A produção industrial goiana recuou 7,8% em outubro


A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta queda de 2,2% para a indústria goiana (transformação e extrativa mineral) comparativo de outubro/15 com setembro/15, – série com ajuste sazonal. Nessa mesma base de comparação, a produção nacional apresentou queda de 0,7%. As únicas variações positivas ocorreram nos Estados da Bahia (2,2%), Ceará (0,9%), Pernambuco (0,3%) e Santa Catarina (0,2%). Por outro lado, as quedas mais acentuadas ocorreram no Pará (-6,0%), Paraná            (-5,7%), Espírito Santo (-5,1%) e Amazonas (-4,9%), vide Tabela 1.

Na comparação outubro 15 / outubro 14, a indústria goiana apresentou queda de 7,8%, ficando em 5º lugar no ranking entre as unidades pesquisadas, em um cenário em que apenas duas localidades apresentaram taxas positivas. Nessa base de comparação doze localidades registraram queda na produção, conforme Tabela 1. O Estado de Mato Grosso liderou o crescimento industrial, com 4,5%, impulsionados, em grande parte, pelo comportamento positivo vindo dos setores de produtos alimentícios, de produtos de madeira, de outros produtos químicos e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis. Ainda nessa comparação, a maior queda entre as unidades pesquisadas foi verificada no Estado do Amazonas (-20,6%), pressionado pela queda na produção dos setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, equipamentos de transporte, de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, de impressão e reprodução de gravações, de máquinas e equipamentos, de máquinas, aparelhos e materiais elétricos e de produtos de borracha e de material plástico.

Tabela 1 – Indicadores Conjunturais da Indústria

Resultados Regionais – Outubro de 2015

Locais

Variação (%)

Com Ajuste Sazonal

Sem Ajuste Sazonal

Outubro 15 / Setembro 15

Outubro 15 / Outubro 14

Acumulado no ano

Acumulado nos últimos 12 meses

Brasil

-0,7

-11,3

-7,8

-7,2

Nordeste

-0,5

-6,4

-4,6

-3,9

Amazonas

-4,9

-20,6

-15,1

-14,5

Pará

-6,0

3,6

5,9

5,6

Ceará

0,9

-9,2

-9,4

-8,4

Pernambuco

0,3

-4,2

-3,4

-3,7

Bahia

2,2

-9,0

-6,4

-5,5

Minas Gerais

-0,1

-7,8

-7,3

-7,0

Espírito Santo

-5,1

-5,2

9,5

9,9

Rio de Janeiro

-0,9

-11,1

-6,3

-5,4

São Paulo

-0,4

-13,0

-10,5

-10,4

Paraná

-5,7

-14,3

-8,5

-7,5

Santa Catarina

0,2

-11,1

-8,0

-7,3

Rio Grande do Sul

-0,8

-16,6

-11,8

-10,4

Mato Grosso

0,0

4,5

3,4

4,0

Goiás

-2,2

-7,8

-1,8

-1,1

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.

Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2015.

 

 

 
           

Conforme Gráfico 1, os resultados da indústria goiana nos últimos meses estavam descolados da média nacional, que registram quedas mais acentuadas. A explicação é que alguns fatores específicos da indústria goiana têm mostrado desempenho diferenciado ao longo do ano. Em termos de impactos positivos, o setor de fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (etanol), vem segurando o resultado de Goiás acima da média brasileira.

Porém, para os resultados de outubro/15 e diferentemente do que ocorreu em setembro/15, a indústria goiana apresentou queda muito maior do que a indústria brasileira. Em geral, esta queda na produção industrial continua ocorrendo devido ao reflexo dos menores índices de expectativas de empresários brasileiros, do aumento das taxas de juros pelo Banco Central e do ajuste fiscal, que afeta sobremaneira a decisão de novos investimentos. E o que se observa é que a crise no setor industrial não se restringe apenas a um determinado setor, está disseminada em bens de capital, de consumo duráveis e de bens intermediários.

Gráfico 1 – Produção Industrial Mensal (Base: igual mês do ano anterior)

 


 

Na comparação de outubro/15 com outubro/14, o setor industrial goiano apresentou queda de 7,8%. No indicador acumulado nos últimos doze meses houve variação positiva de 1,1% e no ano queda de 1,8%.

Em âmbito setorial, comparação de outubro/15 com outubro/14, a queda foi generalizada, sete das nove atividades tiveram queda, conforme Tabela 2. A atividade que apresentou variação positiva foi fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (13,1%), impulsionado, em grande medida, pela maior fabricação de álcool etílico. Ressalta-se que a metalurgia também apresentou alta (4,9%), explicada, em grande parte, pela maior produção de ferronióbio e ouro.

As quedas foram verificadas na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-63,6%), pressionadas, especialmente, pela menor produção de automóveis e veículos para transporte de mercadorias; fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-34,2%), em razão principalmente da queda na produção de latas de ferro e aço para embalagem de produtos diversos e esquadrias de ferro, aço e alumínio; fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-20,8%), pressionados, especialmente, pela menor produção de medicamentos; fabricação de produtos alimentícios (-5,7%), pressionados, pela menor produção de açúcar cristal, carnes de bovinos frescas ou refrigeradas, extrato, purês e polpas de tomate, leite esterilizado Longa Vida e leite em pó; fabricação de produtos de minerais não metálicos (-14,1%), ocasionados pela queda na produção de cimentos, telhas de cerâmica, revestimento, massa de concreto para construção e mistura para asfalto.

Tabela 2 – Produção Industrial Mensal por atividades (Base: igual mês do ano anterior)

Atividades de Indústria

Variação Percentual (%)

Outubro15 / Outubro14

Acumulado no ano

Acumulado em 12 meses

Brasil

Goiás

Brasil

Goiás

Brasil

Goiás

Indústria geral

-11,3

-7,8

-7,8

-1,8

-7,2

-1,1

Indústrias extrativas

-1,0

-7,4

6,3

-7,5

6,5

-6,9

Indústrias de transformação

-12,5

-7,9

-9,6

-1,5

-9,0

-0,7

Fabricação de produtos alimentícios

-0,8

-5,7

-3,1

-1,6

-3,9

-0,6

Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis

-7,6

13,1

-6,3

22,8

-5,5

25,4

Fabricação de outros produtos químicos

-5,3

-0,7

-4,3

-10,7

-4,2

-7,5

Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos

-3,0

-20,8

-13,2

-18,0

-11,6

-19,6

Fabricação de produtos de minerais não metálicos

-11,4

-14,1

-7,0

-15,1

-6,6

-15,1

Metalurgia

-10,7

4,9

-8,5

0,3

-9,0

2,8

Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos.

-17,1

-34,2

-11,2

-21,0

-10,9

-20,3

Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias.

-34,9

-63,6

-24,6

-15,9

-22,7

-14,8

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.

Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2015.

 

Os resultados da pesquisa do IBGE apontaram recuo na indústria goiana, tanto na extrativa, quanto na transformação, no ano as quedas acumuladas são de 7,5% e 1,5%, respectivamente. Na transformação, a produção de veículos automotores exerceu o principal impacto negativo na taxa global. Essa atividade vem apresentando queda desde abril de 2015. Este recuo se deve, em grande parte, ao aumento na taxa de juros que torna o crédito ainda mais caro.

Por outro lado, a produção de biocombustíveis (etanol) em Goiás sobressaiu aos demais segmentos. A atividade vem apresentando altas desde abril de 2014 (18 meses consecutivos), devido ao aumento no preço do etanol no varejo e a vantagem desde em relação à gasolina, são elementos que contribuem para o crescimento da produção.

O resultado da indústria goiana reforça a expectativa de continuidade do enfraquecimento do setor diante da manutenção do cenário de elevação dos estoques a taxas crescentes, juntamente com a queda da confiança do empresariado industrial. O que se percebe é que a crise na indústria não está somente no Estado de Goiás, se nos atentarmos para os dados da queda acumulada no ano, Goiás ocupa a quarta posição no ranking, com queda de 1,8%, os estados mais afetados são Amazonas (-15,1%), Rio Grande do Sul (-11,8%) e São Paulo (-10,5%).

A queda na indústria foi disseminada, afetando tanto a produção nacional quanto a maioria das unidades federativas.  Com a inflação persistente e o aumento do desemprego, o consumo das famílias tende a ficar ainda mais reduzido, dessa forma acaba refletindo na ótica da oferta. Com as incertezas econômicas e políticas, somadas a desvalorização cambial, a forte redução do crédito e a contínua piora do mercado de trabalho, revela um cenário não muito propício, principalmente para compras que exigem financiamentos de longo prazo, caso do setor automobilístico, o qual vem registrando fortes contrações em Goiás desde abril de 2015.

 

Equipe de Conjuntura do IMB:

Alex Felipe Rodrigues Lima

Dinamar Maria Ferreira Marques

Luiz Batista Alves

Sérgio Borges Fonseca Júnior

 

Governo na palma da mão

Pular para o conteúdo