Caso elucidado: PC prende suspeitos de ser mandante e intermediário de homicídios de advogados na capital
Crime teria sido motivado por questões relacionadas a disputas de terra, em que as vítimas advogaram em desfavor do suspeito de ordenar o crime. A polícia acredita que o inquérito seja concluído e encaminhado ao judiciário nos próximos dias
A Polícia Civil do Estado de Goiás prendeu nesta terça-feira (17/11) um homem, de 58 anos, suspeito de ter sido o mandante dos homicídios praticados contra dois advogados, no setor Aeroporto, em Goiânia. A detenção foi realizada por meio da força tarefa criada na Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), composta por 38 policiais. Com isso, os cinco suspeitos de envolvimento foram identificados e todas as circunstâncias do crime elucidadas.
Com a grande repercussão e comoção gerada entre a população goianiense, o governador do estado, Ronaldo Caiado estabeleceu que tivesse o máximo de empenho possível para o caso fosse elucidado de forma ágil. O secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, comemorou o resultado da intensa apuração, finalizada em tempo hábil, de 19 dias. “Mais um desfecho positivo de uma investigação complicada, que a Polícia Civil conseguiu fazer. Desde o momento do crime, o governador me ligou e pediu para, da melhor maneira possível, ajudar na coordenação, dar apoio logístico, fazer contato com outros estados, se fosse o caso, para que a gente pudesse ter um desfecho positivo. E assim o fizemos”, disse.
O titular da pasta de Segurança Pública ainda elogiou a atuação dos policiais e de todos que auxiliaram na elucidação do crime. “Os policiais fizeram um trabalho brilhante. Parabenizo publicamente todos que que estiveram empenhado nessa força-tarefa. Estamos dando uma resposta que a sociedade quer”, afirmou.
Segundo o delegado Rilmo Braga, titular da especializada, o resultado positivo da ação policial se soma aos demais que vem sendo verificados neste ano. “A Delegacia de Homicídios está se aproximando do fechamento de 2020 com aproximadamente 100% de resolutividade em termos de homicídios ocorridos na capital goiana, um número que serve de combustível para que possamos, no próximo ano vindouro, nos dedicar ainda mais, para fornecer a sociedade goiana uma resposta que todos precisam, no combate à criminalidade”, destacou.
Crime
O caso foi registrado no dia 28 de outubro deste ano, em Goiânia. Na ocasião, dois suspeitos, se passando por clientes, agendaram horário com os advogados. Contudo, pouco tempo depois de chegar ao escritório, no setor Aeroporto, a dupla efetuou diversos disparos de arma de fogo contra as vítimas, que morreram ainda no local. Dois dias depois, em 30 de outubro, a DIH prendeu, em Porto Nacional (TO), um homem, de 25 anos, apontado como o executor do duplo homicídio. O segundo suspeito, que a investigação aponta que tenha participado diretamente do crime, chegou a ser identificado, mas morreu após troca de tiros com a Polícia Militar do Tocantins.
Já neste mês de novembro, no dia 9, um homem, suspeito de ser o intermediador dos assassinatos, foi preso no Tocantins. A namorada dele, que também é investigada por possível participação no crime, também foi detida. De acordo com o delegado Rhaniel Almeida, que preside as investigações, um dos dois indivíduos teria ainda transportado os dois executores do estado vizinho para a capital goiana, onde o crime foi cometido. “Ele ficou em Goiânia, prestando auxílio aos dois até o dia 25 de outubro, quando retornou para a cidade de Porto Nacional (TO). Além do transporte, segundo as investigações, foi ele o elo de ligação entre o mandante e os executores”, informou.
A apuração policial identificou que os homicídios teriam sido encomendados por alta quantia em dinheiro. “O contrato era no valor de R$ 100 mil, caso tudo desse certo, eles executassem os advogados e ficassem impunes. Se por ventura fossem presos, o que ocorreu, eles receberiam o valor de R$ 500 mil. Talvez por isso a insistência em informar que foi um latrocínio, para proteger o mandante, na expectativa de algum dia receber esse dinheiro. Esse montante não chegou a ser passado aos executores, dada a rapidez com que a Polícia Civil conseguiu chegar até eles”, ressaltou o delegado.
Ainda segundo Rhaniel, a principal suspeita é de que o crime tenha sido motivado por questões relacionadas a atividade profissional dos dois advogados. As vítimas teriam ganhado um processo contra o possível mandante dos homicídios. “A gente acreditava que, por conta da idoneidade dessas pessoas que foram mortas, muito provavelmente estaria relacionado ao trabalho delas. A gente fez um trabalho muito grande de mapeamento de todas as ações que eles trabalharam, tentando filtrar aquelas que poderiam ser as mais sensíveis. É uma ação milionária, envolvendo terras de familiares do suspeito. Os advogados atuaram na parte contrária e teriam tido êxito”, concluiu.
Com o suspeito detido nesta terça-feira, os policiais apreenderam a quantia de R$ 34 mil em espécie. A Polícia Civil deverá agora realizar novas diligências, como a oitiva de testemunhas e finalização de relatórios de inteligência. A previsão é de que o inquérito seja concluído nos próximos dias e submetido ao Poder Judiciário.
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