Oeste Goiano ganha programa de melhoramento genético bovino

Projeto da Universidade Estadual de Goiás (UEG) conta com o apoi da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg)

O Programa de Melhoramento Genético de Bovinos Leiteiros em Propriedades Rurais APL Lácteo da Região de São Luís de Montes Belos (Embriões) funciona a partir da demanda do produtor, que pode ser feita através do Biotec ou pela Emater. Em seguida, a equipe da UEG vai até a propriedade, verifica a estrutura e define a programação das atividades. Na sequência, inicia-se a produção dos embriões em laboratório e, ao mesmo tempo, as vacas dos produtores são preparadas para receber esses embriões. Paralelamente, são desenvolvidas pesquisas no Biotec e nas propriedades com o objetivo de melhorar os resultados. A expectativa é que haja um aumento de 30% na produção de leite num período de até três anos nessas propriedades beneficiadas.

O coordenador do Biotec, professor Klayto dos Santos, explica que serão utilizadas vacas da Fazenda Escola do Câmpus Oeste e de parceiros, com controle de produção. Até o momento, segundo Klayto, já há mais de 40 produtores interessados no programa e a procura tem aumentado. "Pretendemos transferir 5.000 embriões aos produtores do APL Lácteo, que abrange 23 municípios da Região Oeste de Goiás", diz.

Klayto diz ainda que o trabalho iniciado este ano tem duas vertentes principais. Primeiro é a produção de tecnologias de ponta. No segundo momento acontece a transferência dessas tecnologias para os pequenos produtores visando contribuir com a propriedade, gerar riqueza e oportunidades. "Mostraremos ao pequeno produtor que ele é capaz de receber tecnologia e que ela pode impactar positivamente na cadeia láctea, aumentando a produção e, em consequência, a renda", ressalta. Essas tecnologias, segundo Klayto, poderão melhorar a cadeia láctea e, principalmente, o Arranjo Produtivo Local (APL) Lácteo do Oeste Goiano. "Estamos iniciando o trabalho e as transferências acontecerão à medida que as propriedades forem se organizando", prevê.  

Para Alfredo Luís, diretor executivo do Sindileite, o projeto é importante para que o produtor seja autossustentável na propriedade, tenha receita e gere mais satisfação na sua atividade. "Trabalhamos com o Fundepec, que tem recursos do produtor. O que queremos é que esses recursos retornem para o produtor em forma de transferência de tecnologias", destaca. Alfredo diz que um produtor que tem 20 vacas e produz 100 litros de leite por dia poderá, após ser beneficiado com o projeto, produzir com essa mesma quantidade de animais, porém melhorados, 500 litros de leite por dia. "Isso vai aumentar a rentabilidade e fixar o homem no campo", reforça.

O reitor interino da UEG, professor Valter Campos, diz que o principal objetivo do projeto é fazer com que as pesquisas feitas na Universidade, que têm sido bastante exitosas, cheguem até os pequenos produtores dos municípios e que eles se desenvolvam. "A Universidade é a casa do conhecimento. Então ela precisa desenvolver pesquisas de ponta e fazer com que a tecnologia desenvolvida chegue até a sociedade", destaca.

Produção leiteira

Segundo dados do projeto, o Brasil é responsável por cerca de 7% do leite produzido no mundo e é o quinto maior produtor mundial. Minas Gerais é o principal estado produtor, com 27,10% da produção nacional, seguido dos estados de Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Bahia, todos com produção média anual superior a um bilhão de litros. Mas, em Goiás, o comportamento é de redução da produção desde 2015, com reflexos na Região Oeste, onde está o APL Lácteo de São Luís de Montes Belos.

Os pesquisadores do Biotec constataram que a produtividade leiteira dos produtores familiares do APL Lácteo, medida em litros/vaca ordenhada, é 13,1% inferior à média estadual, desempenho comprometido pelos produtores com menor escala de produção. Cerca de 70% dos produtores têm produção diária inferior a 100 l/dia e a metade deles produz menos de 50 litros diários, conferindo baixo desempenho quando o assunto é produtividade, qualidade e lucratividade.  

Segundo o professor Klayto, a baixa produtividade ocorre em função, principalmente, da falta de assistência técnica e do baixo acesso às tecnologias adaptadas às suas condições de produção. “Essa baixa utilização e o pouco conhecimento das biotecnologias reprodutivas aplicadas prejudicam a economia regional e, principalmente, os milhares de agricultores familiares, que anos a fio permanecem estagnados ou se afastam continuamente das condições de vida almejadas”, salienta.

A implantação do Biotec e do programa de melhoramento genético representa a esperança de que novas técnicas sejam capazes de mudar o cenário da produção leiteira da região.

 

 

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