#TBT da ABC – Televisão brasileira completa 70 anos hoje
1ª Emissora, a TV Tupi, instalada em 1950, só teria programação para o primeiro dia de transmissão
A televisão hoje é algo comum no nosso cotidiano. Ela é uma tecnologia que ainda não chegou aos 100 anos, diferente da fotografia, do cinema e do rádio, mas está tão presente no cotidiano que parece estar há muito mais tempo na história. Hoje celebram-se os 70 anos do surgimento da primeira emissora do Brasil: a TV Tupi de São Paulo.
O Brasil foi um dos primeiros países no mundo a implementar a máquina que permitiu aos indivíduos terem “o mundo dentro de casa”. Antes essa transmissão foi feita nos EUA (1928), Inglaterra (1932), Alemanha e França (1935), Japão (1939) e Cuba (1950).
A história dessa instalação traz elementos curiosos, que podem até ser tidos por “folclóricos”, como o contrabando de aparelhos receptores para que houvesse espectadores para a primeira transmissão brasileira ou o “show ao vivo” que as televisões tinham que ser por não haver suporte para gravação e reprodução posterior dos programas. Se diz mesmo que a TV Tupi só tinha programação pensada para o primeiro dia e que, no decorrer do show se pensou sobre o que fazer no dia seguinte.
A TV brasileira surge vinculada ao rádio, tanto na programação, quanto na legislação e na organização. Apenas nas décadas de 1960 e 1970 que a legislação começa a ser mais específica para TV. Essa vinculação também se percebia na programação, que começou como um meio de “difusão cultural”, como óperas e teatros, mas para manter-se como um negócio acabou dando preferência aos programas de entretenimento, transmitindo shows, eventos da agenda cultural, programas de auditório (importando o modelo das rádios) e mesmo espetáculos de circo (a raiz do modelo de programas infantis brasileiros), além de noticiários.
No Brasil, a televisão começa por iniciativa de Assis Chateaubriand, proprietário dos “Diários Associados”, um conglomerado de jornais e rádios que tinha empresas em diversas cidades do país e com grande influência política e cultural no Brasil entre os anos 1930 e 1960. A participação de empresas patrocinadoras foi importada do modelo norte americano, fazendo com que companhias patrocinassem programas que acabavam levando o seu nome, como o Repórter Esso (uma distribuidora de combustíveis), Ginkana Kibon (uma marca de sobremesas geladas), Jornal Nacional (um banco).
Mas se a televisão como tecnologia chegou de alguma forma pronta no Brasil, ela se modificou muito antes, com a transformação entre a televisão mecânica (que fazia a varredura dos pulsos elétricos de uma lâmpada de neon) e a eletrônica (que se utiliza de meios eletrônicos para fazer essa varredura dentro de um tubo de vácuo, o tubo catódico das antigas televisões).
Um sistema funcional de transmissão em cores só foi utilizado a partir de 1954 nos EUA, apesar de tecnologias para isso já estarem sendo desenvolvidas desde 1925 por pesquisadores soviéticos, franceses e alemães. Os 22 primeiros anos da TV brasileira foram em preto e branco. Tudo muda em 1972, quando houve a primeira transmissão em cores, a primeira da América do Sul.
A possibilidade de trazer imagens de longe para dentro da casa dos espectadores foi o grande diferencial da televisão e o surgimento das “redes”, onde emissoras de várias regiões podem conectar-se levando imagens produzidas em determinados centros para regiões distantes. A primeira experiência desse tipo de conexão no Brasil ocorreu já na primeira década de existência da TV, entre emissoras de São Paulo e do Rio de Janeiro. Entretanto é na década de 1970 que essa ligação se efetivou pelo país, com o uso de satélites e de redes de micro-ondas da Embratel (empresa estatal criada naquela década para trabalhar com a infraestrutura de telecomunicações no país).
Na revolução que foi o estabelecimento das redes, a TV Brasil Central participou na linha de frente, conectando-se com a TV Bandeirantes de São Paulo via satélite já em 1978. Em 1996, a TBC passou a integrar a rede da TV Cultura e segue informando Goiás com responsabilidade e credibilidade.
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