IBGE divulga novos valores para rede altimétrica de referência
Estudo tem como principais características o desenvolvimento e aplicação de uma nova metodologia que possibilitou a completa revisão das bases de dados e a inédita integração de informações da variação da gravidade
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta segunda-feira (30/7) o cálculo das novas altitudes de alta precisão, que servem de base para atividades de engenharia, mapeamento e estudos científicos em todo o território nacional.
Acesse o Relatório do Reajustamento da Rede Altimétrica com Números Geopotenciais 2018.
Denominado “Reajustamento da Rede Altimétrica com Números Geopotenciais” (REALT-2018), o estudo das altitudes ao longo do território brasileiro tem como principais características o desenvolvimento e aplicação de uma nova metodologia que possibilitou a completa revisão das bases de dados e a inédita integração de informações da variação da gravidade.
Com isso, o Brasil se alinha às recomendações internacionais para o estabelecimento, em curto prazo, de um Sistema Internacional de Referência para Altitudes, cuja primeira versão contará com seis estações de referência no Brasil.
Desde o início de suas medições de nivelamento geométrico, em 1945, o IBGE recalcula periodicamente as altitudes das Referências de Nível (RRNN) da Rede Altimétrica de Alta Precisão (RAAP) do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), por meio do assim chamado “ajustamento pelo método dos mínimos quadrados”.
Esses cálculos incorporam novas observações de nivelamento geométrico e gravimetria, a correção de inconsistências eventualmente detectadas na RAAP e a utilização de novas técnicas de observação e cálculo.
A integração dos valores da gravidade nas RRNN permite a obtenção de altitudes mais precisas, já que, na superfície terrestre, a gravidade varia principalmente à medida em que nos afastamos da linha do Equador em direção aos polos, entre 9.764 m/s2 e 9.834 m/s2.
Assim, a inclusão da gravidade evita inconsistências altimétricas, auxiliando tanto a integração das redes de altitudes entre países vizinhos como o estudo dos impactos de elevação do nível médio do mar na zona costeira.
Novo tipo de altitude
As altitudes físicas e os números geopotenciais que lhes servem de base são as coordenadas adequadas para uso no posicionamento vertical, pois vinculam-se de forma rigorosa ao campo da gravidade. Em contraposição, as chamadas altitudes geométricas ou elipsoidais, que resultam da aplicação das modernas técnicas da Geodésia Espacial, como os Sistemas Globais de Navegação por Satélites (GNSS), não mantêm qualquer vínculo com o campo da gravidade terrestre e, por isso, não são adequadas para uso no posicionamento vertical.
Nos ajustamentos anteriores (2011, 1993, 1975~1959), em função da ausência de suficientes observações gravimétricas, apenas a correção de gravidade teórica foi aplicada aos desníveis observados, resultando em altitudes ortométricas simplificadas. No REALT-2018, foi possível obter valores reais de gravidade para todas as RRNN da RAAP e, assim, calcular as chamadas altitudes normais, mais adequadas aos modernos conceitos e métodos da Geodésia.
A decisão de realizar um novo ajustamento, iniciado em 2015, deve-se à necessidade de modernização da componente vertical do SGB, em consonância com a resolução da Associação Internacional de Geodésia (IAG) sobre o Sistema Internacional de Referência para Altitudes (IHRS/IHRF). Além disso, também foi decisivo o grande aprimoramento da cobertura gravimétrica do território brasileiro, conduzido pelo IBGE e por outras instituições nas últimas décadas. Com isso, pela primeira vez, os usuários do SGB terão à sua disposição altitudes consistentes com os modelos geodésicos globais.