Governo de Goiás financia estudo que busca minimizar sequelas em sobreviventes de casos graves de Covid-19

Por meio da Fapeg, Estado irá liberar mais de R$ 141 mil para o Programa de Reabilitação Pulmonar Ambulatorial e Domiciliar Covid-19, um dos projetos que foi aprovado em convocação pública

 

Pesquisadores do Centro Universitário de Anápolis (UniEvangélica) estão desenvolvendo um estudo que comprove a eficácia do tratamento de reabilitação pulmonar em pacientes que sofreram casos graves de Covid-19. O projeto intitulado “Programa de Reabilitação Pulmonar Ambulatorial e Domiciliar Covid-19” foi aprovado na convocação pública promovida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e receberá R$ 141.578.05 do Governo de Goiás.

O projeto de pesquisa propõe um estudo clínico a ser realizados entre portadores de sequelas pulmonares de Covid-19 e de outras doenças pulmonares que procurem por atendimento nos serviços de atendimento em pneumologia e/ou clínica médica, municipais e estaduais de Anápolis e região administrativa de saúde.

De acordo com o coordenador do projeto, professor e pesquisador Luís Vicente Franco de Oliveira, o tratamento clínico intensivo a que são submetidos os pacientes da forma grave da Covid-19, incluindo ventilação mecânica invasiva (VMI) prolongada, sedação e uso de agentes bloqueadores neuromusculares, pode levar à Síndrome Pós-Terapia Intensiva (SPTI).

Segundo o pesquisador, muitos pacientes sobreviventes de doenças críticas apresentam um considerável comprometimento funcional devido à fraqueza muscular adquirida na UTI, o que acaba corroborando para o aumento da morbimortalidade. “A fisioterapia, com certeza, será benéfica e terá um papel fundamental no tratamento respiratório e na reabilitação física de pacientes com Covid-19, seja na intervenção com exercícios, mobilização e reabilitação respiratória tanto na fase aguda quanto na fase pós-alta hospitalar para promover a rápida recuperação funcional e melhor qualidade de vida”, avalia.

Execução da pesquisa

O cálculo amostral inicial do estudo prevê a participação de 80 pacientes divididos em dois grupos: um grupo de Reabilitação Pulmonar Ambulatorial e outro de Reabilitação Pulmonar Domiciliar.

Inicialmente, todos os pacientes serão submetidos a uma avaliação física, provas de função pulmonar e avaliação nutricional. Durante os dias das primeiras avaliações do Programa de Reabilitação Pulmonar (PRP), todos os pacientes participarão de uma etapa educacional, onde receberão informações sobre o desenvolvimento e progressão da doença e sobre o tratamento a ser recebido.

Os pacientes passarão também pelo PRP ambulatorial, que consistirá em uma combinação de exercícios aeróbicos e de fortalecimento, com duração de 12 semanas, três vezes por semana.  Cada sessão será composta por exercícios ativos de aquecimento, fortalecimento de membros superiores e inferiores, condicionamento aeróbico e exercícios de alongamento.

Numa outra etapa, o PRP domiciliar, os pacientes realizarão a mesma combinação de exercícios de fortalecimento de membros superiores (MMSS) e membros inferiores (MMII) do PRP ambulatorial. Os pacientes receberão treinamento por um profissional da saúde especializado para seguir o protocolo em casa. Será solicitado o preenchimento de um diário para cada sessão de treino.

Ao longo do programa, também serão realizados atendimentos na área de psicologia da saúde com o objetivo de reduzir o estresse gerado nos pacientes em função da internação prolongada em UTI. O atendimento será realizado por membros da equipe multidisciplinar em formato de sessões de terapia breve ou longa, quando houver necessidade.

Luís Vicente espera sejam obtidos benefícios a curto, médio e longo prazo entre pacientes que participem do PRP Ambulatorial e Domiciliar. A melhora deve ser verificada em relação à redução da fadiga e dispneia, aumento da capacidade funcional e de exercício, redução das limitações de atividades de vida diária e redução do número de hospitalizações, entre outros benefícios.

Fomento

O recurso do Governo de Goiás será destinado à compra de equipamentos como bicicletas e esteiras ergométricas para reabilitação, espirômetro para a realização de provas de função pulmonar, manovacuômetros para testes de força muscular respiratória e um equipamento para teste de força muscular dos membros superiores. Como contrapartida, a UniEvangélica irá investir o equivalente a R$ 200 mil em equipamentos, espaço e mão de obra qualificada.

O estudo viabilizado pelo fomento irá auxiliar na elaboração de um consenso sobre os benefícios de Programas de Reabilitação Pulmonar para pacientes recuperados do novo coronavírus. “Para pacientes com sequelas de Covid-19 ainda não temos resultados na literatura científica devido ao fato desta ser uma doença nova. Isto aumenta a nossa responsabilidade devido ao ineditismo de nossa proposta”, considera o professor.

Luís Vicente explicou ainda que já existem consensos nacionais e internacionais que confirmam e reforçam os benefícios de Programas de Reabilitação Pulmonar no tratamento de outras doenças pulmonares, como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma, bronquite, bronquiectasias, fibroses pulmonares.

A pesquisa aguarda a aprovação do protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UniEvangélica, que será registrado no ClinicalTrials.gov, um dos mais importantes órgãos de controle de pesquisas científicas do mundo.

A proposta inicial para execução do programa é de dois anos, mas Luís Vicente explica que, como a proposta do projeto também prevê a assistência a pacientes com doenças pulmonares crônicas, a intenção é que ele tenha continuidade além dos anos iniciais propostos.

Convocação

A convocação emergencial de projetos de enfrentamento da Covid-19 promovida pelo Governo de Goiás buscou facilitar o direcionamento de recursos para a viabilização de ações estratégicas que pudessem contribuir para a redução dos impactos da pandemia de Covid-19. A iniciativa partiu da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi), por meio da Subsecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, e contou com apoio da Fapeg e da Secretaria de Estado da Saúde.

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