Queda na adesão ao isolamento social em Goiás é preocupante, alerta infectologista em entrevista à RBC
Cristina Toscano, que também é professora da UFG, disse que o Estado teve atitude exemplar ao implementar medidas de maneira precoce
A médica infectologista e epidemiologista Cristina Toscana alertou, na manhã desta quarta-feira, 29, durante entrevista ao Mundo em sua Casa, que a queda no índice de adesão ao isolamento social verificada em Goiás (que nos últimos dias ficou abaixo de 55%) é preocupante, no que se refere ao combate à propagação do novo coronavírus. O programa das Rádios Brasil Central AM e RBC FM teve a apresentação de Emmerson Kran e Gil Bomfim.
Conforme a médica, que é professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiás teve uma atitude exemplar ao implementar as medidas de isolamento de maneira precoce. Essa atitude contribuiu, nas últimas semanas, para que a evolução do número de casos da Covid-19 e da quantidade de óbitos no Estado não fosse tão dramática, como tem ocorrido em outros locais do País. “E agora essa queda (na adesão da população) nos preocupa”, ressaltou.
Único objetivo
“O importante é que as pessoas entendam que o isolamento social tem o único objetivo de diminuir a velocidade da transmissão do vírus”, orientou. Cristina lembrou ainda que o novo coronavírus se transmite facilmente, em geral uma pessoa causa várias novas infecções. As medidas de isolamento social fazem com que o aumento de casos de hospitalizações e de óbitos seja controlado, de forma que o serviço de saúde consiga atender a todos que necessitem de cuidados médicos.
Ela ponderou que, quando essas medidas são adotadas tardiamente ou não são seguidas pela população, pode ocorrer o que estamos vendo em outros Estados, como Amazonas e Ceará, que registram aumento muito grande e rápido no número de casos. Cristina admitiu que as medidas de isolamento social são difíceis, trazem impactos econômicos e sociais. “Mas estamos em uma batalha longa (contra o novo coronavírus) e a gente precisa manter mais umas semanas dessas medidas para conseguirmos terminar essa batalha de uma maneira adequada”, afirmou. Ela estimou que o ideal é perseverar até meados de maio, conforme previsões de especialistas.
Sobre a decisão da Prefeitura de Goiânia de determinar o escalonamento do horário das atividades econômicas no município com o intuito de reduzir a aglomeração de pessoas no sistema de transporte coletivo, disse que todas as medidas de proteção das pessoas são importantes nesse momento. Citou, no caso das indústrias, ações como manter os profissionais espaçados e dotá-los de equipamentos individuais de proteção (EPIs). “Essas medidas devem ser observadas e cumpridas, não são difíceis de implementar e garantem a minimização dos contatos entre os profissionais, mesmo que trabalhando”.
ABC Digital