Evento da CGE faz reflexão sobre os papéis e comportamentos da masculinidade 

Participantes debateram os desafios para desconstruir o estereótipo em favor de uma masculinidade mais saudável

A “Masculinidade Saudável: Redefinindo papéis e comportamentos” foi tema de debate promovido, na última sexta-feira (02), pelo Comitê Permanente para Questões da Mulher e da Diversidade (CPMD) da Controladoria-Geral do Estado de Goiás (CGE), no auditório Mauro Borges. O evento teve apoio da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg) e das Secretarias de Saúde (SES) e de Desenvolvimento Social (Seds), além de outros parceiros. Confira o vídeo do evento no perfil da CGE no Instagram.

A mesa redonda reuniu servidores de diversas pastas da administração e foi mediada pelo gerente de Promoção de Valores da CGE, Ricardo Orsini, com abertura do controlador-geral, Henrique Ziller. “Sempre vivi em ambientes essencialmente femininos, então nunca achei que o sexo masculino fosse o mais forte. Mas essa é a minha perspectiva, então é muito importante fazermos esse momento de reflexões”, considerou Ziller.

Presidente do CPMD da CGE, a auditora-chefe especializada em Segurança Pública, Cíntia Villac, explicou que a ideia do debate surgiu a partir de um questionamento recorrente entre os servidores homens da CGE, especialmente nas celebrações pelo Dia da Mulher, sobre a falta de atenção específica para eles. O Comitê passou a analisar pontos inerentes como a média de vida do homem (7 anos menor que a das mulheres), o alto índice de suicídios entre homens e a dificuldade em se expor emocionalmente.

“A visão estreita de masculinidade impacta diretamente na vida das pessoas, desde a infância até a fase adulta. E não apenas dos homens. Então decidimos propor o evento”, explicou. “A masculinidade saudável deve ser um caminho oposto à masculinidade tóxica, que tem impactos sociais graves, como violência contra mulheres e homofobia. Mas também para os homens, sobretudo com danos emocionais”, completou Ricardo Orsini.

Caminhos para a construção de uma masculinidade mais saudável
Para direcionar a conversa, a organização do evento convidou profissionais que abordaram a problemática da masculinidade sob três diferentes aspectos: entender a origem os estereótipos de masculinidade na sociedade; combater esses estereótipos tratar a saúde emocional; e a ampliação dos cuidados com a saúde física.

O sociólogo e professor Rezende Bruno abriu os trabalhos mostrando como o tema começou a ser questionado e pesquisado, de forma a entender as consequências dos estereótipos. “Curiosamente, as mulheres feministas e comunidades LGBTQIA+ de diferentes países provocaram essa discussão sobre “o que é ser homem”. Quais os impactos dessa masculinidade nas nossas relações de poder, de desigualdade, na nossa cultura?”, explicou. Segundo ele, a partir daí, estudos diversos seguem levantando questões e possibilitando a evolução da sociedade como um todo.

“Entendemos que existem muitos perfis de masculinidade e de homens, que não nos tornam mais ou menos masculinos, gentis e amorosos. Mas para isso é preciso se permitir, olhar para as nossas próprias diferenças, desde o homem deficiente, negro, quilombola, heteronormativo, homossexual, transgênero”, enumerou.

O psicólogo especialista em cuidados com a saúde mental, Marcos Dantas de Souza, falou em seguida de como as necessidades humanas e os pactos de masculinidade definem a condição de “homem” desde a infância. “Não poder chorar, não perder, ter que ser forte, não demonstrar sentimentos, sendo que tudo o que o ser humano faz é exatamente por sentimento. Essa construção leva ao sofrimento emocional do homem também”.

Finalmente, os efeitos dos danos emocionais e da negligência na saúde física do homem foram abordados pelo médico intensivista Pedro Ivandosvick Cordeiro de Oliveira. O médico chamou atenção para aspectos até mesmo culturais, que podem levar a problemas drásticos de saúde como câncer de pulmão, estômago, próstata e peniano. Entre eles o preconceito e recusa para buscar tratamento preventivo, comportamentos nocivos como abuso de álcool e cigarro, e a própria falta de cuidado com a saúde emocional.

“As doenças são fruto dos nossos genes, mas também das pré-disposições genéticas que estimulamos a partir de comportamentos. Na década de 90, o principal problema de saúde masculina estava associado à fertilidade e desempenho sexual. A masculinidade e virilidade seguia pautando todos os outros comportamentos, inclusive emocionais. O autocuidado é algo recente e o meu papel é estimular a entenderem a importância dele para a vida do homem”, afirmou Ivandosvick.

PARTICIPAÇÃO E INCLUSÃO – Com forte apelo ao diálogo entre os diferentes, o evento teve o cuidado de solicitar a autodescrição dos participantes e disponibilizar intérpretes de libras. A iniciativa deve fazer parte de todos os eventos da CGE e reforça o entendimento de que a construção de uma sociedade melhor passa pela participação de todos.
A mesa redonda foi encerrada com um momento para comentários e perguntas da plateia.

Comunicação Setorial CGE – Governo de Goiás



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