Polícia Civil apura se Prefeitura de Piracanjuba foi alvo de estelionatários
Investigação aponta que exames médicos pagos pela administração municipal à prestadora de serviços não eram realizados. Entre os alvos da investigação está uma ex-vereadora da cidade.
A Polícia Civil deflagrou na manhã desta quarta-feira (2/12), a Operação Falso Exame, que apura indícios do crime de estelionato, em que a Prefeitura de Piracanjuba era alvo de criminosos. A investigação apontou que uma prestadora de serviços do município fraudava a quantidade de exames realizados, cobrando procedimentos a mais dos que realmente haviam sido executados. Durante a ação, da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), foram cumpriram quatro mandados de busca e apreensão, em Goiânia e em Piracanjuba.
De acordo com a apuração policial, em março deste ano, a Prefeitura da cidade firmou uma parceria com uma associação filantrópica sem fins lucrativos, para a realização de exames médicos. Para isso, a entidade recebeu verba decorrente de emenda parlamentar, no valor aproximado de R$ 700 mil. A suspeita, segundo o delegado Francisco Lipari, é de que a associação estaria superfaturando com procedimentos não realizados e declarados de forma fraudulenta à Prefeitura.
“Essa declaração não correspondia de fato à quantidade de exames realizados pelos pacientes da cidade. Com isso, a associação estaria recebendo, de forma indevida, repasses de valores decorridos dessa emenda parlamentar. Até o momento, entendemos que a administração pública municipal de Piracanjuba foi vítima. Ao final das investigações poderemos concluir se ela também participou desta conduta investigada ou não”, afirmou.
Na tabela de faturamento da entidade filantrópica, avaliada durante a operação policial, os policiais descobriram que uma mesma paciente teria realizado inúmeros exames de uma mesma natureza, em um único dia. “Foi informado que uma única paciente teria realizado, somente no dia 22 de julho, cerca de seis exames de ressonância, a um custo total de R$ 2.800 de despesa ao erário municipal”, destacou o delegado.
Entre os alvos da investigação está uma ex-vereadora da cidade, que chegou a disputar a Prefeitura de Piracanjuba durante as eleições deste ano. De acordo com o delegado, a ex-parlamentar é a presidente da entidade filantrópica apurada e ainda administradora de uma clínica médica, possivelmente envolvida no esquema. “Após ser firmada a parceria com a administração municipal, essa Associação adquiriu essa empresa, com sede em Goiânia. A partir disso, abriu-se uma filial em Piracanjuba. Essas empresas estariam sendo usadas para realização dos exames e captação dos recursos”, pontuou.
Para o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, os crimes cometidos são agravados pela situação de saúde pública enfrentada, decorrente da pandemia de Covid-19. “Mais uma vez, vemos um possível crime sendo cometido contra a saúde da população. Além dos agravantes muito bem colocados pelo delegado, temos o maior deles, que é o momento de pandemia vigente, quando a população busca maior socorro por parte do poder público. Pelo que as autoridades policiais nos relataram, o conjunto probatório vai fechar essa questão rapidamente”, ressaltou.
Durante as diligências da ação, foram apreendidos diversos documentos, que serão agora analisados. “Buscaremos se existem mais pessoas envolvidas na ação. A ex-vereadora não foi presa, mas hoje foi alvo da busca e apreensão. Possivelmente, ao final da investigação, a Polícia Civil irá deliberar e avaliar a necessidade de se representar pela prisão de alguns dos investigados”, concluiu o delegado Francisco Lipari.
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