Curta goiano “Hawalari” tem seu lançamento no 32º Festival Curta Kinoforum

A obra, que trata da temática indígena, é um dos projeto contemplado pela Lei Goyazes

O curta-metragem goiano Hawalari, do diretor e roteirista goiano, Cássio Domingos, será lançdo nesta terça-feira (24/08), no 32º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum, que começou no dia 19 deste mês.

O filme poderá ser assistido em todo o Brasil, de forma gratuita, na plataforma de streaming do 32º Curta Kinoforum, a partir das 19h, onde ficará disponível por 24 horas. Uma segunda apresentação ocorrerá no dia 26 (quinta-feira), às 19h. A obra foi contemplada  pela Lei de Incentivo Goyazes, do governo de Goiás, por meio da Secretaria de Cultura (Secult Goiás).

O diretor e roteirista goiano, Cássio Domingos, celebra a sessão pela qual “Hawalari” foi selecionada, a Mostra Brasil  7 – Na Calada da Noite, referida pela curadoria do festival como “Ousadia e transgressão caminham juntos em imagens fortes que eventualmente beiram o transe”. Este não é um programa para fracos.” “O tema da mostra vai de encontro com a proposta do nosso filme, além de que a Mostra Brasil é tradicional neste festival que já acontece há 32 anos, um dos mais longevos da América Latina”, declara o diretor. 

Cássio conta que quando conheceu a protagonista do filme, a atriz indígena Hawalari Coxini, também roteirista e produtora associada da obra cinematográfica desenvolvida e filmada em Goiás, pensaram em conjunto sobre a possibilidade de construir um filme de ficção que retratasse um pouco sobre algumas nuances do encontro entre uma personagem indígena e um “não indígena”. 

A escolha do roteiro que retrata uma época passada surgiu da paixão do diretor por filmes de época ou históricos e o desejo de apresentar uma narrativa que contrapusesse àquela  hegemônica e estereotipada dos povos originários, comumente reproduzida no Brasil, algo que não controlasse as múltiplas possibilidades de existência e subjetividade destes povos indígenas. 

“Os filmes de época, quando feitos com extensa pesquisa e cuidado, são excelentes para nos fazer refletir sobre o passado, sobre nossas decisões no presente que afetarão nosso futuro. Pesquisamos filmes de ficção realizados por indígenas no Brasil para entender melhor esta visão que busca acabar com os diversos estereótipos quando se tem um indígena como personagem ou filme com temática indígena”, conta Cássio Domingos.

O curta “Hawalari” é uma renúncia à ideia do colonizado, que transcende o imaginário coletivo limitador sobre os povos originários e discute outras possíveis sutilezas de um primeiro encontro entre branco e indígena, no final do século XIX.

A atriz indígena Hawalari Coxini, pertencente ao povo Iny (Karajá), da Aldeia Fontoura, situada na ilha do Bananal também foi responsável pela consultoria do filme, junto de sua irmã, Rafaella Sandoval Coxini Karajá; Sinvaldo Oliveira Saraiva – Wahuka; Idjarrina Rosa Karajá e o Cacique Raul Hawakat. 

“Eu tentei focar ao máximo em manter o sentimento de realmente estar insegura e curiosa ao mesmo tempo sobre quem é a pessoa que tentava fazer de tudo para me estudar. Fiquei atenta bastante também na execução do idioma INY, tentando falar o mais semelhante possível dos áudios que recebi. Sou indígena criada na cidade, sai do lugar próximo que morei a aldeia e até da aldeia mesmo muito cedo, não tive tempo e nem pessoas próximas que tinha a língua fluente pra me ensinar e a minha maior preocupação é os parentes entenderem o que está sendo dito”, explica Coxini. 

Cinema goiano no páreo em Cannes 

O cuidado do diretor Cássio Domingos em tratar deste contexto histórico-cultural, cuja assimilação não se restringe aos livros de antropologia, somado às belas paisagens do Cerrado e do Rio Araguaia, requintadas pelo diretor de fotografia Marcelo Kamenach, revela uma obra goiana autêntica e surpreendente, de reconhecimento internacional.  

Em 2020, um corte de “Hawalari” foi inscrito na 52ª Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, quando o curta chegou na etapa final de seleção. Diferente dos anos anteriores, em função da pandemia, o festival francês foi  cancelado sem a  divulgação oficial de filmes selecionados pela Quinzena.

“Fizeram de outra forma, foi montada uma pequena lista com poucos filmes que chegaram na etapa final de seleção e o Hawalari estava presente.  Recebemos um e-mail oficial com feedback positivo acerca do nosso curta e sobre uma possibilidade de exibição em 2021. Infelizmente, Hawalari e nenhum outro curta-metragem brasileiro foi exibido na Quinzena deste ano de 2021. Mas para felicidade do cinema brasileiro, o longa “Medusa”, de Anita Rocha, foi selecionado e fez sua estreia em Cannes em julho”, comemora Cássio

 

SERVIÇO

Lançamento do curta “Hawalari”

Data: Terça-feira, 26/0

Horário: 19h

Transmissão plataforma de streaming do 32º Curta Kinoforum

 

 

Governo na palma da mão

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