Indústria goiana cresce 10,98% no período de janeiro a setembro de 2008.


 Apesar
da crise, a indústria brasileira se manteve firme em setembro, voltando a
crescer 1,68%, já descontados os efeitos sazonais, após recuar 1,18% entre
julho e agosto. Os indicadores industriais divulgados pelo IBGE dão sinais de
que ainda não foram contaminados pela crise financeira internacional. Segundo
analistas do setor a crise que se instalou em setembro nos mercados financeiros,
não chegou ao mesmo mês no mercado real.

Conforme a pesquisa, em setembro o indicador da produção industrial do
país,
ajustado
sazonalmente, voltou a subir 1,68%, contra uma queda verificada no mês anterior
de 1,18%. Os índices regionais mostraram crescimento frente a agosto em sete
dos quatorze locais pesquisados, com destaque para Amazonas (6,14%), que teve a
maior taxa, seguido por Rio de Janeiro (4,11%), Rio Grande do Sul (3,62%), foram
os locais que apresentam taxas positivas acima da média.
Abaixo
da média, Paraná (1,34%), São Paulo (0,97%), região Nordeste (0,43%) e Santa
Catarina (0,18%). Por outro lado, as maiores reduções vieram de Espírito
Santo (-3,42%), Pará (-2,69%), Ceará (-2,59%). Os demais locais com taxas
negativas foram: Goiás (-1,86%), Pernambuco (-1,22%), Bahia (-0,57%) e Minas
Gerais (-0,38%).

O
aumento no nível de produção verificado na passagem de agosto para setembro
(1,68%) teve perfil generalizado, alcançando vinte dos vinte e sete ramos, com
a maior contribuição sobre a média global vindo de máquinas e equipamentos
(9,00%), após a acomodação registrada no mês anterior (-0,15%). Nesse
sentido, também foram relevantes os desempenhos dos seguintes setores: edição
e impressão (8,40%), refino de petróleo e produção de álcool (3,31%),
alimentos (1,53%) e máquinas para escritório e equipamentos de informática
(9,54%). Por outro lado, as principais pressões negativas vieram de outros
produtos químicos (-2,35%) e metalurgia básica (-1,67%).

Por
categorias de uso, ainda neste tipo de comparação, a expansão na produção
foi mais intensa no setor de bens de capital (3,74%), que assinalou taxa
positiva após recuar 0,46% no mês anterior. Nas demais categorias de uso, os
resultados foram: 1,46% em bens de consumo semi e não-duráveis, que volta a
crescer após variação negativa de 0,32% em agosto; 0,36% em bens de consumo
duráveis; enquanto a produção de bens intermediários praticamente repete o
patamar do mês anterior (-0,07%).

No
confronto com setembro de 2007, o aumento de 9,80% observado no total da indústria
teve perfil generalizado, uma vez que alcançou vinte e cinco das vinte e sete
atividades investigadas e todas as categorias de uso. Vale mencionar a diferença
de três dias úteis a mais em setembro deste ano frente a igual mês do ano
anterior. Os acréscimos que mais pressionaram o resultado global foram
apontados pelas indústrias de veículos automotores, máquinas e equipamentos,
farmacêutica e outros equipamentos de transporte.

Nos
índices regionais de setembro comparados a igual mês de 2007, o quadro foi
melhor do que a comparação setembro/08 contra agosto/08, com todas as
localidades apresentando resultados positivos. As taxas positivas oscilaram
entre 16,53%, verificado no estado do Espírito Santo e 4,09% em Goiás. Acima da média nacional (9,80%), destacaram-se Espírito Santo (16,53%), Rio Grande
do Sul (15,70%), Paraná (14,44%), Amazonas (13,69%) e Bahia (10,91%). Abaixo da
média, porém com taxas positivas ficaram, Rio de Janeiro (9,69%), Pernambuco
(9,39%), São Paulo (8,10%), Minas Gerais (8,05%), Pará (6,74%), Região
Nordeste (6,24%), Santa Catarina (5,78%) e Ceará (5,20%).

No indicador mensal de setembro
2008 comparado ao mesmo período de 2007, as maiores taxas vieram dos estados do
Espírito Santo, Rio grande do Sul e Paraná. A indústria capixaba segue uma
trajetória de taxas positivas, com a décima segunda taxa positiva, sendo dez
meses com taxas a dois dígitos, apoiado nos crescimentos de dois dígitos da
indústria extrativa (20,11%), por conta dos itens minérios de ferro e gás
natural, e da indústria de transformação (14,67%). Nesta última, onde todos
os ramos apresentaram taxas positivas, os principais destaques foram observados
em celulose e papel e em metalurgia básica, impulsionados pelos avanços na
fabricação de celulose e lingotes, blocos e tarugos ou placas de aços,
respectivamente.

A
produção gaúcha avançou 15,70%, com doze das quatorze atividades pesquisadas
assinalando taxas positivas. As contribuições mais importantes na formação
da média geral vieram de máquinas e equipamentos e de veículos automotores
impulsionados, sobretudo, pela maior fabricação de máquinas para colheita,
aparelhos de ar-condicionado e ferramentas hidráulicas, no primeiro setor, e de
reboques, automóveis e carrocerias para ônibus no segundo. Em menor medida,
vale também citar as influências positivas vindas de alimentos, metalurgia básica
e produtos de metal.

No
índice mensal, a produção paranaense cresceu 14,44%, com oito das quatorze
atividades pesquisadas assinalando taxas positivas. O impacto mais importante na
formação da taxa geral veio de veículos automotores devido, sobretudo, à
fabricação de caminhões. Em menor medida, vale também citar as contribuições
positivas de celulose e papel, minerais não metálicos, edição e impressão e
máquinas.

Os
resultados da produção industrial em setembro são muito positivos, Os dados
de setembro ainda refletem o que vinha acontecendo na indústria brasileira, ou
seja, um padrão de crescimento em linha com seu desempenho médio observado em
2007, sustentado no crescimento expressivo da produção do segmento de bens de
capital e bens duráveis, especialmente de automóveis. 
Para os próximos meses, espera-se uma desaceleração da produção de
bens de capital, devido ao recuo das decisões de investimentos por parte dos
empresários e, sobretudo ao crédito que está mais escasso e caro. No caso da
produção da indústria automobilística, os impactos da crise devem ser
sentidos de forma mais rápida. O setor, que vinha apresentando crescimento médio
anual da ordem de 6%, poderá perder fôlego nestes três meses do ano e início
do ano que vem. Neste sentido as políticas de juros mais baixos e prazos mais
longos de crediário serão muito bem vindas ao segmento.

 

 

 

 


Tabela
1

Pesquisa
Industrial Mensal Produção Física Regional – setembro/2008

(base:
igual período do ano anterior = 100)

Brasil,
Região Geográfica e Unidade da Federação

Mês/mês

Mesmo
mês ano anterior

Acumulado
no ano

Doze
meses

Brasil

1,68

9,80

6,45

6,82

Nordeste

0,43

6,24

3,93

4,32

Amazonas

6,14

13,69

7,01

8,32

Pará

-2,69

6,74

7,01

5,94

Ceará

-2,59

5,20

3,99

3,88

Pernambuco

-1,22

9,39

6,94

6,07

Bahia

-0,57

10,91

5,08

5,06

Minas
Gerais

-0,38

8,05

6,64

7,23

Espírito
Santo

-3,42

16,53

14,79

14,13

Rio
de Janeiro

4,11

9,69

3,25

3,47

São
Paulo

0,97

8,10

8,70

8,83

Paraná

1,34

14,44

10,88

9,82

Santa
Catarina

0,18

5,78

1,66

2,83

Rio
Grande do Sul

3,62

15,70

5,72

6,09

Goiás

-1,86

4,09

10,98

9,36

Fonte:
IBGE.

 

Em
setembro a produção industrial de Goiás
ajustada sazonalmente, apresentou o segundo resultado negativo
consecutivo (1,86%). Em relação a setembro do ano passado, a taxa foi de
4,09%, menor taxa entre as localidades pesquisadas.  O
indicador acumulado do ano apresentou expansão de 10,98%, em doze meses o índice
atingiu 9,36%. O índice de média móvel trimestral recuou 1,60% na passagem de
agosto para setembro, após crescimento de 4,77% entre agosto e maio.

No
confronto com setembro de 2007 , quatro dos cinco ramos contribuíram
positivamente na formação da taxa geral, com destaque para alimentos e bebidas
(3,63%) e indústria extrativa (20,69%), principalmente devido ao aumento da
produção de maionese e leite em pó, no primeiro, e a fabricação de amianto,
no segundo. Em sentido contrário, metalurgia básica (-11,66%) pressionou
negativamente o resultado global, sobretudo com o decréscimo da produção de
ferroníquel.

Em
bases trimestrais, após apresentar trajetória crescente desde o terceiro
trimestre do ano passado, a indústria goiana reduziu o ritmo de crescimento na
passagem do segundo trimestre de 2008 (13,90%) para o terceiro (9,31%), ambas
comparações contra iguais períodos do ano anterior. Esse movimento foi
observado principalmente em alimentos e bebidas, que passou de 16,19% em
abril-junho para 8,55% em julho-setembro.

O
indicador acumulado no ano apresentou expansão de 10,98%, sustentada pelos
impactos positivos em quatro atividades. A pressão mais importante foi exercida
por alimentos e bebidas (11,51%), seguido por produtos químicos (18,80%) e indústria
extrativa (15,58%), com destaque para os aumentos da produção de maionese;
adubos e fertilizantes; e amianto, respectivamente. Por outro lado, veio
novamente da metalurgia básica (-5,22%) a única pressão negativa, devido à
queda na fabricação de ferroníquel e ouro em barras.

Os
bons resultados da indústria extrativa são explicados pelo aumento da exportação
de amianto e seus derivados. A empresa líder neste segmento produz uma
variedade de produtos e tem realizado vendas para diversos países,
principalmente os emergentes. O segmento de alimentos e bebidas registrou taxas
positivas por quinze meses consecutivos, com destaque para produção de
maionese, sendo que este produto tem peso significativo no segmento de alimentos
e bebidas (10,72%), contribuindo significativamente para formação da taxa
global. Produtos químicos, o destaque foi a maior produção de adubos e
fertilizantes, influenciados pela melhoria do setor agrícola.

O cenário presente ainda é de crédito mais restrito e
caro para produtores e consumidores tanto no mercado interno ou internacional.
Além disso, os indicadores dos países desenvolvidos sinalizam menor atividade
econômica, o que deve se materializar em uma demanda global mais fraca.

Para o Estado de Goiás o impacto poderá ser sentido nas
vendas externas, com possíveis reflexos na atividade industrial nos últimos
meses do ano. Outra ameaça para a indústria goiana é a queda no preço das
commodities, principalmente a soja, e que pode afetar o desempenho do agronegócio
e, por conseqüência, toda a cadeia produtiva a ela vinculada.

Tabela
2

Estado
de Goiás: Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – setembro/2008

(Base:
Igual período do ano anterior =100)

Segmentos

Mensal

Acumulado
no ano

Últimos
12 meses

Indústria
geral

4,09

10,98

9,36

Indústria
extrativa

20,69

15,58

14,53

Indústria
de transformação

2,78

10,57

8,91

 
Alimentos e bebidas

3,63

11,51

9,49

Produtos
químicos

2,71

18,80

16,76

Minerais
não metálicos

10,66

5,92

5,41

Metalurgia
básica

-11,66

-5,22

-4,73

 Fonte:
IBGE.

 

Equipe
de Conjuntura da Seplan:

Dinamar
Ferreira Marques

Marcos
Fernando Arriel

Maria
de Fátima Mendonça Faleiro Rocha

 

Governo na palma da mão

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