Polícia Civil dá dicas para evitar cair no “golpe do novo número”

Ação de estelionatários tem sido recorrente e feito diversas vítimas. Apenas nesta semana, três casos de repercussão foram solucionados, levando à prisão seis pessoas.

A Polícia Civil de Goiás alerta a população para a atuação de estelionatários, que tem se aperfeiçoado. Um dos golpes mais comuns e que tem feito diversas vítimas nos últimos meses é o chamado “golpe do novo número”. Apenas nesta semana, três casos de grande repercussão foram solucionados pela polícia judiciária no estado, que resultaram na prisão de seis pessoas. Somados, os golpes geraram prejuízos de mais de R$ 30 mil às vítimas.

Durante a ação, os suspeitos, utilizando a foto e o nome de familiares das vítimas, passam a pedir dinheiro por meio de aplicativos de mensagens, como explicou o delegado Olemar Santiago, do Grupo de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (GREF/DEIC).  “O criminoso consegue os dados a partir de sites pagos na internet e obtém essa foto geralmente por meio de redes sociais. Em seguida entra em contato com a vítima por WhatApp ou Telegram, solicitando um valor, um depósito para um determinado fim”, disse.

Para evitar que as vítimas verifiquem com quem estão falando antes da transferência ou depósito de valores, os criminosos utilizam diversas estratégias, na tentativa de dar veracidade ao golpe. “Além de utilizarem a foto da pessoa, eles também tentam fazer uma ligação por chamada e logo em seguida avisam que aquela ligação está ruim e que por isso não vão ligar. Essa ação deles é justamente para evitar a primeira medida que a Polícia indica nesses casos, que é verificar”, afirmou.

“Desconfiou de um número diferente ou um número que não é aquele comum que você usa para ter contato com aquele parente, verifique. Verifique no número de costume, se não conseguir um contato imediato, ligar em alguém, uma esposa, um filho, que possa saber do paradeiro do pai, da mãe ou familiar envolvido e que possa certificar a legitimidade da solicitação feita”, complementou o delegado.

Além da falsa ligação, é necessário ficar atento à forma com que os pedidos são feitos. Segundo Olemar Santiago, os estelionatários nesses casos optam por uma solicitação de forma urgente. “Sempre dizem ‘ah, estou aqui precisando de um guincho no meio da estrada, precisando fazer um exame, meu cartão estourou o limite, te pago logo amanhã, mas me deposita rapidamente’. A pressa é usada justamente para evitar que a pessoa se certifique com as medidas antifraude”, destacou.

Outra medida de segurança importante nessas situações, de acordo com o delegado, é ficar atento ao nome vinculado a conta que receberá o valor do depósito, principalmente se for diferente do nome do familiar ou amigo.  Isso porque, durante os golpes, os criminosos alugam contas bancárias de outras pessoas. “Se estiver em nome de uma pessoa que você não conhece ou se for de uma agência de um estado diferente do seu, são sinais que devem causar estranheza e precaução da pessoa”, reiterou.

Nos últimos três casos verificados em Goiás, as vítimas foram pessoas idosas, com idades entre 63 e 71 anos. Para o delegado, os idosos têm sido o principal alvo dos criminosos, por muitas vezes terem dificuldade ou pouca familiaridade com as tecnologias. “Alguns têm pouca habilidade até mesmo com o celular. Então não fazem as conferências adequadas. Além disso, tendo em vista o isolamento social, vários deles estão mais fragilizados, muito tempo sem contato social na rua e às vezes, por estar mais exacerbada até a questão sentimental nesse período, o pedido de um filho ou familiar é prontamente atendido”, pontuou.

Caso a pessoa caia no golpe, a primeira medida que deve ser adotada é denunciar o caso à Polícia Civil de forma imediata. A denúncia pode ser realizada pelo telefone 197, na sede das especializadas ou de forma online, por meio da Delegacia Virtual. O delegado fez ainda um alerta para os indivíduos que participam da ação criminosa, emprestando as contas bancárias, já que também podem ser penalizados. “É importante advertir essas pessoas, que até mesmo vendem os cartões para recebimento de valores, que elas também podem ser e tem sido responsabilizadas pelo crime de estelionato”, concluiu.

Casos

Um dos principais casos solucionados pela Polícia Civil nos últimos dias é referente a um golpe, aplicado contra uma idosa, de 63 anos. De acordo com a investigação da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (Dercc), a vítima acreditando que sua filha tinha trocado o número do WhatsApp, realizou três transferências bancárias, que juntas ultrapassam R$ 22 mil. Os policiais descobriram que os valores foram transferidos para três contas diferentes, sediadas na capital. Um casal, suspeito de participação no crime, foi localizado e detido.

Em outro caso, a Polícia Civil de Goiás, após troca de informações com a Polícia Civil do Amazonas, conseguiu prender em flagrante na tarde desta terça-feira (5/01) três indivíduos, suspeitos de aplicar o golpe do novo número contra uma idosa, de 70 anos. Dois deles foram detidos na capital e um em Aparecida de Goiânia. A vítima, que mora em Manaus (AM), teve um prejuízo de R$ 4.800,00. Os suspeitos se passaram pela filha da idosa e alegaram que o limite diário do cartão havia excedido.

Segundo a investigação do GREF/DEIC, no exato momento em que os criminosos fizeram a solicitação, a filha da vítima e familiares realizavam teste para detecção da Covid-19 e por isso, a idosa depositou os valores pedidos de forma imediata. Com a apuração, os policiais identificaram o dono da conta bancária, a pessoa responsável por fazer o saque dos valores e um intermediário. Com os suspeitos, foram apreendidas dezenas de cartões no nome de outras pessoas, além de maquinetas e máquinas de cartão de crédito. Após a prisão, os indivíduos foram levados ao presídio local.

Durante a investigação de outro crime, equipes do Gref/Deic prenderam um homem, que teria aplicado o golpe virtual contra um idoso, de 71 anos. A vítima chegou a transferir para o suspeito o valor de R$ 3 mil, acreditando conversar com um familiar. O caso segue sendo apurado pela especializada.

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