo a ampliação da queda na atividade industrial. Entre as áreas com taxas negativas mais acentuadas figuram: Espírito Santo (-33,21%), Minas Gerais (-28,92%), Amazonas (-23,14%), Rio Grande do Sul (-20,26%) e São Paulo (-18,03%). Também com resultados negativos, porém acima do crescimento do país, encontram-se: Ceará (-5,32%), Goiás (-7,28%), Pará (-7,45%), Pernambuco (-7,51%), Paraná (-8,42%), região Nordeste (-10,69%), Santa Catarina (-11,62%), Rio de Janeiro (-13,00%) e Bahia (-16,80%).
Gráfico-1- Produção Industrial
Janeiro 2009
(Base: igual período do ano anterior)
(%)
Fonte: IBGE
De modo geral, nota-se que, nos estados em que há produção de veículos automotores, houve uma melhora da atividade industrial na comparação mês/mês, série com ajuste sazonal. É o caso de São Paulo, Minas, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia, ou seja, o crescimento na margem do segmento de automóveis fez com que, em grande medida, esses estados apresentassem resultados mais favoráveis em janeiro em relação a dezembro. Conforme tabela-2, a indústria regional desacelerou em todas as localidades pesquisadas no quarto trimestre de 2008, refletindo os efeitos da crisemundial, somente Pará (1,62%) Goiás (1,59%) e Paraná (1,00%) apresentaram resultados positivos nessa comparação.
Tabela 2
Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física
Indicadores Regionais
(%)
Brasil, Região Geográfica e Unidade da Federação
|
Acumulado Jan-Set 2008
|
4º Trimestre 2008
|
Mês/mês
|
Mesmo mês ano anterior
|
Brasil
|
6,44
|
-6,28
|
2,28
|
-17,23
|
Nordeste
|
3,98
|
-5,16
|
1,97
|
-10,69
|
Amazonas
|
7,01
|
-4,55
|
-5,50
|
-23,14
|
Pará
|
7,01
|
1,62
|
1,12
|
-7,45
|
Ceará
|
3,98
|
-1,31
|
-0,79
|
-5,32
|
Pernambuco
|
7,13
|
-2,52
|
6,37
|
-7,51
|
Bahia
|
5,09
|
-5,42
|
-0,21
|
-16,80
|
Minas Gerais
|
6,62
|
-12,94
|
2,14
|
-28,92
|
Espírito Santo
|
14,79
|
-18,58
|
-4,56
|
-33,21
|
Rio de Janeiro
|
3,28
|
-3,69
|
-1,63
|
-13,00
|
São Paulo
|
8,68
|
-4,40
|
2,17
|
-18,03
|
Paraná
|
11,24
|
1,00
|
6,83
|
-8,42
|
Santa Catarina
|
1,66
|
-7,42
|
4,99
|
-11,62
|
Rio Grande do Sul
|
5,74
|
-7,70
|
3,62
|
-20,26
|
Goiás
|
10,99
|
1,59
|
-1,34
|
-7,28
|
Fonte: IBGE.
A produção da indústria goiana recuou 1,34% no mês de janeiro de 2009, em comparação a dezembro de 2008, após aumentar 0,86% em dezembro. O índice de média móvel trimestral prosseguiu apontando queda (-1,57%), quinta taxa negativa consecutiva, acumulando perda de 6,95% nesse período. Em relação a janeiro de 2008 a queda foi de 7,28%. O acumulado dos últimos doze meses (7,39%) mostrou perda de ritmo em relação ao fechamento do ano de 2008 (8,51%) e prossegue em trajetória de queda desde agosto último (9,47%). Os únicos segmentos com taxa positiva na comparação janeiro/09 janeiro/08 foram: Indústria extrativa e de minerais não metálicos.
Gráfico- 2
Produção Industrial – Goiás
Índice mensal X acumulado nos últimos 12 meses
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria
*Base: Igual mês do ano anterior = 100
**Base: Últimos doze meses anteriores = 100
A atividade industrial goiana recuou 7,28% frente a janeiro de 2008, com três das cinco atividades pesquisadas mostrando queda na produção. Entre essas, merecem destaque produtos químicos (-28,56%) e metalurgia básica (-33,79%) que assinalam as principais contribuições negativas na formação da taxa global da indústria. Nestas atividades, destacaram-se os itens adubos ou fertilizantes e ferroníquel, respectivamente. Por outro lado, cabe mencionar o desempenho das indústrias extrativas (7,28%), impulsionado, sobretudo pelo aumento na produção de amianto.
Na passagem do último trimestre do ano passado (1,59%) para janeiro deste ano (-7,28%), quatro atividades reduziram sua participação entre os dois períodos. As perdas mais intensas ocorreram em alimentos e bebidas, que passou de 5,25% para –1,69%; produtos químicos (de –14,80% para –28,59%) e metalúrgica básica (de –10,50% para –33,79%), respectivamente.
Gráfico- 3
Goiás – Produção Industrial
Janeiro 2009
(Base: igual período do ano anterior)
(%)
Fonte: IBGE
O destaque da pesquisa industrial para Goiás foi o segmento de minerais não metálicos, que vem de uma trajetória de taxas positivas, iniciada em fevereiro de 2008. Este desempenho está diretamente relacionado ao dinamismo da construção civil iniciado no ano de 2008. A atividade construtora funciona como “pilar básico” do sistema econômico, dado as suas características multiplicadoras e aceleradoras da economia. Sendo a construção uma atividade de trabalho – intensivo, sua importância na geração de empregos é fundamental. Conforme dados do Caged do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, no ano de 2008 a atividade de construção civil criou 8.711 novas ocupações em Goiás, ante 5.000 ocupações em 2007.
Tabela 3
Estado de Goiás: Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – janeiro/2009
(Base: Igual período do ano anterior =100)
Segmentos
|
Mensal
|
Acumulado no ano
|
Últimos 12 meses
|
Indústria geral
|
-7,28
|
-7,28
|
7,39
|
Indústria extrativa
|
7,42
|
7,42
|
11,41
|
Indústria de transformação
|
-8,66
|
-8,66
|
7,04
|
Alimentos e bebidas
|
-1,69
|
-1,69
|
9,22
|
Produtos químicos
|
-28,56
|
-28,56
|
4,99
|
Minerais não metálicos
|
0,49
|
0,49
|
7,16
|
Metalurgia básica
|
-33,79
|
-33,79
|
-8,64
|
Fonte: IBGE.
Equipe de Conjuntura da Seplan:
Dinamar Ferreira Marques
Marcos Fernando Arriel
Maria de Fátima Mendonça Faleiro Rocha