Prefeito eleito de Goiânia, Maguito Vilela morreu hoje deixando um grande legado

Com um vasto histórico de atuação na política goiana, Maguito não resistiu às sequelas da Covid-19

O prefeito eleito de Goiânia, em 2020, Maguito Vilela, não resistiu às consequências da infecção do novo coronavírus e morreu hoje no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 27 de outubro. Natural da cidade goiana de Jataí, onde nasceu em 24 de janeiro de 1949, Luiz Alberto Maguito Vilela foi sempre figura de grande expressão na política goiana, desde meados de década de 1970, quando foi vereador em Jataí, na sequência sendo deputado estadual, federal, vice-governador, governador, senador e prefeito da cidade de Aparecida de Goiânia por dois mandatos, encerrando o último mandato, em dezembro de 2016, com uma aprovação de mais de 70%.

Ele sempre se destacou na política goiana também por sua postura de conciliador. Sua administração como governador (1995-98) foi marcada por um intenso trabalho social e, como prefeito de Aparecida, conseguiu transformar a cidade num importante polo industrial e comercial do Estado, com grandes investimentos em infraestrutura, mobilidade urbana, saúde, educação e na área social, imprimindo uma marca indelével balizando as análises políticas como antes e depois de sua administração. 

O trabalho realizado em Aparecida cacifou Maguito Vilela como um forte candidato à prefeitura de Goiânia na eleição de 2020, conseguindo se eleger no segundo turno com mais de 52% dos votos, mesmo quase não tendo participado da campanha, pois se encontrava internado na UTI do Albert Einstein, em São Paulo. Os eleitores que a ele confiaram seu voto viviam a expectativa de que ele se recuperasse e pudesse assumir a prefeitura de Goiânia em 1º de janeiro de 2021.

Trajetória

A trajetória política desse goiano começou em sua cidade natal. Em 1976, Luiz Alberto, que era conhecido nos campos de futebol como Maguito, elegeu-se vereador e o apelido foi incorporado ao nome. Na sequência, foi eleito deputado estadual em 1982, quando exerceu a liderança do governo Iris Rezende (MDB) na Assembleia Legislativa. 

Em 1986, Maguito elegeu-se deputado federal e 1988 participou ativamente da elaboração da Constituição Federal vigente no país. Foi vice-líder da bancada do MDB na Câmara dos Deputados. Quatro anos depois, em 1990, foi eleito vice-governador de Goiás, ao lado do então governador Iris Rezende. 

Em 1994, o povo o consagra como titular do Palácio das Esmeraldas. Entre 1995 e 1998, pesquisa do Datafolha o apontara como o governador mais popular do Brasil. Em 1998, foi eleito senador da República por Goiás. Em 2002 e 2006, foi candidato a governador pelo MDB. Em 2007, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nomeou o como vice-presidente de Governo do Banco do Brasil. 

Entre as suas principais realizações no Poder Legislativo destaca-se a proposta na Assembleia Legislativa para acabar com as aposentadorias políticas; na Câmara dos Deputados, apresentou a emenda ES24701-8, conhecida como a Lei do Impeachment, que foi aplicada pela primeira vez em 1992 com o afastamento do então presidente Fernando Collor e mais recentemente em 2016 com o afastamento da presidente Dilma Rousseff. 

No Senado Federal, Maguito Vilela teve atuação destacada em importantes comissões da Casa Legislativa, como na Comissão de Constituição e Justiça e na Comissão de Assuntos Sociais, onde levou a sua experiência como o governador que implantou maior programa social do país até então.

No governo

Como governador de Goiás, atendeu 150 mil famílias carentes com a doação de pão e leite diariamente e de uma cesta básica por mês, beneficiando quase um milhão de pessoas. Em quatro anos foram distribuídas cinco milhões de cestas de alimentos com 28 quilos cada. O programa de Solidariedade Humana é considerado o embrião dos atuais programas sociais como Renda Cidadã e Bolsa Família.

Além da forte marca social, o governo Maguito conseguiu atrair grandes indústrias que duas décadas depois ainda são responsáveis por milhares de empregos e rendas para os goianos. Perdigão – investimento de 500 milhões de dólares – , Goiástêxtil – formada pelas empresas JMA (Portugal), Piu Belle (Itália) e Bouquet (Brasil), com investimento de 65 milhões de dólares – , Mitsubishi – Investimento de 35 milhões de reais – e Nestlé – investimento de 18,4 milhões de reais – são algumas das grandes indústrias que se instalaram em Goiás durante o governo Maguito. Atraiu mais de 1.500 novos empreendimentos em 40 meses, com investimentos superiores a R$ 5 bilhões e geração de quase 100 mil novos empregos. 

O programa Fomentar foi remodelado, atendendo milhares de empresas goianas e outras que vieram para o Estado, financiando o pagamento de 70% do ICMS em até 15 anos. A eletrificação rural chegou a 95% das propriedades do estado, atendendo 43 mil produtores. Goiás passou a ter o terceiro maior rebanho bovino do Brasil, com 18 milhões de cabeças, e chegou à posição de segundo maior produtor de leite. Na agricultura, passamos a ser responsáveis por 10% de toda a produção nacional de grãos.

Na educação, reformou e construiu mais de mil salas de aula, gerando 100 mil novas vagas. Em 1997, o Estado alcançou o índice recorde de crianças na sala de aula – 94,95%, o maior índice do Brasil na época – e o menor percentual de evasão escolar – apenas 2%. Goiás atingiu 100% de cobertura vacinal contra pólio, sarampo e tuberculose e o índice de mortalidade infantil, que já foi um dos maiores do Brasil, passou para o terceiro menor. Entre as obras realizadas na Saúde, destacam 21 unidades hospitalares em municípios que não possuíam nenhum leito, o Instituto da Criança, a ampliação do Materno Infantil, a reabertura de maternidades e melhorias no HDT (Hospital de Doenças Tropicais).

Na infraestrutura, 2 mil quilômetros pavimentados, completando uma malha total pavimentada no Estado de 9 mil quilômetros. Tem no currículo 69 ginásios de esportes construídos ou reformados, além de outras 27 quadras. O Governo concluiu, naquele período, oito estádios de futebol e reformou o estádio Serra Dourada.

O trabalho de Maguito rendeu-lhe um título inédito no Brasil: foi apontado por seis vezes consecutivas como o governador com melhor aprovação popular em todo o Brasil, conforme dados dos institutos DataFolha (Folha de S. Paulo) e Brasmarket (revista IstoÉ). 

Destaque

Durante o governo Maguito, Aparecida também ganhou destaque nacional em gestão dos recursos públicos. O Índice da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) de Gestão Fiscal apontou a Prefeitura de Aparecida de Goiânia como a 1ª no ranking estadual e a 21ª no ranking nacional, atrás apenas de uma capital do país. O objetivo do índice é avaliar a qualidade da gestão fiscal dos municípios brasileiros e fornecer informações que auxiliem os gestores públicos na decisão de alocação dos recursos. 

Em função do cargo de prefeito de Aparecida e em razão de sua experiência política-administrativa, Maguito Vilela foi vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos e teve atuação destacada na coordenação do g100 – grupo que reúne as 100 maiores cidades do país e com alta vulnerabilidade social. A força política de Maguito ajudou estas cidades a serem priorizadas nos programas do governo federal e, consequentemente, Aparecida também recebeu inúmeros benefícios importantes, como a Universidade Federal de Goiás e o Instituto Federal de Goiás. 

Maguito concluiu o segundo mandato com alta aprovação popular. Mesmo quando a maioria dos prefeitos sofriam desgaste em função da crise política que o país viveu nos últimos anos, Maguito obteve 70% de aprovação, segundo pesquisa Paraná/Record em 2016.

Advogado por formação, atualmente era sócio do escritório jurídico Vilela e Associados e mantinha sua atividade rural de produtor de leite. Era pai de quatro filhos, entre eles, o presidente do MDB de Goiás e ex-deputado federal, Daniel Vilela, avô de quatro netos e esposo da empresária Flávia Teles.

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