Octo Marques era um artista autoditada, pintor primitivista e escritor. Nasceu na Cidade de Goiás, no dia 8 de outubro de 1915, e faleceu em Goiânia, no dia 22 de abril de 1988. Partiu sem alarde, sem jornal nacional, apenas a notícia correndo de boca em boca, trazendo aquele misto de compaixão e tristeza. Modesto, simples no seu mundo familiar, viveu seus últimos anos embriagado no álcool de sua solidão. Explorado por muitos, ele construía os seus quadros em troca de alguns trocados que lhe saciavam a fome e a sede de organismo já debilitado. Quanto mais Octo caminhava para o fim, mais suas obras eram disputadas na bolsa da sociedade capitalista, num contraste doloroso.
Ele, o artista, o mito, a glória de Vila Boa, catando migalhas na panela da opressão e seus quadros atingindo altos preços no leilão de colecionadores. No Largo do Moreira, onde viveu, a vida continua do mesmo jeito, mas fica a lembrança de Octo Marques, e aqui transcrevo as palavras do saudoso Gontran da Veiga Jardim, na carta que me enviou, do Rio de Janeiro, após a leitura de meu livro No Santuário de Cora Coralina, no dia 2 de janeiro de 1992.