Operação Voo Cego: PC investiga grupo criminoso que utilizava aeronaves para o tráfico de drogas
Duas pessoas foram presas durante a ação e 11 aeronaves, usadas para transportar entorpecentes, foram apreendidas
A Polícia Civil de Goiás investiga uma organização criminosa, que atuava no tráfico de drogas. Durante a Operação Voo Cego, deflagrada no dia 13 deste mês, foram cumpridos dois mandados de prisão contra indivíduos suspeitos de integrarem o grupo criminoso. No decorrer das diligências, os policiais apreenderam 11 aeronaves e descobriram um desmanche clandestino de aviões, em Anápolis.
A apuração do Grupo Antissequestro (GAS), da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (DEIC) identificou que a organização criminosa aliciava pilotos de aeronaves para a realização de voos, com o propósito de buscar drogas em países vizinhos, principalmente Bolívia. Segundo o delegado Thiago Martimiano, as aeronaves eram modificadas para aumentar a autonomia de voo e a capacidade de carga. “Eles aumentavam o tanque de gasolina e faziam o abastecimento em voo. São voos extremamente arriscados, com transponder desligado. Eles só recebiam uma coordenada de GPS de uma pista na Bolívia e seguiam pra lá”, afirmou.
As investigações tiveram início após o desaparecimento do piloto Ivo Benassi Billegas, de 39 anos. Ele saiu do Aeroporto de Anápolis no dia 21 de fevereiro de 2018 e não foi mais visto. Por meio da apuração, os policiais descobriram que outros dois pilotos do município também estavam desaparecidos e que todos eles eram vinculados ao grupo criminoso. Segundo a apuração, um dos presos teria levado Ivo Billegas até São Félix do Xingu, no Pará, de onde teria decolado para a Bolívia, e não mais retornado. “Os indícios, que existem nos autos, apontam que os pilotos tenham se acidentado nessa atividade arriscada”, ressaltou o delegado.
Durante a ação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em hangares do Aeroporto de Anápolis. No local, que funcionava como sede para o grupo, foram apreendidas sete aeronaves suspeitas de serem utilizadas nos voos clandestinos. Os policiais descobriram também um galpão da organização criminosa, em um bairro residencial da cidade, onde foram encontradas e apreendidas outras quatro aeronaves. No espaço, os aviões eram reformados e preparados para as atividades do grupo.
“Encontramos aeronaves acidentadas, sem nenhum tipo de notificação das autoridades aeronáuticas, como a lei obriga. Ou seja, os aviões caem, esse pessoal não notifica, depois faz um reparo clandestino nessas aeronaves e o mais preocupantes é que, se cai e alguém morre, provavelmente o piloto, ele deve ter o corpo ocultado. Essa é uma das desconfianças da Polícia”, informou o delegado-geral da Polícia Civil, Odair José Soares.
Ainda de acordo com o delegado Thiago Martimiano, não foi possível identificar as aeronaves, já que os suspeitos retiravam delas todas as plaquetas e sinais de identificação. “Eles pegam aviões furtados, que sofreram algum tipo de acidente ou mesmo aviões importados, muitas vezes dos Estados Unidos. Importam como sendo peças, mas na verdade é uma aeronave desmontada. Chegando aqui eles remontam, colocam um prefixo nacional e começam a voar como se fosse uma aeronave legalizada. São realmente aeronaves fantasmas”, disse.
Entre os dois indivíduos presos durante a operação, um era o dono do galpão clandestino e o outro intermediava as compras dos aviões. Com um deles foram apreendidos uma pistola calibre 380 e um revólver calibre 38 sem registro. Um hangar do Aeroporto de Anápolis e o galpão foram interditados. Os investigados no inquérito policial devem ser indiciados pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico.
A previsão é de que novas fases da operação sejam deflagradas, com o intuito de prender outros integrantes do grupo criminoso. A Operação Voo Cego contou com a participação de 47 policiais civis e mobilizou 15 viaturas. A ação foi acompanhada pela Agência Nacional de Avião Civil (ANAC).
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