Desemprego sobe no quarto trimestre de 2015 em Goiás
A situação do mercado de trabalho goiano piorou no último trimestre de 2015, em meio a um cenário de forte recessão econômica e inflação elevada. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação[1] em Goiás foi estimada em 7,7% nesse período, um aumento de 0,5 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, isso significa cerca de 18 mil pessoas a mais na fila de espera por uma vaga, perfazendo um total de 265 mil desempregados no estado. Ressalta-se que nem todas elas perderam o emprego e não conseguiram achar outro ao longo do ano, há também muitas pessoas que ingressaram no mercado de trabalho. Apesar da desocupação em Goiás continuar alta e longe dos níveis, registrados no ano de 2014, representa a nona menor taxa entre as Unidades da Federação e 1,3 ponto percentual abaixo da média nacional (Gráficos 1 e 2).
O aumento do desemprego em Goiás confirma que a economia goiana, assim como a nacional, foi duramente afetada pelo cenário econômico adverso atual. Fato refletido também no PIB goiano, apresentando resultado negativo no fechamento do ano, taxa de -2,6%, segundo estimativas do IMB.
A indústria geral (-76 mil) e de transformação (-60 mil) foram as atividades produtivas que mais tiveram demissões líquidas (total de contratações menos total de demissões) no quarto trimestre em relação ao mesmo período de 2014. Esse resultado é observado também no PIB, o setor industrial registrou queda de 6,4% no quarto trimestre de 2015.
Segundo o IBGE, o número de pessoas ocupadas em Goiás caiu em cerca de 60 mil em 2015, enquanto que o número de pessoas dispostas a trabalhar – que formam a força de trabalho – aumentou em 34 mil em um ano. Isso significa que a economia, em recessão, falhou em produzir novos postos de trabalho para todos que querem trabalhar. Com isso, o nível de ocupação (indicador que mede a parcela da população ocupada em relação à população em idade de trabalhar – PIA) foi estimado em 59,8% no quarto trimestre de 2015, uma redução de 2,3 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2014.
Na análise por grupamentos ocupacionais no trabalho principal, em Goiás, a maior parcela das pessoas ocupadas na semana de referência (22%) era de trabalhadores dos serviços; vendedores do comércio e mercados (Quadro 03), percentuais bem próximos ao nacional (21%). Esse grupamento vinha crescendo gradativamente desde 2012, no entanto, teve uma redução de 0,3 ponto percentual no último trimestre de 2015.
Na análise dos indicadores por faixa etária, observou-se uma maior taxa de desocupação para as pessoas de 14 a 17 anos de idade, período em que se inicia a busca por emprego, que, também, possui um baixo nível de ocupação (Tabela 01). Estima-se que 10 mil pessoas nessa faixa de idade saíram da força de trabalho no ano de 2015, fato que demonstra uma maior dificuldade de se ingressar no mercado de trabalho por falta de emprego. Por outro lado, a faixa etária de 60 anos, que tem a menor taxa de desocupação, teve o maior número de pessoas que ingressaram na força de trabalho. Este fato também explica o aumento de 1,3 ponto percentual na taxa de desocupação, em que as pessoas com 60 anos, ou mais, voltaram a procurar emprego, mas não estão encontrando vagas.
Do ponto de vista do vínculo empregatício, as pessoas que trabalhavam para um empregador, geralmente obrigando-se ao cumprimento de uma jornada de trabalho e recebendo em contrapartida uma remuneração, representavam 69,1% da população ocupada no período de julho a setembro de 2014, redução de 1,3 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano anterior. As pessoas que trabalhavam sem receber pagamento, durante pelo menos uma hora na semana de referência, em ajuda a membro da unidade domiciliar, que era conta própria, empregador ou empregado, também tiveram uma pequena redução em relação a 2014 (-0,1%) (Gráfico 04).
Por outro lado, as pessoas que trabalhavam explorando o seu próprio empreendimento, sozinhas ou com sócio, sem ter empregado e contando, ou não, com a ajuda de trabalhador familiar auxiliar, tiveram aumento na representatividade, passando de 23,5% dos ocupados no período de outubro a dezembro de 2014 para 25,0% no mesmo período de 2015 (Gráfico 05). Em 2015, também houve um pequeno aumento no número de empregadores, pessoas que trabalhavam explorando o seu próprio empreendimento, com pelo menos um empregado. Em termos absolutos, registraram-se dois mil empregadores a mais que o mesmo período de 2014. Essa mudança, embora pequena, no perfil de ocupação, é natural em períodos de crise, com crescimento do desemprego. Para manter o nível de renda, o trabalhador, ao perder emprego, busca alternativas empreendedoras no mercado.
A pesquisa mostra aumento da informalidade em Goiás. O número de pessoas com carteira assinada no setor privado era de 1,273 milhão no último trimestre de 2015, recuo de 72 mil pessoas em relação ao último trimestre de 2014. Entre os trabalhadores domésticos, a pesquisa mostrou que 35,7% tinham carteira de trabalho assinada, enquanto que no último trimestre de 2014 eram 32,2%.
Os ocupados do setor privado, excluindo-se os trabalhadores domésticos, representam 48,9% da população. Cerca de 60 mil pessoas deixaram esta categoria esse ano, uma redução de um ponto percentual em relação ao último período do ano anterior. Os militares e servidores estatutários correspondiam a 71,0% dos empregados do setor público no quarto trimestre de 2015. A categoria também encolheu este ano, cerca de 6 mil pessoas a menos.
Outra informação interessante, mostrada pela pesquisa, é que 35,28% das pessoas em idade de trabalhar foram classificadas como fora da força de trabalho no 4º trimestre de 2015, ou seja, aquelas que não estavam ocupadas nem desocupadas na semana de referência da pesquisa. Houve um aumento de quase um ponto percentual em relação ao período anterior, cerca de 57 mil pessoas deixaram de procurar emprego. As mulheres eram maioria destas, representando 63,2%.
Rendimento do Trabalhador
No último trimestre de 2015, a massa de rendimento médio real de todos os trabalhos, habitualmente recebido por mês, pelas pessoas de 14 anos ou mais de idade, ocupadas na semana de referência em Goiás, com rendimento de trabalho, foi estimada em R$ 5,5 bilhões, 3,2% da massa salarial do País. Em relação ao último período de 2015, registrou-se uma queda de 10,5% em relação ao mesmo período de 2014 (653 milhões a menos).
Do somatório dos rendimentos (massa salarial), 64,4% foram provenientes dos empregados, 12,1% dos empregadores e 23,5% dos trabalhadores por conta própria. Observou-se, em relação ao último período do ano passado, redução de 9,8% na massa salarial dos empregadores, 11,9% na dos empregados e de 7,0% na dos trabalhadores por conta própria.
Com a inflação em alta, as negociações salariais foram complicadas em 2015. De um lado, estão os trabalhadores argumentando um poder de compra menor por conta do movimento inflacionário dos últimos 12 meses. Do outro, estão os patrões se baseando no fato de seus custos também terem subido. Mesmo vindo de boas negociações nos últimos anos (em 2009 e 2010), os trabalhadores, por conta da inflação alta, vêm amargando perdas no rendimento real em 2015. O Índice de Preços ao Consumidor em Goiás (IPC) teve variação de 1,20% em dezembro e fechou o ano em 14,18% o mais elevado desde 2002 quando atingiu 19,47%.
Em Goiás, o rendimento médio real de todos os trabalhos, habitualmente recebido por mês, foi estimado em R$ 1.773, uma redução nominal (desconsiderando-se a inflação) de 9% em relação ao último período do ano anterior (outubro a dezembro de 2014). A maior queda registrada foi para os trabalhadores do sexo feminino, 9,7% contra redução de 8,6% no salário real dos homens. Ressalta-se que houve redução de 2,0% no rendimento médio real no Brasil, tendo sido atingidas 22 das 27 Unidades da Federação. A maior queda foi registrada no Estado de Pernambuco (-17,83%). Por outro lado, a maior variação positiva foi no Estado do Rio Grande do Norte, 11,37% (Quadro 03).
Na análise por Grupamentos de atividade no trabalho principal, a maior variação ocorrida no rendimento médio real do trabalho principal, habitualmente recebido por mês, no período de outubro a dezembro de 2015, segundo dados da PNAD Contínua, foi observada para o Empregado no setor público – com carteira de trabalho assinada (redução de 23,6%). Por outro lado, os empregadores tiveram um aumento de 17,5% no rendimento médio (Quadro 01).
[1] São classificadas como desocupadas, na semana de referência, as pessoas sem trabalho (que geram rendimentos para o domicílio) nessa semana, que tomaram alguma providência efetiva para consegui-lo no período de referência de 30 dias e que estavam disponíveis para assumi-lo na semana de referência. Consideram-se, também, como desocupadas as pessoas sem trabalho na semana de referência que não tomaram providência efetiva para conseguir trabalho no período de referência de 30 dias, porque já haviam conseguido trabalho que iriam começar após a semana de referência.