Desemprego sobe em Goiás no primeiro trimestre de 2016
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação[1] em Goiás foi estimada em 10%, no período de janeiro a março de 2016, um aumento de 2,3 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, esse aumento significa 81 mil pessoas a mais na fila de espera por uma vaga de trabalho, perfazendo um total de 346 mil desempregados no Estado. Ressalta-se, no entanto, que também houve aumento na força de trabalho[2] no Estado, ou seja, muitas pessoas ingressaram no mercado de trabalho (cerca de 28 mil), o que contribuiu para aumentar o número de desempregados. Apesar da desocupação em Goiás continuar alta e longe dos níveis registrados no ano de 2014, representa a décima menor taxa entre as Unidades da Federação e 0,9 ponto percentual abaixo da média nacional (Gráficos 1 e 2).
Além de ter sido o mais alto resultado já registrado no levantamento, foi a primeira vez que a taxa de desemprego em Goiás alcançou dois dígitos na Pnad Contínua, cuja série histórica começa no primeiro trimestre de 2012. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a taxa de desemprego medida pela pesquisa cresceu 3,0 pontos percentuais. O número de trabalhadores ocupados no setor privado também caiu, esses representavam mais da metade da população goiana (50,28%) em março do ano passado, agora, correspondem a 48,49% dos postos de trabalho. Esse é o menor nível registrado na série histórica da pesquisa.
Na análise por atividade, a indústria de transformação (-24 mil) e a agricultura (-21) foram as atividades produtivas que tiveram maior redução no número de ocupados, em relação ao último trimestre de 2015. Por outro lado, o comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas registrou o maior aumento no número de ocupados (24 mil) (Gráfico 03).
Comparado ao último trimestre de 2015, a população ocupada em Goiás teve queda próxima de 1,7%, isso significa dizer que; do final do ano passado até o início desse ano, cerca de 53 mil pessoas perderam seus empregos. Com isso, o nível de ocupação (indicador que mede a parcela da população ocupada em relação à população em idade de trabalhar – PIT) foi estimado em 58,6% no primeiro trimestre de 2016, uma redução de 1,9 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2015.
O número de empregados com carteira assinada no setor privado, exclusive trabalhadores domésticos, sofreu diminuição de 1,7% (-20 mil), enquanto que o número desses empregados sem carteira assinada aumentou 2,9% (+11 mil), o que indica um aumento da informalidade no estado. Por outro lado, entre os trabalhadores domésticos, a pesquisa mostrou que 35,6% tinham carteira de trabalho assinada, enquanto que no último trimestre de 2015 era 35,4%, mostrando, apesar de pequena, uma redução da informalidade nessa categoria de trabalhadores.
Na análise dos indicadores por faixa etária, observou-se uma maior taxa de desocupação para as pessoas de 14 a 17 anos de idade, período em que se inicia a busca por emprego, que, também, possui um baixo nível de ocupação (Tabela 01). Estima-se que 14 mil pessoas nessa faixa de idade saíram da força de trabalho de janeiro a março de 2016, fato que demonstra uma maior dificuldade de se ingressar no mercado de trabalho por falta de emprego. Além disso, essa faixa de idade registrou o menor nível de ocupação.
Do ponto de vista do vínculo empregatício, todas as categorias tiveram redução de postos de trabalho, em relação ao último trimestre de 2015, com destaque para os empregados. Esse grupo de pessoas que trabalhavam para um empregador, geralmente obrigando-se ao cumprimento de uma jornada de trabalho e recebendo em contrapartida uma remuneração, teve uma redução de 0,73% no número de ocupados (cerca de 16 mil pessoas perderam o emprego). Essa categoria de trabalhadores representava 69,7% da população ocupada no período de janeiro a março de 2016 (Tabela 02).
As pessoas que trabalhavam explorando o seu próprio empreendimento, sozinhas ou com sócio, sem ter empregado e contando, ou não, com a ajuda de trabalhador familiar auxiliar, tiveram uma redução de 1,6% no número de ocupados, foram 13 mil trabalhadores a menos. Essa é a segunda maior categoria de trabalhadores, representa 25% do total de ocupados.
Os empregadores, pessoas que trabalhavam explorando o seu próprio empreendimento, com pelo menos um empregado tiveram uma redução bem expressiva (-6,2%). Em termos absolutos, registraram-se nove mil empregadores ocupados a menos que no último período de 2015. Essa redução pode ser atribuída a atual conjuntura econômica, onde há o fechamento de grande número de empresas. Segundo dados da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg), o número de extinção de empresas nos três primeiros meses deste ano é 45,2%, maior que o total do mesmo período de 2015. No primeiro trimestre de 2015, Goiás teve 1.790 pedidos de extinção registrados. Em 2016, já foram 2.600 empresas extintas. Além disso, também houve redução no número de abertura de novas empresas.
As pessoas que trabalhavam sem receber pagamento, durante pelo menos uma hora na semana de referência, em ajuda a membro da unidade domiciliar, que era conta própria, empregador ou empregado, tiveram o maior nível de redução, em termos relativos, em relação a 2015 (-35,7%), cerca de 15 mil pessoas. (Tabela 02).
Os ocupados do setor privado, excluindo-se os trabalhadores domésticos, representam 36,9% da população. Cerca de 20 mil pessoas deixaram esta categoria esse ano, uma redução de 1,7 ponto percentual em relação ao último período do ano anterior. Os militares e servidores estatutários correspondiam a 72,0% dos empregados do setor público. A categoria teve um acréscimo de 0,37% nesse ano, cerca de mil pessoas a mais.
Outra informação interessante, mostrada pela pesquisa, é que 34,9% das pessoas em idade de trabalhar foram classificadas como fora da força de trabalho no 1º trimestre de 2016, ou seja, aquelas que não estavam ocupadas nem desocupadas na semana de referência da pesquisa. Houve uma redução 0,28 ponto percentual em relação ao período anterior, cerca de 8 mil pessoas deixaram de procurar emprego.
Rendimento do Trabalhador
A retração na demanda por mão de obra contribuiu para a redução do salário médio em Goiás. Até março, a renda média real (descontada a inflação) do trabalhador foi de R$ 1.832, queda de 7,1% em relação ao mesmo período de 2015. A massa de renda real habitual (soma de todos os salários pagos no país) somou R$ 5,6 bilhões entre janeiro e março, correspondendo à redução de 8,3% no comparativo com o mesmo período do ano anterior.
Do somatório dos rendimentos (massa salarial), 64,7% foram provenientes dos empregados, 11,3% dos empregadores e 24% dos trabalhadores por conta própria. Observou-se, em relação ao último período do ano passado, redução de 12,1% na massa salarial dos empregadores, 8,7% na dos empregados e de 5,5% na dos trabalhadores por conta própria.
Como se espera em tempos de crise, o percentual da massa salarial do trabalho por conta própria, em relação à massa total, cresceu 0,7%, ante o mesmo período do ano anterior. O trabalho por conta própria pode ser formal ou não, mas é usado como um indicativo da informalidade, pois abriga muitos trabalhadores em atividades precárias, com baixo rendimento e nenhuma formalização.
A maior queda registrada no rendimento médio real, habitualmente recebido por mês, em relação a março de 2015, foi para os trabalhadores do sexo masculino, 7,3% contra redução de 6,9% no salário real das mulheres. Ressalta-se que houve redução de 3,2% no rendimento médio real no Brasil, tendo sido atingidas 23 das 27 Unidades da Federação. A maior queda foi registrada no Estado de Roraima (-16,1%). Por outro lado, a maior variação positiva foi no Estado do Rio de Janeiro, 4,5% (Quadro 03).
Na análise por Grupamentos de atividade no trabalho principal, a maior variação ocorrida no rendimento médio real do trabalho principal, habitualmente recebido por mês, em relação ao período de janeiro a março de 2015, segundo dados da PNAD Contínua, foi observada para o empregado no setor público – com carteira de trabalho assinada (redução de 34,5%). Por outro lado, os empregado no setor público – sem carteira de trabalho assinada tiveram um aumento de 15,5% no rendimento médio (Quadro 01).
[1] São classificadas como desocupadas, na semana de referência, as pessoas sem trabalho (que geram rendimentos para o domicílio) nessa semana, que tomaram alguma providência efetiva para consegui-lo no período de referência de 30 dias e que estavam disponíveis para assumi-lo na semana de referência. Consideram-se, também, como desocupadas as pessoas sem trabalho na semana de referência que não tomaram providência efetiva para conseguir trabalho no período de referência de 30 dias, porque já haviam conseguido trabalho que iriam começar após a semana de referência.
[2] As pessoas na força de trabalho na semana de referência compreendem as pessoas ocupadas e as pessoas desocupadas nesse período.