A produção industrial goiana continua em queda, recuou 9,4% em novembro


A produção industrial goiana continua em queda, recuou 9,4% em novembro

A Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta queda de 0,9% para a indústria goiana (transformação e extrativa mineral) comparativo de novembro/15 com outubro/15, – série com ajuste sazonal. Nessa mesma base de comparação, a produção nacional apresentou queda de 2,4%. As únicas variações positivas ocorreram nos Estados de Pernambuco (3,5%), Pará (1,9%), Santa Catarina (1,8%), Rio de Janeiro (1,2%) e Rio Grande do Sul (1,1%). Por outro lado, as quedas mais acentuadas ocorreram no Espírito Santo (-11,1%), Ceará (-4,5%), Minas Gerais (-4,0%) e São Paulo (-2,6%), vide Tabela 1.

Na comparação novembro 15 / novembro 14, a indústria goiana apresentou queda de 9,4%, permanecendo em 5º lugar no ranking entre as unidades pesquisadas, em um cenário em que apenas duas localidades apresentaram taxas positivas. Nessa base de comparação doze localidades registraram queda na produção, conforme Tabela 1. O Estado de Mato Grosso mantém a liderança no crescimento industrial, com 5,9% impulsionados, em grande parte pelo comportamento positivo vindo dos setores de produtos alimentícios (carnes de bovinos frescas e óleo de soja) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (álcool etílico). Ainda nessa comparação, a maior queda entre as unidades pesquisadas foi verificada no Estado do Amazonas (-19,9%), pressionado pela queda na produção dos setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, equipamentos de transporte, de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, de máquinas e equipamentos, aparelhos e materiais elétricos, produtos de borracha, material plástico e de produtos de metal.

Tabela 1 – Indicadores Conjunturais da Indústria

Resultados Regionais – Novembro de 2015

Locais

Variação (%)

Com Ajuste Sazonal

Sem Ajuste Sazonal

Novembro 15 /

Outubro 15

Novembro15 / Novembro14

Acumulado no ano

Acumulado nos últimos 12 meses

Brasil

-2,4

-12,4

-8,1

-7,7

Nordeste

-2,8

-6,9

-2,8

-2,6

Amazonas

-2,1

-19,9

-15,8

-14,9

Pará

1,9

5,5

5,9

5,5

Ceará

-4,5

-10,7

-9,4

-8,6

Pernambuco

3,5

-1,0

-3,1

-3,6

Bahia

-2,0

-13,4

-7,1

-6,6

Minas Gerais

-4,0

-12,0

-7,5

-7,2

Espírito Santo

-11,1

-19,8

6,6

7,1

Rio de Janeiro

1,2

-10,1

-6,2

-5,7

São Paulo

-2,6

-13,3

-10,9

-10,7

Paraná

-1,3

-16,7

-9,2

-8,2

Santa Catarina

1,8

-4,9

-7,5

-7,2

Rio Grande do Sul

1,1

-13,0

-11,8

-11,0

Mato Grosso

0,0

5,9

3,6

3,9

Goiás

-0,9

-9,4

-2,5

-2,7

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.

Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2015.

 

 
           

Conforme Gráfico 1, os resultados da indústria goiana nos últimos meses estavam descolados da média nacional que vinha registrando quedas mais acentuadas. A explicação é que alguns fatores específicos da indústria goiana têm mostrado desempenho diferenciado ao longo do ano. Em termos de impactos positivos, o setor de fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (etanol), ainda vem segurando o resultado de Goiás para que apresente comportamento acima da média brasileira.

Porém, para os resultados de novembro/15, a indústria goiana mantém a tendência de queda, a explicação deste recuo está relacionada ao reflexo dos menores índices de expectativas dos empresários, que mesmo havendo um crescimento positivo em novembro / 15, ainda não se pode falar em recuperação, pois as taxas de juros em patamar elevado continuam afetando sobremaneira a decisão de novos investimentos. O que se observa é que a crise no setor industrial não se restringe apenas a um determinado setor, está disseminada em bens de capital, de consumo duráveis e de bens intermediários.

 

Na comparação de novembro/15 com novembro/14, o setor industrial goiano apresentou queda de 9,4%. No indicador acumulado nos últimos doze meses houve variação negativa de 2,7% e no ano queda de 2,5%.

Em âmbito setorial, na comparação de novembro/15 com novembro/14, a queda foi generalizada, oito das nove atividades tiveram queda, conforme Tabela 2. A atividade que apresentou variação positiva foi fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (11,7%), impulsionado, em grande medida, pela maior fabricação de álcool etílico (etanol).

As quedas foram verificadas na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-61,7%), pressionadas, especialmente, pela menor produção de automóveis e veículos para transporte de mercadorias; fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-22,7%), pressionados, especialmente, pela menor produção de medicamentos; fabricação de produtos de metal (-12,9%), devido a menor produção de esquadrias de ferro, aço e alumínio e estruturas de ferro e aço em chapas ou em outras formas; fabricação de produtos alimentícios (-4,2%), pressionados pela menor produção de açúcar cristal, tortas, bagaços, farelos e outros resíduos da extração do óleo de soja, extrato, purês e polpas de tomate e leite esterilizado Longa Vida; fabricação de produtos de minerais não metálicos (-6,7%), ocasionados pela queda na produção de cimentos e massa de concreto para construção.

 

Tabela 2 – Produção Industrial Mensal por atividades (Base: igual mês do ano anterior)

Atividades de Indústria

Variação Percentual (%)

Novembro15/ Novembro 14

Acumulado no ano

Acumulado em 12 meses

Brasil

Goiás

Brasil

Goiás

Brasil

Goiás

Indústria geral

-12,4

-9,4

-8,1

-2,5

-7,7

-2,7

Indústrias extrativas

-10,5

-5,1

4,7

-7,3

5,2

-6,5

Indústrias de transformação

-12,6

-9,8

-9,7

-2,2

-9,3

-2,4

Fabricação de produtos alimentícios

0,7

-4,2

-2,8

-2,0

-3,0

-1,9

Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis

-12,0

11,7

-5,8

21,8

-5,4

22,6

Fabricação de outros produtos químicos

-9,2

-0,2

-4,7

-9,8

-4,5

-8,1

Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos

-8,8

-22,7

-12,9

-18,4

-12,0

-19,9

Fabricação de produtos de minerais não metálicos

-13,6

-6,7

-7,2

-12,7

-7,0

-13,4

Metalurgia

-9,0

-4,0

-8,5

-0,2

-8,7

1,1

Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos.

-14,1

-12,9

-10,9

-20,4

-10,5

-20,0

Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias.

-35,2

-61,7

-25,6

-20,9

-24,7

-21,9


Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria.

Elaboração: Instituto Mauro Borges/Segplan-GO/ Gerência de Contas Regionais e Indicadores 2015.

 

Os resultados da pesquisa do IBGE apontaram recuo na indústria goiana, tanto na extrativa, quanto na transformação, no mesmo ano as quedas acumuladas são de 7,3% e 2,2%, respectivamente. Na transformação, a produção de veículos automotores continua exercendo o principal impacto negativo na taxa global. Essa atividade vem apresentando queda desde abril de 2015 (10 meses consecutivos). Esse recuo se deve, em grande parte, as incertezas do consumidor dado ao aumento na taxa de juros que torna o crédito ainda mais caro.

Por outro lado, a produção de biocombustíveis (etanol) em Goiás sobressaiu positivamente aos demais segmentos. A atividade vem apresentando altas desde abril de 2014 (19 meses consecutivos), devido ao aumento no preço do etanol no varejo e pelo aumento do teor de etanol na gasolina de 25% para 27%, autorizado pelo governo desde março de 2015, são elementos que tem contribuído para manter o crescimento da produção em Goiás.

Diante desse cenário, a indústria goiana deverá fechar o ano em queda, pois ainda está trabalhando com estoques, além da baixa confiança do empresariado industrial. Vale dizer que a crise na indústria não está localizada somente no Estado de Goiás, o indicador acumulado do ano aponta Goiás com queda de 2,5%, posicionando-o na quarta posição do ranking nacional, ainda nessa comparação os Estados mais afetados foram: Amazonas (-15,8%), Rio Grande do Sul (-11,8%) e São Paulo (-10,9%).

O comportamento da indústria goiana de queda atingiu até aqueles segmentos de maior resiliência em relação aos demais segmentos industriais, caso da indústria alimentícia, segmento de maior relevância no total da indústria. A explicação para essa ocorrência, em parte, é devido à inflação crescente que vem comprometendo a renda das famílias, levando a uma redução na demanda por produtos desse segmento. Já a forte desaceleração na fabricação de automóveis está relacionada à baixa confiança dos consumidores e empresários, além da redução do crédito e manutenção de queda na taxa de emprego.

 

 

Equipe de Conjuntura do IMB:

Alex Felipe Rodrigues Lima

Dinamar Maria Ferreira Marques

Luiz Batista Alves

Sérgio Borges Fonseca Júnior

 

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