A indústria alimentícia foi a principal responsável pelo bom resultado da indústria goiana em 2008.


A indústria brasileira registrou em dezembro a maior queda (-12,38%), desde o começo da série, em 1991, na comparação livre de efeitos sazonais com novembro. Nos últimos três meses do ano de 2008 houve uma forte reversão da produção industrial, acumulando uma perda de 19,80% entre dezembro e setembro, sendo -1,40% em outubro, -7,16% em novembro e -12,38% em dezembro.  Este resultado confirma que nossa indústria não ficou imune aos efeitos da crise mundial. Todas as categorias de uso registraram queda, com maior intensidade em bens de consumo duráveis (-20,40% em novembro e –34,30% em dezembro) e bens de capital (-4,00% e –22,21%), cujas quedas foram recordes. Em bens intermediários (-3,85% e -12,08%), o resultado de dezembro foi o menor desde os –13,48% de maio de 1995 e o quinto recuo consecutivo, acumulando perda de 20,63% entre julho e dezembro; e em bens de consumo semi e não duráveis (-0,66% e –4,21%), a taxa de dezembro foi a menor desde os –4,54% de fevereiro de 2005.

A redução de 12,38% refletiu o comportamento negativo dos vinte e sete ramos pesquisados, à exceção de celulose e papel (0,40%) e outros equipamentos de transporte (6,69%). O desempenho da indústria de veículos automotores, com queda de 39,65%, foi o principal impacto negativo no índice global, seguido por máquinas e equipamentos (-19,21%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (-48,84%), metalurgia básica (-18,27%), borracha e plástico (-20,12%), indústria extrativa (-11,82%) e outros produtos químicos (-9,02%). Esse quadro de queda generalizada é especialmente marcado pelo movimento de setores mais sensíveis à restrição de crédito e a queda das exportações de commodities.

A forte retração da indústria ocorreu devido a cautela por parte dos empresários em fazer novos investimentos, também pelo elevado nível de estoques nas indústrias, especialmente na indústria automotiva. Por outro lado os consumidores estão receosos em se endividarem, diminuindo o consumo e os bancos estão reduzindo o crédito, com medo do risco. Essa conjunção de fatores já começou a afetar a saúde financeira das empresas, algumas fábricas já começaram a ter problemas, concedendo férias coletivas a seus funcionários ou até demitindo.

 

Tabela 1

Indicadores da Produção Industrial por Categorias de Uso Brasil – Dezembro 2008

                                                                                                                                                                   (%)

Categorias de Uso

Mês/mês*

Mensal

Acumulado

Acumulado 12 meses

Bens de Capital

-22,21

-13,12

14,41

14,41

Bens Intermediários

-12,08

-18,21

1,55

1,55

Bens de Consumo

-9,30

-10,24

1,93

1,93

Duráveis

-34,30

-42,16

3,75

3,75

Semiduráveis e não duráveis

-4,21

-1,75

1,37

1,37

Indústria Geral

-12,38

-14,45

3,12

3,12

 

 

 

 

 

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria

·          série com ajuste sazonal

 

 

Na passagem de novembro para dezembro de 2008, os índices regionais da produção industrial, ajustados sazonalmente, recuaram em doze dos quatorze locais pesquisados com Minas Gerais (-16,40%), Bahia (-15,60%) e São Paulo (-14,92%) apontando as reduções mais acentuadas. Os demais recuos foram menores que a média nacional (-12,38%): Ceará (-4,15%), Pernambuco (-5,69%), Pará (-6,70%), Santa Catarina (-7,52%), Espírito Santo (-7,93%), Rio de janeiro (-8,17%), região Nordeste (-8,87%), Rio Grande do Sul (-10,03%) e Paraná (-11,27%). As únicas áreas que registraram acréscimo na produção entre novembro e dezembro foram Amazonas (0,89%) e Goiás (0,38%). Ainda na série com ajuste sazonal, no confronto com o trimestre imediatamente anterior, todos os locais pesquisados assinalaram perda de ritmo do quarto trimestre para o terceiro, refletindo os efeitos da crise financeira internacional a partir de setembro.

Em relação a dezembro de 2007, o setor industrial nacional recuou 14,45%, menor marca de toda série histórica, mesmo com a diferença de dois dias úteis a mais em dezembro de 2008 em relação a igual mês do ano anterior. Nessa comparação, os índices regionais foram predominantemente negativos, à exceção de Goiás (1,08%), evidenciando o aprofundamento do ritmo de queda e um alargamento do conjunto dos locais com recuo na produção. Espírito Santo (-29,62%), Minas Gerais (-27,06%), Rio Grande do Sul (-15,45%), São Paulo (-14,52%), Bahia (-13,94%) e Santa Catarina (-10,83%) registraram recuos a dois dígitos. Os demais resultados foram: Ceará (-3,92%), Pernambuco (-6,89%), Paraná (-6,65%), Pará (-6,89%), Amazonas (-9,74%), Rio de janeiro (-9,56%) e região Nordeste (-9,74%). Somente a produção industrial de Goiás registrou taxa positiva de 1,08%.

Com a abrupta alteração no cenário econômico mundial, todos os resultados da produção industrial para o fechamento do ano de 2008, em nível regional, ficaram abaixo do acumulado até setembro, influenciados pela desaceleração da atividade que se deu de forma pronunciada no quarto trimestre do ano. Espírito Santo (9,16 p.p.), Minas Gerais (5,01 p.p.) e São Paulo (3,43 p.p.) registraram as maiores perdas entre os dois períodos por terem na sua estrutura industrial a forte presença da cadeia do ramo automobilístico e de segmentos produtores de commodities, particularmente as metálicas (minérios de ferro e siderúrgicas), setores que desaceleraram acentuadamente no último trimestre. Mesmo com essa perda de ritmo, todos os locais fecharam o ano de 2008 com crescimento, à exceção de Santa Catarina (-0,67%) que, além dos fatores relacionados à crise, também sofreu os impactos da chuva que atingiu o estado.

Os indicadores regionais mostraram que a desaceleração no ritmo produtivo refletiu a forte reversão no ambiente econômico mundial a partir de meados de setembro, e seu impacto imediato sobre o crédito, que por sua vez vem deteriorando as expectativas dos agentes econômicos. A desaceleração ocorreu basicamente em todas as localidades, exceto Paraná e Goiás dado o perfil de suas indústrias, tendo a indústria alimentícia com maior peso.

 

 

 
Tabela 2

Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Regional – dezembro/2008

                                                                                                                                                                                                  (%)

Brasil, Região Geográfica e Unidade da Federação

Mês/mês

Mesmo mês ano anterior

Acumulado jan a dez

Doze meses

Brasil

-12,38

-14,45

3,12

3,12

Nordeste

-8,87

-9,74

1,40

1,40

Amazonas

0,89

-9,32

3,85

3,85

Pará

-6,70

-6,89

5,60

5,60

Ceará

-4,15

-3,92

2,53

2,53

Pernambuco

-5,69

-6,21

4,21

4,21

Bahia

-15,60

-13,94

2,33

2,33

Minas Gerais

-16,40

-27,06

1,62

1,62

Espírito Santo

-7,93

-29,62

5,63

5,63

Rio de Janeiro

-8,17

-9,56

1,48

1,48

São Paulo

-14,92

-14,52

5,25

5,25

Paraná

-11,27

-6,65

8,55

8,55

Santa Catarina

-7,52

-10,83

-0,67

-0,67

Rio Grande do Sul

-10,03

-15,45

2,48

2,48

Goiás

0,38

1,08

8,46

8,46

Fonte: IBGE.

 

Em dezembro, a produção industrial de Goiás, na série livre de influências sazonais, apresentou variação positiva de 0,38% em relação a novembro, após ter recuado 4,07% no mês imediatamente anterior. O índice de média móvel trimestral, entre novembro e dezembro, prosseguiu apontando queda (-0,42%), quarta taxa negativa consecutiva, acumulando perda de 5,50%. Na comparação com dezembro do ano passado, o setor industrial goiano cresceu 1,08%. Nos demais confrontos, os resultados foram os seguintes: 8,46% no acumulado do ano nos últimos doze meses, resultado bem acima 2,33% do fechamento de 2007. No corte trimestral, o aumento foi de 1,39% no quarto trimestre de 2008 em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto que, em relação ao trimestre imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais, houve recuo de 3,93%.

A atividade industrial goiana aumentou 1,08% no indicador mensal, após recuar 1,43% em novembro. Três dos cinco setores pesquisados contribuíram positivamente para este resultado, com destaque para minerais não-metálicos (15,50%), metalurgia básica (7,35%) e alimentos e bebidas (0,82%), onde sobressaiu, respectivamente, a fabricação de cimento; ferronióbio, e farinhas e ”pellets” derivados do óleo de soja. Em contraposição, produtos químicos (-8,34%) e extrativa mineral (-0,51%) reduziram a produção, principalmente devido ao decréscimo dos itens: adubos ou fertilizantes e amianto.

De janeiro a dezembro a expansão ficou em 8,46%, apontando o segundo melhor resultado entre as localidades pesquisadas. Quatro segmentos apresentaram taxas positivas nessa comparação. Alimentos e bebidas (9,81%) e extrativa mineral (13,29%) exerceram os principais impactos no resultado global, sobretudo devido ao aumento da produção de maionese, leite em pó, e amianto. Por outro lado, somente metalurgia básica fechou o ano com resultado negativo (-6,52%), principalmente em função da menor fabricação de ferroníquel.

O resultado da indústria goiana em dezembro confirmou o que já era previsto, que a produção industrial não ficaria imune aos efeitos da crise mundial. Setores como a indústria química, que sofre os impactos da desvalorização do real, foi bastante afetado no custo da matéria-prima, que em grande parte é importada. Na Metalurgia básica, devido à diminuição da demanda mundial por commodities mineral, houve queda no ritmo de produção de ferroníquel e ferronióbio. Entretanto, o segmento de alimento e bebidas foi o setor que basicamente alavancou a indústria goiana em 2008, puxados pela maior produção de maionese, molhos, óleo e farinha de soja. Também a atividade de minerais não metálicos cresceu, puxada pelo crescimento da construção civil.

 

 

Tabela 3

Estado de Goiás: Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – dezembro/2008

(Base: Igual período do ano anterior =100)

Segmentos

Mensal

Acumulado jan a dez

Últimos 12 meses

Indústria geral

1,08

8,46

8,46

Indústria extrativa

-0,51

13,29

13,29

Indústria de transformação

1,22

8,04

8,04

  Alimentos e bebidas

0,82

9,81

9,81

Produtos químicos

-8,34

8,31

8,31

Minerais não metálicos

15,50

6,84

6,84

Metalurgia básica

7,35

-6,52

-6,52

 Fonte: IBGE.

 

 

Equipe de Conjuntura da Seplan:

Dinamar Ferreira Marques

Marcos Fernando Arriel

Maria de Fátima Mendonça Faleiro Rocha

 

 

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