A produção goiana de cereais, leguminosas e oleaginosas, no ano de 2009, registra decréscimo de apenas 0,18%, passando de 13.295 mil toneladas em 2008 para 13.270,5 mil toneladas na posição de novembro de 2009. É o que aponta a estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).

No período analisado, vários produtos apresentaram expansão na quantidade produzida, dentre eles: soja (3,06%), milho 2ª safra (32,72%), arroz de sequeiro (5,71%), feijão 1ª safra (49,72%), feijão 3ª safra, (2,60%), tomate industrial (11,54%), tomate de mesa (23,73%) e cana-de-açúcar (23,72%). Apresentaram queda: Milho 1ª safra (-15,37%), sorgo (-6,42%), algodão herbáceo (-23,22%), feijão 2ª safra (-1,72%), Girassol (-74,62%) e trigo (-4,94%).

Tabela 1

Estado de Goiás: Área colhida, produção e rendimento médio

dos principais produtos – 2008-09

A produção de cana-de-açúcar no segundo semestre de 2009 apresentou um resultado bastante positivo, com expansão de 23,72% na produção, comparado à safra de 2008. A área colhida expandiu 25,55%, enquanto o rendimento médio registrou recuo de 1,45%, chegando a 81.340 kg/ha. A retração deveu-se, notadamente, ao excesso de chuvas durante o período da colheita. Porém, a expansão na produção é resultado do crescimento da demanda pelos derivados do produto, sobretudo etanol e açúcar, para o abastecimento do mercado interno e externo.

A cultura da soja obteve uma variação positiva de 6,18% na área colhida e de 3,06% na produção em comparação ao mesmo período do ano anterior. A ampliação da área cultivada ocorre, principalmente, em áreas anteriormente ocupadas com o milho e arroz. Tal fato é reflexo das maiores cotações e liquidez da soja no mercado externo. Foram colhidas 6,806 milhões de toneladas até o mês de novembro do corrente ano, ante 6,604 milhões de toneladas na safra de 2008, com uma queda no rendimento médio de 2,94%. A queda é explicada pelo período de estiagem na época do plantio.

Conforme o LSPA/IBGE, o milho de 2ª safra teve acréscimo de 32,72% na produção e 36,46% na área colhida, com 4.726 kg/ha de rendimento médio, decréscimo de 2,76%. Esta queda na produtividade foi devido ao prolongamento das chuvas durante o período da colheita. Por outro lado, a produção de milho 1ª safra teve queda de 15,37% na produção e 16,51% na área colhida. O quadro para cultura de milho de 1ª safra foi desfavorável devido à ocorrência de irregularidades climáticas como, estiagem na floração e frutificação, fases muito sensíveis ao déficit hídrico, assim como chuvas no início da colheita, que podem determinar queda na qualidade do produto.

A produção de tomate industrial conforme apurou a pesquisa, apresentou aumento de 11,54% e na área colhida de 22,66%. A quantidade produzida passou de 1,148 milhão de mil toneladas em 2008, para 1,281 milhão de toneladas na posição de novembro de 2009, fato explicado pelo crescimento da demanda por parte das indústrias processadoras. Por outro lado a produtividade registrou variação negativa de 9,06%, ou seja, foram colhidos 81.297 kg/ha, ante 89.400 kg/ha no ano anterior.

A estimativa para a cultura de arroz (em casca), no segundo semestre de 2009, mostra uma expansão de 5,71% na quantidade produzida e 4,04% na área colhida que chegou a 104.950 hectares. Houve queda no rendimento médio de 0,67%, resultando em 8.507 kg por hectare.

A pesquisa apontou recuo na produção de sorgo de 6,42%, reduzindo a área colhida em 2,40% e 4,15% no rendimento médio. A cultura do sorgo mostra uma tendência de estagnação, visto a preferência do produtor pela cultura do milho de 2ª safra, que nesse levantamento mostrou um crescimento expressivo.

No tocante à produção de algodão herbáceo, segundo o LSPA, esta sofreu retração de 23,22% e de 26,03% na área colhida.  Este decréscimo na produção se deve, basicamente, à diminuição da área cultivada, como conseqüência do desestímulo dos produtores em cultivarem o produto face aos altos custos de produção, dificuldade de obtenção de financiamentos e da baixa cotação do produto tanto no mercado interno quanto no externo.

A cultura de feijão de 1ª safra, no segundo semestre de 2009, apresentou expansão de 49,72% na produção e 32,29% na área colhida em relação à safra de 2008, e variação de 13,15% na produtividade. Em relação à 2ª safra, houve acréscimo de 19,53% na área colhida, redução de 1,72% na produção e de 17,77% no rendimento médio, com 1.518 kg/ha, ante 1.846 kg/ha na safra de 2008. A cultura de feijão 3ª safra registrou variação negativa de apenas 0,59% na área colhida, com acréscimo de 3,24% no rendimento médio por se tratar de cultura irrigada.

A cultura de girassol no segundo semestre de 2009 registrou recuo na produção de 74,62% e 77,24% na área colhida, embora o rendimento médio tenha sido positivo em 11,51%. Essa cultura é influenciada pela demanda das empresas que processam a semente, sendo que essas indústrias não fecharam contrato com os agricultores, daí a queda acentuada na produção.

Trigo em grão – houve retração na produção de 82,1 mil toneladas, ante 86,4 mil toneladas do ano anterior, com decréscimo de 4,94%. Em relação à área colhida, houve crescimento de 10,16% e recuo de 13,72% no rendimento médio.

A produção goiana de grãos praticamente permaneceu estável no ano de 2009. Segundo o LSPA/IBGE houve aumento na produtividade das culturas de milho, feijão 1ª safra, algodão e girassol. Por outro lado, foi observada retração em outras culturas, como a soja, principal produto na pauta de exportação goiana, que ainda sente os reflexos da crise mundial, devido à baixa cotação do preço desta commoditie no mercado internacional, além do excesso de chuvas no período da colheita.

A estimativa do IBGE para área colhida e produção para a safra goiana de 2010 prevê redução de 3,2%, ou seja, maior que a redução obtida em 2009, caindo de 13,32 milhões de toneladas para 12,88 milhões. O primeiro prognóstico divulgado pelo Instituto prevê uma redução na área plantada das seguintes culturas: milho, algodão e feijão, que deram lugar à expansão da lavoura de soja, que deverá ter uma maior liquidez neste ano.

Equipe Técnica:

Dinamar Maria Ferreira Marques

Lucelena Fátima de Melo

Maria de Fátima Mendonça Faleiro Rocha