CGE promove discussão virtual sobre o jeitinho brasileiro

O webinar foi mais uma das atividades do projeto Embaixadores da Cidadania e discutiu se esse propalado jeitinho seria uma forma de corrupção ou de inovação.

Na última terça-feira, 20/10, a Controladoria-Geral do Estado (CGE), por meio do projeto Embaixadores da Cidadania, realizou no YouTube (/cgegoias) um bate papo (webinar) com o tema “O Jeitinho Brasileiro: Corrupção ou Inovação?”. Estiveram à frente do debate o controlador-geral do Estado, Henrique Ziller, e a advogada especialista em compliance e presidente do New Instituto de Compliance, Bruna Piza. A mediação ficou a cargo da coordenadora do Embaixadores da Cidadania, Ana Carolina Bueno. 

Afinal o que é o “jeitinho brasileiro”, algo tão presente em nossa cultura e por que reproduzimos essa prática? A escritora Lívia Barbosa, em seu livro O jeitinho brasileiro – a arte de ser mais igual que os outros, define como uma forma “especial” de se resolver algum problema ou situação difícil, ou dar uma solução criativa para alguma emergência, seja sob a forma de conciliação, esperteza ou habilidade.

A coordenadora Ana Carolina lembra que o jeitinho pode ser visto tanto como algo favorável quanto uma forma de corrupção, podendo ser positivo ou negativo, dependendo da situação. Ela exemplifica com o coronelismo – que dava proteção em troca de votos. O homem que constrói seus relacionamentos pela simpatia e não pela razão, agindo predominantemente de forma afetiva, que acabou dando ao povo brasileiro o adjetivo de hospitaleiro. Mas será que o jeitinho é uma invenção brasileira?

Para a advogada Bruna Piza, a figura do papagaio “Zé Carioca” com seu gingado que vai quebrando regras é típica do brasileiro. Furar fila ou acreditar que seu caso deve receber prioridade em um órgão público demonstram essa mescla de sentimentos em ações que deveriam ser impessoais. Na opinião de Bruna, a corrupção não é uma invenção brasileira, mas a impunidade é bem nossa. “O limite é ultrapassado a todo momento. E o jeitinho aliado à impunidade leva a acreditar que isso é normal”, esclarece.

O controlador-geral, Henrique Ziller, lembra que vivemos em um Estado burocratizado e que as elites se beneficiam disso. “No Brasil temos normas demais e esse excesso está na base de todo o problema. É como se não soubéssemos resolver um problema sem criar uma norma.  E isso gera situações de impunidade, baixa responsabilização e leniência versus punição exacerbada quando alguém é pego, que cria um ambiente complexo e de difícil enfrentamento”, afirma.

Bruna Piza acredita que a generalização do jeitinho gera um ambiente no qual um sujeito não tem como julgar o outro, pois ele também o pratica. Ela enfatiza que entre o que é aceitável e o que não é, a falta de punição faz com que as pessoas percam o senso do que é correto. “Vivemos uma corrupção sistêmica, onde se perdeu o critério do mérito e passou a se oferecer vantagens. Para mim o ato de levar uma caneta e a corrupção nos altos contratos é corrupção de qualquer jeito”, definiu.

Para Henrique Ziller, a linha que delimita o certo e o errado não é tão bem demarcada. “É preciso ter ética para o enfrentamento das situações. Um exemplo é a Dinamarca, que trata o cidadão como adulto e coloca regras bem objetivas dando margem para o bom senso”, esclarece. Outros exemplos dados por Ziller foram os projetos Embaixadores da Cidadania e Estudantes de Atitude, coordenados pela CGE, onde mais que despejar no jovem uma enormidade de leis e normas, ele é convidado a conhecer e a se conscientizar para ser um agente de mudança e de controle social. 

Ana Carolina, do Embaixadores da Cidadania, convidou todos a conhecerem os objetivos do projeto, por meio das redes sociais, das informações no site da CGE e no hotsite (www.embaixadoresdacidadania.go.gov.br).  Para ela, se vivemos em conjunto temos que encontrar formas de sempre melhorar essa sociedade. “Logo devemos nos conscientizar sobre nossas atitudes, ter uma conduta ética em nosso cotidiano e uma participação ativa, para que possamos construir com muita criatividade e inovação um futuro mais honesto para nossa sociedade”, afirma. Ao final das explanações, os palestrantes responderam perguntas e considerações levantadas pelos ouvintes do canal.

Controladoria-Geral do Estado – Governo de Goiás 

 
 
 

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