Sistema prisional adota processo de busca ativa para identificar detentos suspeitos de estar com a Covid-19

Em entrevista à RBC, líder do Comitê de Enfrentamento da doença informa que já foram feitos 665 testes entre os encarcerados, dos quais 225 tiveram a doença confirmada; entre os agentes prisionais já foram testados 3.615 servidores

O Estado de Goiás administra atualmente 104 unidades prisionais que têm uma população carcerária de 21.156 custodiados. Com tantos detentos, difícil não haver aglomeração de pessoas. Para combater a propagação da Covid-19 nas unidades prisionais goianas, a Diretoria Geral de Administração Penitenciária adotou o processo de busca ativa da doença entre os detentos, com monitoramento diário, medição de temperatura e diagnóstico preventivo. 

Os presos que apresentam sintomas da Covid-19 são testados. Até o momento, foram realizados 665 testes entre os detentos, dos quais 225 foram confirmados. A partir do momento em que o resultado do teste é positivo, se os sintomas não forem graves, ele permanece na própria unidade prisional isolado dos demais. Se houver um agravamento da doença, é encaminhado a uma unidade de saúde.

Foi o que explicou o gerente de Segurança e Monitoramento, que também é o líder situacional do Comitê de Gerenciamento de Crise Coronavírus do Sistema Prisional, Alex Galdioli, que concedeu entrevista, nesta sexta-feira, 10, ao programa O Mundo em sua Casa das rádios Brasil Central AM e RBC FM. Ele conversou com os apresentadores Lucas Nogueira e Marcelo Cabral.

Mortes

Segundo Alex, até o momento o sistema prisional goiano registrou apenas duas mortes por Covid-19, sendo que um dos óbitos foi de um detento que não estava em unidade prisional, mas sim em regime de monitoração eletrônica, usando tornozeleira eletrônica. Esse detento cometeu uma falta, foi trazido à unidade e já chegou se sentindo mal no período noturno. Foi encaminhado a um hospital e depois de alguns dias morreu. Uma das causas confirmadas da morte foi a Covid-19.

O gerente informou ainda que, no caso do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia, o local onde funcionava a Central de Triagem foi esvaziada para receber os detentos com mais de 60 anos de idade e que tenham comorbidades, considerados grupos de risco da doença. 

Sobre as visitas, disse que estão suspensas desde o início da pandemia. Como a pandemia da Covid-19 vem se estendendo por um período maior do que o projetado inicialmente, estão sendo feitos estudos para estabelecer procedimentos de visitas através de videoconferência, contato telefônico, encaminhamento e recebimento de cartas, dependendo da realidade de cada unidade prisional, afirmou.

Agentes prisionais

A respeito dos agentes prisionais, Alex Galdioli disse que todos serão testados para a Covid-19. Até o momento, já foram realizados 3.615 testes entre esses servidores, faltando pouco mais de 600. Do total testado, 139 foram confirmados, dos quais 42 estão em recuperação e 97 estão curados da doença.

Indagado sobre quais unidades prisionais mais preocupam com relação à pandemia, respondeu ser a de Goianira a que dispensa maior atenção, por estar situada no centro da cidade, ter pequeno porte e abrigar grande quantidade de pessoas para o tamanho da unidade. O presídio de Goianira possui 146 detentos. Por meio da busca ativa, 28 foram testados detentos e 27 registraram resultado positivo. 

Por determinação judicial, será realizado novo teste RT-PCR em todos os detentos do presídio de Goanira. E já estão sendo tomadas algumas providências, tais como, a priori, a transferência de todas as mulheres que estavam na unidade. 

Alex Galdioli afirmou ainda que outras unidades prisionais que preocupam são aquelas localizadas nos municípios da Região do Entorno, devido à proximidade do Distrito Federal. Elas estão exigindo uma atenção maior por parte da administração do sistema penitenciário, declarou.

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