A queda de 11,13% na produção industrial goiana foi a maior desde o início da série em 2003


A produção industrial brasileira em fevereiro avançou 1,80% frente a janeiro, com ajuste sazonal. Na comparação com igual mês de 2008 o recuo foi de 16,97%. Nos dois primeiros meses do ano acumulou uma queda de 17,21% em relação ao mesmo período do ano passado. O indicador acumulado nos últimos doze meses, em trajetória descendente, atingiu neste mês de fevereiro o primeiro resultado negativo desde setembro de 2002 (-0,40%).

O índice de média móvel trimestral recuou (-3,33%) entre janeiro e fevereiro, num ritmo menos acentuado de queda que nos dois meses anteriores: dezembro (-6,91%) e janeiro (-6,27%). Ainda em relação ao movimento deste índice na margem, o destaque foi bens de consumo duráveis (0,37%), única categoria que ampliou sua produção, ao passo que nas demais áreas as taxas permaneceram negativas: bens de capital (-9,52%), bens intermediários (-3,74%) e bens de consumo semi e não- duráveis (-1,06%).

Na comparação com fevereiro de 2008, os índices foram negativos para todas as categorias de uso. Bens de capital (-24,42%) registrou a taxa mais negativa em fevereiro do que nos dois meses anteriores (dezembro e janeiro, ambos com –14,5%), indústria de máquinas e equipamentos continuou recuando em fevereiro (-32,20%)  e  janeiro  (-25,45%), acumulando queda  de 49,46% no bimestre, indicando tendência de recuo na capacidade produtiva do País.  O setor de bens intermediários manteve sequência de cinco taxas negativas (-21,95%), com praticamente todos os seus segmentos assinalando redução. Bens de consumo duráveis também teve recuo bastante elevado, com (24,33%).

 

 

 

 

Tabela 1

Indicadores da Produção Industrial por Categorias de Uso – Brasil – fevereiro 2009

                                                                                                                                                                   

(%)

Categorias de Uso

Mês/mês*

Mensal

Acumulado no ano

Acumulado 12 meses

Bens de Capital

-6,27

-24,42

-19,54

8,06

Bens Intermediários

1,51

-20,95

-20,72

-3,16

Bens de Consumo

3,74

-8,74

-11,32

-0,82

Duráveis

10,54

-24,33

-27,61

-3,17

Semiduráveis e não duráveis

1,67

-3,25

-5,92

-0,08

Indústria Geral

1,80

-16,97

-17,21

-0,98

 

 

 

 

 

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria

·          Série com ajuste sazonal

 

 

Com o avanço de 1,80% observado no total da indústria entre janeiro e fevereiro, após aumento de 2,15% no mês anterior, o patamar de produção voltou ao nível próximo de junho de 2004. Dos vinte e sete ramos, dezesseis apresentaram crescimento, com destaque para veículos automotores (8,67%), refletindo principalmente a retomada na produção de automóveis. Esse setor acumulou alta de 52,17% nos dois primeiros meses de 2009, após as paralisações nos meses de novembro e dezembro. Também merecem destaque os aumentos em: outros produtos químicos (7,96%), edição e impressão (10,34%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (8,74%) e alimentos (1,36%). As principais pressões negativas vieram de farmacêutica (-6,91%); máquinas e equipamentos (-3,24%); e outros equipamentos de transporte (-4,22%).

A reação da produção industrial de 1,80% em fevereiro comparado a janeiro, apesar de ser uma taxa positiva, ainda é insuficiente para compensar as quedas registradas nos meses anteriores. Desde outubro do ano passado, quando a crise começou a ficar mais forte, o setor acumulou uma queda de 16,87%. O destaque no setor industrial continua sendo a produção de veículos automotores, que apresentou crescimento de 8,67% na produção no mês de fevereiro comparado ao mês anterior, atingindo uma taxa acumulada de 52,17% nestes dois meses, impulsionado pela redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI).

Na comparação com o mês anterior, o segmento de bens de consumo duráveis alcançou a taxa de 10,54% mais elevada entre as categorias de uso, seu segundo resultado positivo consecutivo, que levou a um crescimento de 50,54% frente a dezembro de 2008. A produção de bens de consumo semi e não-duráveis (1,67%) reverteu o sinal após quatro meses de taxas negativas, período que acumulou perda de 7,58%. Bens intermediários (1,51%) assinalou o segundo avanço consecutivo em 2009, enquanto o setor de bens de capital (-6,27%) foi o único a reduzir a produção na passagem de janeiro para fevereiro.

Entre janeiro e fevereiro, os índices regionais da produção industrial ajustados sazonalmente avançaram em nove dos quatorze locais pesquisados, com destaque para Bahia (13,72%), Espírito Santo (8,33%), Minas Gerais (5,68%), Paraná (5,66%) e região Nordeste (4,05%), que registraram aumentos bem acima da média nacional (1,80%). Os demais locais com taxas positivas nesse confronto foram: Rio Grande do Sul (1,60%), Pará (0,85%), Ceará (0,82%) e São Paulo (0,55%). Entre as cinco áreas que reduziram a produção, Pernambuco (-5,57%) e Santa Catarina (-4,63%) registraram quedas mais elevadas que Goiás (-0,49%), Rio de Janeiro (-1,67%) e Amazonas (-2,19%).

Na comparação com fevereiro de 2008, treze entre os quatorzes locais pesquisados apresentaram recuo na produção. Com quedas menores que a observada em nível nacional (-16,97%) figuraram: Bahia (-10,00%), Pará (-10,17%), Ceará (-10,51%), Goiás (-11,13%), região Nordeste (-12,07%) e Rio de Janeiro (-13,23%). Abaixo da média nacional ficaram: São Paulo (-17,49%), Pernambuco (-17,51%), Santa Catarina (-19,83%), Rio Grande do Sul (-20,5%), Amazonas (-20,8%), Minas Gerais (-26,00%) e Espírito Santo (-29,48%). Único local com aumento de produção em relação a fevereiro de 2008, o Paraná (1,48%), cujo índice refletiu o desempenho positivo do setor de edição e impressão, em razão das encomendas governamentais para início do ano letivo.

A indústria brasileira passa por um momento difícil, com desempenho pontual em poucos segmentos. São Paulo apresentou crescimento de apenas 0,55% em fevereiro frente a janeiro, na série com ajuste sazonal, ficando abaixo do resultado de 1,80% do Brasil. A indústria paulista é a mais diversificada do país, os efeitos da crise já são sentidos em praticamente todos os seus segmentos da atividade produtiva. No acumulado de janeiro a fevereiro de 2009, frente ao mesmo período de 2008, a queda chegou a 17,70%, influenciada pela queda na produção de veículos automotores, máquina e equipamentos e material eletrônico, ou seja, nos segmentos mais importantes para dinâmica produtiva do estado. Setores relevantes para as indústrias regionais, também vem apresentando resultados pífios nestes dois primeiros meses de 2009, como é o caso do setor de alimentos na região Nordeste e em Goiás.

 

 

Gráfico-1

Produção Industrial

Fevereiro 2009

(Base: igual período do ano anterior)

 

 

 

Tabela 2

Indicadores Conjunturais da Indústria

Resultados Regionais

 Fevereiro/2009

                                                                                                                                                                                                  

(%)

Brasil, Região Geográfica e Unidade da Federação

Mês/mês*

Mesmo mês ano anterior

Acumulado jan a fev

Doze meses

Brasil

1,80

-16,97

-17,21

-0,98

Nordeste

4,05

-12,07

-11,46

-1,83

Amazonas

-2,19

-20,84

-22,00

-2,16

Pará

0,85

-10,17

-8,75

2,62

Ceará

0,82

-10,51

-7,71

0,86

Pernambuco

-5,57

-17,51

-12,18

-0,76

Bahia

13,72

-10,00

-13,76

-0,89

Minas Gerais

5,68

-26,00

-27,65

-4,37

Espírito Santo

8,33

-29,48

-31,41

-1,88

Rio de Janeiro

-1,67

-13,23

-13,07

-1,64

São Paulo

0,55

-17,49

-17,70

0,76

Paraná

5,66

1,48

-3,54

5,68

Santa Catarina

-4,63

-19,83

-16,16

-3,91

Rio Grande do Sul

1,60

-20,50

-20,58

-2,48

Goiás

-0,49

-11,13

-9,24

5,09

Fonte: IBGE.

* com ajuste sazonal

 

 

Em fevereiro, a produção industrial de Goiás apresentou variação negativa de 0,49% frente ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais, após recuar 1,76% em janeiro, acumulando perda de 2,24% nesses dois meses. O índice de média móvel trimestral assinalou decréscimo de 0,52% entre janeiro e fevereiro, sétima taxa negativa consecutiva, com perda de 7,95% nesse período. Na comparação com igual mês do ano anterior, a queda de 11,13% foi a maior da série histórica iniciada em 2003. Com isso, o indicador acumulado no ano ficou em -9,24% e desacelerou frente ao resultado do último trimestre de 2008 (1,59%). O índice acumulado nos últimos doze meses também perdeu ritmo, passando de 8,51% para 5,09% entre dezembro e fevereiro deste ano.

No confronto com fevereiro de 2008, a retração de 11,13% deve-se ao desempenho negativo dos cinco ramos pesquisados, com destaque para produtos químicos (-43,62%) e alimentos e bebidas (-5,25%). Nestes ramos os itens medicamentos e adubos e fertilizantes, no primeiro; e leite em pó e tortas, bagaços e farelos de soja, no segundo, destacaram-se como principais produtos.

No indicador acumulado no ano, o recuo de 9,24% foi apoiado nos decréscimos de quatro atividades, com destaque para produtos químicos (-36,26%) e alimentos e bebidas (-3,53%), sobretudo devido aos acréscimos nos itens: adubos ou fertilizantes, medicamentos; e maionese, leite em pó, respectivamente. Por outro lado, sobressaiu a pressão positiva de indústrias extrativas (2,81%), com a maior produção de amianto e pedras britadas.

O resultado da indústria goiana nestes dois primeiros meses do ano confirma o agravamento da crise que começou a afetar a produção industrial mais fortemente a partir de outubro de 2008. Setores como a indústria química, que sofre os impactos da desvalorização do real, foram bastante afetados no custo da matéria-prima, que em grande parte é importada. Já na produção de fertilizantes, a queda refletiu a falta de crédito no mercado e ao endividamento dos produtores agrícolas que são os grandes demandantes desse insumo. Na metalurgia básica, devido ao recuo da demanda mundial por commodities mineral, houve queda no ritmo de produção de ferroníquel e ferronióbio. O fato que chama atenção é a queda na atividade de minerais não metálicos, que vinha de uma trajetória de taxas positivas desde fevereiro de 2008, impulsionada pela expansão da construção civil.  

 

 

 

Gráfico-2

Produção Industrial – Goiás

Índice mensal X acumulado nos últimos 12 meses

 

 



Gráfico-3

Goiás – Produção Industrial

Fevereiro/2009

(Base: igual período do ano anterior)

 

 

 

 

Tabela 3

Estado de Goiás: Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – fevereiro/2009

(Base: Igual período do ano anterior =100)

(%)

Segmentos

Mensal

Acumulado jan e fev

Últimos 12 meses

Indústria geral

-11,13

-9,24

5,09

Indústria extrativa

-1,58

2,81

10,07

Indústria de transformação

-12,04

-10,38

4,65

  Alimentos e bebidas

-5,25

-3,53

7,40

Produtos químicos

-43,62

-36,26

-2,42

Minerais não metálicos

-2,67

-1,01

6,78

Metalurgia básica

-14,04

-24,32

-9,64

 

 

 

 

Fonte: IBGE

 

 

 

.

 

Equipe de Conjuntura da Seplan:

Dinamar Ferreira Marques

Marcos Fernando Arriel

Maria de Fátima Mendonça Faleiro Rocha

 

 

Governo na palma da mão

Pular para o conteúdo