Detran-GO desbarata quadrilha que continuava cometendo fraudes em Paranaiguara, Cachoeira Alta e Quirinópolis mesmo após ser descoberta

Dois servidores foram presos e um particular está foragido. Há suspeita que o grupo atuasse até “esquentando” documento de veículos roubados

Uma ação continuada do serviço de inteligência do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) levou à prisão de dois servidores da autarquia neste final de semana. Foram presos uma servidora da Ciretran de Paranaiguara e um vistoriador de Cachoeira Alta. Eles são suspeitos de participarem da reestruturação de uma quadrilha que fraudava de diversas formas a transferência de veículos no interior do Estado com o objetivo de obter vantagens financeiras.

A quadrilha havia sido desbaratada há aproximadamente 30 dias, mas aparentemente cooptou novos membros e continuava operando na região. Na ocasião, outros dois servidores haviam sido exonerados: um comissionado e outro cedido pela prefeitura da cidade. Agora, além dos dois outros servidores presos, há uma pessoa particular foragida.

Os dois presos já foram liberados e responderão pelos crimes de formação de quadrilha, falsidade ideológica, falsificação de documento público e outros. Além dos dois servidores, mais de 10 pessoas estão sob investigação. Entre elas três despachantes. Os arquivos das três Ciretrans foram apreendidos e serão auditados.

De acordo com o presidente do Detran-GO, Delegado Waldir, que visitou as cidades neste final de semana para acompanhar as investigações, há indícios da participação de servidores do Vapt Vupt e até da sede da autarquia em Goiânia. “Está tudo sendo apurado. Essas pessoas terão direito à ampla defesa, mas continuaremos intolerantes com condutas erradas. Errou, tem que ser punido independente de quem seja”, explica.

O Detran-GO está finalizando a auditoria dos processos de transferência realizados na Ciretran de Paranaiguara. Na primeira etapa, dos 35 processos de transferência veicular auditados, 34 apresentaram indícios de fraude. Levantamentos apontam que o grupo atuava há dois anos. Por isso, outros processos vão passar por auditoria.

Entre as irregularidades está a transferência de veículos de pessoas falecidas sem o devido processo de sucessão. Antes mesmo do inventário ser finalizado, os veículos eram transferidos para terceiros de forma irregular. Daí o nome De Cujus, referente à operação realizada no final de fevereiro.

Há suspeitas ainda mais graves envolvendo a quadrilha. Levantamento preliminar aponta que o grupo “esquentou” o documento de um veículo que havia sido roubado em Minas Gerais. A Polícia Civil vai apurar ainda a atuação do grupo na regularização de veículos furtados e roubados em diversas regiões do País.

Delegado Waldir destaca que os servidores chegaram a efetuar transferências veiculares sem a vistoria, com Certificado de Registro de Veículo (CRV) adulterado e até sem o documento. “Ainda não sabemos quanto esse grupo movimentou ou quanto cobrava por processo, mas isso será esclarecido com a investigação policial”, explica.

Os investigados responderão por crimes como formação de quadrilha, corrupção passiva e ativa, improbidade da administrativa e falsificação de documentos públicos. No caso dos servidores exonerados, eles poderão ser impedidos de assumir novos cargos públicos. Já os despachantes podem ser descredenciados após o processo administrativo.

Risco

As investigações apontam que os despachantes participantes do esquema ainda estariam envolvidos na alteração de capacidade de lotação de veículos. Eles entrariam no sistema e alteravam a quantidade de lugares dos veículos, mesmo sem o laudo do Inmetro.

Esse procedimento de alteração de característica é minucioso, pois pode colocar em risco a vida dos passageiros caso a modificação não cumpra todas as especificações técnicas. A alteração era feita em troca de vantagens financeiras oferecidas pelos proprietários dos veículos.

Combate à corrupção

O presidente do Detran-GO alerta que a autarquia é intolerante com a corrupção. “O Detran-GO está com a ratoeira engatilhada. O servidor tem que entender que tem que trabalhar pelo salário e não por propina, porque senão vai se dar mal”, enfatiza.

Nos últimos 12 meses, mais de 40 denúncias por suspeita de fraudes foram encaminhadas para a Polícia Civil pelo Detran-GO; 20 Ciretrans estão sob investigação. “Caso o cidadão tenha conhecimento de alguma fraude ou corrupção, peço que nos ajude: denuncie”, afirma Waldir.

As denúncias podem ser feitas pelo telefone 154, pela Ouvidoria do Detran-GO ou diretamente ao presidente do órgão, que atende a todo cidadão sem precisar de agendamento. Toda informação é recebida como sigilosa.

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