Marconi diz que Goiás fez ‘dever de casa’ em 2015, evitou colapso e 2016 será melhor

O governador Marconi Perillo fez ampla avaliação do desempenho da administração estadual em 2015, em entrevista coletiva na manhã de terça-feira (29/12), e afirmou que está mais otimista quanto à situação do País em 2016, apesar de o Brasil ter atravessado, neste ano, “a maior crise desde 1929”. Marconi avaliou o impacto da crise econômica nas contas do Estado e afirmou que se o Poder Executivo não tivesse tomado as medidas necessárias, ainda que duras, Goiás teria “entrado em colapso” e que, em função disso, “o ano de 2016 será melhor”.

“Tenho certeza que no ano que vem teremos muito menos trabalho porque nós fizemos o dever de casa no ano de 2015”, afirmou na entrevista de uma hora, realizada no Salão Verde do Palácio das Esmeraldas. “Neste ano de 2015, o aumento na folha foi de R$ 1 bilhão. Se (o Poder Executivo) tivesse dado (todos aumentos salariais reivindicados), o Estado entraria em colapso, como outros Estados entraram. Todo dia a gente vê na televisão”, afirmou Marconi.

O governador falou ainda sobre o andamento das obras, impostos, incentivos fiscais, implantação da gestão compartilhada por Organizações Sociais nas escolas, eleições municipais, saúde, educação e cultura, entre outros temas. “O que eu sempre quis é que, através de uma educação pública de qualidade, haja a verdadeira democratização do ensino. Buscar ensino de qualidade que garanta as vagas nas melhores universidades e consequentemente os melhores empregos. Nós não podemos continuar a ter nas melhores universidades apenas os filhos de famílias mais abastadas que têm dinheiro para estudar em boas escolas particulares”, afirmou. Veja outros pontos da entrevista.

OS na Educação

“Eu jamais ousaria, depois de quatro mandatos à frente do governo do Estado, buscar uma alternativa que fosse, reconhecidamente, tendente a não dar certo. Esta iniciativa está sendo acompanhada de perto pelos maiores especialistas em educação pública do País. São homens e mulheres que acompanham esta discussão aqui em Goiás com lupa, ansiosos para que esta experiência possa dar certo.

Num momento difícil como este, por exemplo, muitas pessoas da classe média estão levando seus filhos para a escola pública. Então, todos aqueles que quiserem, terão uma escola pública de qualidade. Essa experiência já existe em algumas partes do mundo. Somos o primeiro estado brasileiro a buscar uma alternativa segura, com metas estabelecidas, com regras claras em relação a fiscalização da eficiência do modelo.

Vamos começar em poucas escolas. Depois, a medida em que este modelo for dando certo, como aconteceu na saúde, nós vamos evoluindo com a implantação em outras escolas. O fato é que nós queremos ousar. Não é possível que a gente tenha que aceitar que, no Brasil, a educação esteja boa, se no conceito das 200 melhores do mundo, não consta nenhuma universidade brasileira.

Nós não podemos admitir que o sectarismo político e ideológico  prevaleça, que o corporativismo sindical político-partidário possa prevalecer sobre uma discussão séria, que tem por objetivo melhorar para os filhos dos pais trabalhadores. Eu estou buscando um diálogo direto com os pais. De um lado está o sindicalismo político/partidário, de outro estão os pais que querem o melhor para os seus filhos.

Na saúde os diretores das unidades são mais valorizados hoje, inclusive em termos de salário, afora outras condições de trabalho. Os funcionários que estão hoje na saúde são muito mais valorizados. O que nós queremos é levar isso para a educação.

OS na segurança pública

“Nós temos experiência bem sucedidas em governos de vários partidos, relativamente a PPPs e OS`s em presídios. São os casos da Bahia, Minas Gerais e Pernambuco. Nós estamos estruturando uma PPP para a construção de um novo presídio em substituição ao Cepaigo. Esse novo presídio será construído no regime de PPP. Nós vamos pagar por preso cobrando uma série de medidas em relação a qualidade. É muito mais fácil fazer assim do que pela administração direta. Eu não tenho nenhuma dúvida. Essa experiência existe na Inglaterra, nos Estados Unidos e em vários outros países.

Quanto aos presídios que estão sendo construídos, nós vamos ter a experiência da cogestão público/privado. Ela existe em outros estados com sucesso. Isso tudo em relação aos presídios novos, Não vamos fazer mudanças em relação aos presídios velhos. Pelo menos por enquanto.

Impeachment

“Eu defendo o estado democrático de direito e que a constituição seja rigorosamente observada. Caberá ao Congresso Nacional deliberar sobre esse tema. O STF já deliberou em relação aos ritos. Como governador, eu vou continuar mantendo a melhor relação possível com a presidente e com todos os ministros, como fiz ontem com o ministro da Fazenda, assegurando recursos para Goiás e outros estados”.

CPMF

“Eu não sou a favor da CPMF. Ela é importante tanto para o Governo Federal quanto para os governos estaduais. Mas eu não vou defender este novo imposto por uma questão de coerência e até porque o Brasil já tem uma carga tributária bastante elevada. Eu não vou fazer nenhuma movimentação, nem vou ser cabo eleitoral contrário à CPMF. Eu não sou parlamentar. Se fosse, votaria contra como já votei da outra vez.

Credeqs

“Teremos que fazer uma nova licitação para concluir algumas pequenas obras complementares no Credeq de Aparecida de Goiânia, que já está praticamente pronto. Deveremos entregar dois Credeqs em 2016 e os demais em 2017. Eu posso assegurar que os Centros de Excelência na Recuperação de Dependentes Químicos que nós vamos começar a operar em Goiás serão os melhores e mais eficientes do Brasil. Eles serão referência . Nós não terminamos este ano porque tínhamos como prioridade o término do Hugol. E não tínhamos recursos suficientes para terminar todos. Ano que vem vamos dar sequência ao Hospital de Urgências de Uruaçu, aos Credeqs aos Ames e aos outros hospitais que estão no nosso plano de governo”.

Atração de investimentos

Neste momento de crise, quando os investimentos internacionais se retraem por conta do rebaixamento das notas do Brasil nas agências de avaliação e os internos pararam por conta da crise econômica, com juros altos e restrição de crédito, é preciso ser criativo. Com o Inova Goiás vamos procurar fazer a diferença com a atração de novos investimentos e com o Goiás Mais Competitivo nós vamos procurar também pelo lado da competitividade, atrair novos investidores.

Celg

Se eu fosse escrever um livro sobre a Celg, desde quando assumi o governo, seria uma obra emocionante. Desde janeiro de 2012 a Celg é administrada pela Eletrobrás. Somos apenas sócios minoritários e não ditamos as regras. Neste período, a Celg aumentou o seu endividamento. Ela precisava ser privatizada e saneada para cumprir com os seus objetivos sociais que são o de fomentar o desenvolvimento do Estado, investir pelo menos R$ 500 milhões por ano para ampliação do seu parque de distribuição de energia e, com isso, atender as demandas que nós temos em Goiás.

Servidores Públicos

“Aqueles que são conscientes do que acontecia antes da minha chegada ao governo e o que acontece hoje certamente saberão dar valor ao que nós fizemos pela categoria. Durante 12 anos eu paguei o 13 salário dos servidores no mês do aniversário. Sempre pagamos adiantado . Agora em 2015 dividimos o pagamento, ainda assim pagando uma parte adiantada e outra dentro da data limite permitida pela Lei. Se conseguirmos êxito nas nossas políticas de ajustes, retomaremos o pagamento adiantado de todos os servidores. Não posso afirmar quando será.

Goiás tem mais de seis milhões de habitantes. O governo tem que dar toda a atenção aos seus mais de 160 mil servidores, Mas não pode estar voltado apenas para os servidores públicos. Eles são importantes, mas precisamos cuidar dos outros 6,5 milhões goianos que também precisam da atenção do governo do Estado.

Reforma Administrativa

“Cortar secretarias não dá mais. Pode ser que a gente faça alguns ajustes no segundo, terceiro e quarto escalões. Eu pretendo diminuir ainda mais o numero de comissionados. Eu não pretendo desempregar quem está trabalhando, mas nós vamos trabalhar em várias áreas onde for possível reduzir comissionados e temporários. Uma vez implementadas as OS´s na educação, nós vamos começar a demitir os temporários e promover contratações via CLT. O fato de nós termos hoje servidores celetistas, e na saúde já são dez mil, desonera o fundo de previdência”.

Eleição 2016

A nossa base tem um numero grande de partidos, a maioria dos deputados estaduais e federais. Eu vou me reunir com os presidentes dos partidos e com os deputados para definir a minha participação. A minha proposta é que eu não participe de nada na eleição, que eu continue cuidando apenas do governo do Estado. Eu sou gestor, mas também sou político. Pertenço a um partido e pertenço a uma aliança.

Recuperação das rodovias

Eu já tenho um diagnóstico preparado pela Agetop em relação as estradas que precisam ser reconstruída em 2016. Essas reconstruções importam um volume de R$ 400 milhões. Ontem o ministro da fazenda deu duas repostas positivas para os governadores. Primeiro que vai regulamentar o novo indexador da divida dos estados até a próxima semana. E a segunda que todos os governadores saberão qual o limite de operações de crédito que terão para o ano 2016.

Esperamos chegar ao final de 2016 com todas as rodovias reconstruídas. Também definimos R$ 200 milhões para manutenção e conserva de rodovias no ano de 2016. Isso vai significar um investimento de R$ 17,5 milhões por mês na manutenção e conserva dos 20 mil quilômetros de rodovias pavimentadas e não pavimentadas.

Avaliação sobre 2016

Houve, no Brasil inteiro, realinhamentos e reajustes tarifários. O governo Federal puxou na área de energia, gasolina etc. Nós aqui procuramos fazer reajustes muito menores do que a média do Brasil. Para se ter uma ideia todos os estados do nordeste e mais uns oito estados do Brasil, fizeram aumento da tabela geral de ICMS. Eu me recusei a fazer isso em Goiás. Em Goiás continua sendo de 17%. Em alguns estados chega a até 19%. Até importantes empresários me pediram para mexer no modal de ICMS. E eu não quis. Em alguns casos, como na Saneago, houve um realinhamento em função dos insumos que aumentaram.

Eu espero que essa fase do realinhamento tenha acabado. A Assembleia Legislativa experimentou momentos difíceis, de tensão, e de fortes embates neste ano de 2015. Tenho certeza que no ano que vem ela terá muito menos trabalho porque nós fizemos o dever de casa no ano de 2015.

Governo na palma da mão

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