Presidente da Federação Goiana dos Municípios considera preocupante a interiorização da Covid-19 em Goiás

Em entrevista à RBC, José de Sousa Cunha informa que até o momento somente quatro municípios goianos, de um total de 246, não têm registros de caso confirmados da doença

O presidente da Federação Goiana dos Municípios (FGM) e prefeito de Porteirão, José de Sousa Cunha, considerou “preocupante” o avanço da Covid-19 entre as cidades do interior do Estado. Segundo ele, no momento somente 4, de um total de 246 municípios, ainda não registraram casos confirmados da doença: Campos Verdes, Novo Planalto, Guarinos e Palestina de Goiás. E Rio Verde é o município do interior com maior incidência: contabiliza mais de 5.600 casos.

José de Sousa concedeu entrevista ao programa O Mundo em sua Casa das rádios Brasil Central AM e RBC FM nesta quinta-feira, 25. Ele conversou com os apresentadores Emmerson Kran e Gil Bomfim. O presidente da FGM atribuiu o avanço da Covid-19 pelo interior goiano à mobilidade das pessoas, que se deslocam de Goiânia e das maiores cidades para as de menor porte, ou vice-versa, para trabalhar ou fazer compras no comércio. 

Ele citou o exemplo da região de Quirinópolis e de São Simão, para onde as pessoas se dirigem para trabalhar nas obras da Ferrovia Norte-Sul. Disse ainda a respeito das grandes empresas de Rio Verde, que promoveram testagem em massa da doença entre seus trabalhadores e foi verificado grande número de pessoas assintomáticas. “As pessoas estão se locomovendo, e isso é necessário, embora infelizmente exista o isolamento social”, avaliou. 

Orientação

Para o dirigente da FGM, esse fato levou a doença para as cidades menores, que não contam com leitos hospitalares, respiradouros ou UTIs. “Mas a gente está trabalhando de uma forma segura para atravessar essa fase (da pandemia)”, garantiu. Contou que a Federação tem orientado os prefeitos a colocar barreiras (na entrada das cidades) e a regulamentar seus decretos. Segundo ele, a maioria dos municípios está realizando lockdown nos finais de semana; e outras medidas são sendo tomadas, de acordo com o número de casos registrados em cada localidade.

“Mas existe a preocupação sim”, admitiu José de Sousa. Ele relatou que levou esse sentimento de apreensão ao governador Ronaldo Caiado, durante uma videoconferência com ele e o secretário de Estado da Saúde. E recebeu o apoio do Governo do Estado para que a Polícia Militar possa contribuir na fiscalização do cumprimento dos decretos municipais de combate à Covid-19, pois os municípios pequenos, e muitos dos municípios médios, não têm guarda municipal para realizar este trabalho.

O presidente da FGM foi questionado sobre o fato de que cada município está adotando medidas distintas para o enfrentamento da pandemia – com flexibilização das atividades econômicas, no caso de Goiânia; lockdown por macrorregiões como Aparecida de Goiânia; ou medidas mais restritivas, como Trindade. A esse respeito dessa questão, ponderou que o gestor de cada município tem as condições de definir as regras locais mais adequadas. 

Entretanto, lembrou que os prefeitos têm sido monitorados e fiscalizados, de uma forma muito efetiva, pelo Ministério Público Estadual, pelas Defensorias Públicas Estadual e Federal, e pela própria população. “Os municípios têm tomado medidas, mas acompanhando a curva do aumento ou não (da doença)”, afirmou. E citou o caso de Rio Verde e Jataí, onde houve crescimento no número de casos e os prefeitos tomaram a decisão de rever as medidas de reabertura das atividades econômicas.

José de Sousa informou que iria tratar hoje com o secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino, sobre a questão da oferta de vagas de UTI para pacientes de cidades do interior. Defendeu que esse é um trabalho “de mão tripla”, composto por municípios, Estado e União, para enfrentar a crise sanitária, e também econômica, provocada pela pandemia. “Mas neste momento, a preocupação maior é preservar a vida das pessoas, dar condição para que o paciente do interior que precisar de um leito, de uma UTI, possa encontrar (a vaga) para realmente sobreviver”, salientou.

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