Operação Metástase aponta desvio de pelo menos R$ 50 milhões e responsabilização por morte de paciente
Foram apreendidos uma aeronave, carros de luxo e obras de arte. No total, a corporação cumpriu mandados de busca e apreensão contra 19 alvos. “As apreensões foram feitas para assegurar possível futura indenização à vítima e pagamento de despesas processuais”, explicou o delegado Luiz Gonzaga, do GECCOR.
De acordo com as investigações, o superfaturamento de contas foi feito por diversos meios. Entre eles, a criação e a utilização de um robô para a auditoria automática das contas do Ingoh, o que resultava na ausência de valores indevidos.
A polícia também identificou que auditorias volumosas de contas eram efetivadas por auditores do Ipasgo que mantinham vínculo com a empresa. “Era um claro conflito de interesses. Médicos do próprio Ingoh auditavam pelo Ipasgo. Ou seja, o Ingoh fiscalizava a si próprio”, destacou Luiz Gonzaga.
Empresas terceirizadas também eram responsáveis por auditorias fraudulentas com influência direta dos membros da antiga cúpula do Ipasgo sobre os sócios da empresa. Além disso, foi identificada a inaplicabilidade do desconto de 15% previsto no regime de credenciamento especial do Ingoh, somado à desproporcionalidade da tabela de medicamentos oncológicos. Outro meio utilizado foi o pagamento indevido da taxa de uso de sala do Ipasgo ao Ingoh de medicamentos por via oral, intramuscular ou subcutâneo.
Conforme apurado pela Polícia Civil, havia, ainda, o pagamento de medicação quimioterápica sobre fasco cheio ao Ingoh, em detrimentos às demais clínicas oncológicas que recebiam por fração utilizada, além do estabelecimento de subdosagem de medicações de custo baixo com cobrança de medicamentos de referências, além do agrupamento de pacientes para tratamentos. Todas essas condutas eram direcionadas ao superfaturamento de contas.
Tratamentos quimioterápicos inadequados também foram prescritos e aplicados para garantir vantagens indevidas. A medida, inclusive, teria resultado na morte de um paciente. “Se o médico sabe que o medicamento não fará efeito e reduzirá a sobrevida, não é dolo eventual, mas sim, direto. Isso é gravíssimo e revoltante. Trata-se de uma situação que causa indignação em toda a sociedade”, disse o secretário Rodney Miranda.
Durante a operação, os policiais encontraram medicamentos vencidos na farmácia do Ingoh. Para a Polícia Civil, a medicação – que inclui tratamentos de quimioterapia -, estava sendo utilizada. “Estamos falando de câncer, uma doença muito grave e que deveria ser motivo dos mais absolutos cuidados por parte dos responsáveis por tratar os pacientes”, ressaltou o delegado Luiz Gonzaga.
Participaram da operação 160 policiais entre delegados, agentes e escrivães. Integrantes da Superintendência de Combate à Corrupção da Secretaria de Segurança Pública e peritos da Superintendência de Polícia Técnico-Científica Científica também deram suporte à ação da Polícia Civil. A atual gestão do Ipasgo deu total apoio às investigações e apóia todas as medidas de combate à corrupção.
Comunicação Setorial