A produção industrial goiana apresenta recuperação, mas ainda recua 1,8% em dezembro


A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta queda de 0,6% para a indústria goiana (transformação e extrativa mineral) comparativo de dezembro/15 com novembro/15, – série com ajuste sazonal. Nessa mesma base de comparação, a produção nacional apresentou queda de 0,7%. As únicas variações positivas ocorreram nos Estados do Rio Grande do Sul (1,8%), Bahia (1,4%), Rio de Janeiro (1,3%), Minas Gerais (1,1%) e Ceará (0,6%). Por outro lado, as quedas mais acentuadas ocorreram em Pernambuco (-11,9%), Amazonas (-7,1%), Santa Catarina (-5,4%) e São Paulo (-2,3%), vide Tabela 1.

Na comparação dezembro 15 / dezembro 14, a indústria goiana apresentou queda de 1,8% em um cenário em que apenas duas localidades apresentaram taxas positivas. Nessa base de comparação doze localidades registraram queda na produção, conforme Tabela 1. Liderado pelo Estado de Mato Grosso, o crescimento industrial, com 18,7%, foi impulsionados, em grande parte, pelo comportamento positivo vindo dos setores de produtos alimentícios (carnes de bovinos frescas ou refrigeradas, tortas, bagaços, farelos e outros resíduos da extração do óleo de soja e óleos de soja em bruto) e de produtos de madeira (madeira serrada, aplainada ou polida). Apresentou a maior queda entre as unidades pesquisadas, nessa mesma comparação, o Estado do Amazonas (-29,9%), pressionado, em grande parte, pela queda na fabricação dos setores de bebidas (preparações em xarope para elaboração de bebidas para fins industriais), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, de equipamentos de transporte e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (naftas para petroquímica, óleos combustíveis e óleo diesel).

 

Tabela 1 – Indicadores Conjunturais da Indústria

Resultados Regionais – Dezembro de 2015

Locais

Variação (%)

Com Ajuste Sazonal

Sem Ajuste Sazonal

Dezembro 15 / Novembro 15

Dezembro15 / Dezembro14

Acumulado no ano

Acumulado nos últimos 12 meses

Brasil

-0,7

-11,9

-8,3

-8,3

Nordeste

-0,4

-5,6

-3,0

-3,0

Amazonas

-7,1

-29,9

-16,8

-16,8

Pará

-1,8

3,7

5,7

5,7

Ceará

0,6

-13,4

-9,7

-9,7

Pernambuco

-11,9

-9,8

-3,5

-3,5

Bahia

1,4

-5,9

-7,0

-7,0

Minas Gerais

1,1

-10,9

-7,9

-7,9

Espírito Santo

-1,7

-19,0

4,4

4,4

Rio de Janeiro

1,3

-10,1

-6,5

-6,5

São Paulo

-2,3

-12,4

-11,0

-11,0

Paraná

-0,7

-16,1

-9,6

-9,6

Santa Catarina

-5,4

-9,8

-7,9

-7,9

Rio Grande do Sul

1,8

-11,4

-11,8

-11,8

Mato Grosso

18,7

4,7

4,7

Goiás

-0,6

-1,8

-2,5

-2,5

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.

Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2016.

 

 
           

O Gráfico 1 apresenta os resultados da indústria goiana em cada mês do ano, percebendo-se um descolamento em relação à média nacional, que vinha registrando quedas mais acentuadas. A explicação é que alguns fatores específicos da indústria goiana têm mostrado desempenho diferenciado ao longo do ano. Em termos de impactos positivos, o setor de fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (etanol), ainda vem segurando o resultado de Goiás para que apresente comportamento acima da média brasileira.

 

 

 

 

Na comparação de dezembro/15 com dezembro/14, o setor industrial goiano apresentou queda de 1,8%. Foi a menor queda desde agosto/15. No indicador acumulado nos últimos doze meses houve variação negativa de 2,5%.

Em âmbito setorial, comparação de dezembro/15 com dezembro/14, houve recuperação em alguns setores, pois apenas três das nove atividades tiveram queda, conforme Tabela 2. Dentre as atividades que apresentaram variação positiva, destaca-se a fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (68,3%), impulsionado, em grande medida, pela maior fabricação de álcool etílico (etanol).

As quedas foram verificadas na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias -83,0%), pressionadas, especialmente, pela menor produção de automóveis e veículos para transporte de mercadorias; fabricação de produtos de metal (-9,4%), devido a menor produção de esquadrias de ferro, aço e alumínio e estruturas de ferro e aço em chapas ou em outras formas; fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-6,0%), pressionados, especialmente, pela menor produção de medicamentos.

 

Tabela 2 – Produção Industrial Mensal por atividades (Base: igual mês do ano anterior)

Atividades de Indústria

Variação Percentual (%)

Dezembro15/ Dezembro 14

Acumulado no ano

Acumulado em 12 meses

Brasil

Goiás

Brasil

Goiás

Brasil

Goiás

Indústria geral

-11,9

-1,8

-8,3

-2,5

-8,3

-2,5

Indústrias extrativas

-11,5

4,0

3,9

-6,0

3,9

-6,0

Indústrias de transformação

-11,9

-2,2

-9,9

-2,3

-9,9

-2,3

Fabricação de produtos alimentícios

4,6

1,3

-2,3

-2,0

-2,3

-2,0

Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis

-7,6

68,3

-5,9

23,4

-5,9

23,4

Fabricação de outros produtos químicos

-7,5

0,4

-4,9

-9,2

-4,9

-9,2

Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos

-4,5

-6,0

-12,2

-17,5

-12,2

-17,5

Fabricação de produtos de minerais não metálicos

-15,3

4,0

-7,8

-11,7

-7,8

-11,7

Metalurgia

-14,1

15,6

-8,9

1,4

-8,9

1,4

Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos.

-18,9

-9,4

-11,4

-19,7

-11,4

-19,7

Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias.

-30,9

-83,0

-25,9

-25,7

-25,9

-25,7

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.

Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2016.

 

Os resultados da pesquisa do IBGE apontaram recuo na indústria de transformação goiana (-2,2%), no ano a queda acumulada foi de 2,3% e a indústria extrativa apresentou boa recuperação, crescendo 4,0% e no ano com queda acumulada de 6,0%. Na transformação, a produção de veículos automotores continua exercendo o principal impacto negativo na taxa global. Essa atividade vem apresentando queda desde abril de 2015 (11 meses consecutivos). Este recuo se deve, em grande parte, as incertezas do consumidor dado ao aumento na taxa de juros que torna o crédito ainda mais caro.

Por outro lado, a produção de biocombustíveis (etanol) em Goiás sobressaiu positivamente aos demais segmentos. A atividade vem apresentando altas desde abril de 2014 (20 meses consecutivos), devido a constantes aumentos no preço do etanol no varejo e pelo aumento do teor de etanol na gasolina de 25% para 27% desde março de 2015, são elementos que tem contribuído para manter o crescimento da produção em Goiás.

Diante do cenário que a indústria goiana vem apresentando em 2015, nota-se um fechamento em queda no ano, devido ainda está trabalhando com estoques, além da baixa confiança do empresariado industrial e as altas taxas de juros em patamar elevado afetando continuamente a decisão de novos investimentos. Os dados da pesquisa demonstram que a crise na indústria não está localizada somente no Estado de Goiás, o indicador acumulado do ano aponta Goiás com queda de 2,5% e ainda nessa comparação os Estados mais afetados foram: Amazonas (-16,8%), Rio Grande do Sul (-11,8%) e São Paulo (-11,0%).

O que se observa é que a crise no setor industrial não se restringe apenas a um determinado setor, está disseminada em bens de capital, de consumo duráveis e de bens intermediários. O comportamento da indústria goiana de queda atingiu até aqueles segmentos de maior resiliência em relação aos demais segmentos industriais, caso da indústria alimentícia, segmento de maior relevância no total da indústria. A explicação para essa ocorrência em parte é devido à inflação crescente, que vem comprometendo a renda das famílias, levando a uma redução na demanda por produtos desse segmento. Já forte a desaceleração na fabricação de automóveis está relacionada à baixa confiança do consumidor e empresário, além da forte redução do crédito e manutenção da queda na taxa de emprego.

 

 

Equipe de Conjuntura doIMB:

Alex Felipe Rodrigues Lima

Dinamar Maria Ferreira Marques

Luiz Batista Alves

Sérgio Borges Fonseca Júnior

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