O uso ou não da cloroquina no tratamento da Covid-19 virou política, diz o infectologista Boaventura Braz à RBC
Segundo o médico, não há nenhum consenso e a questão “virou um Fla-Flu”; o infectologista falou ainda sobre a importância do uso da máscara facial como prevenção
Durante entrevista concedida ao radiojornal O Mundo em Sua Casa das rádios Brasil Central AM e RBC FM nesta quinta-feira, 21, o médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz disse que, “infelizmente”, o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 “virou política, um Fla-Flu, que tem quem defende e quem não defende”. Para ele, quem defende o uso do medicamento, usado no tratamento e profilaxia da malária, não o faz baseado em evidências (científicas).
O programa noticioso foi apresentado por Marcelo Cabral e Paulo Henrique Santos. Em sua fala, o médico ressaltou que uma medicação só é adotada em um tratamento quando os estudos mostram evidências do seu benefício no combate à doença. “E até agora a gente não tem nenhuma evidência”, ponderou. Com o novo protocolo do Ministério da Saúde, ele explicou que o uso da cloroquina vai ficar a critério do profissional (de saúde), desde que em comum acordo com o paciente.
Uso da máscara
Boaventura Braz comentou ainda o texto aprovado na última terça-feira, 19, na Câmara dos Deputados, que torna obrigatório o uso de máscara facial em todo o País, enquanto durar a situação de emergência em saúde relacionada ao novo coronavírus. As máscaras serão obrigatórias para circulação em espaços públicos e privados, e acessíveis ao público. Conforme ele, essa é uma metodologia farmacológica, sem uso de qualquer medicação, que tem mais impacto no nosso dia a dia, para a redução da transmissão do novo coronavírus.
“Tanto essa medida (o uso da máscara), como a lavagem das mãos, são fundamentais para tentar reduzir ao máximo essa transmissão”, afirmou. A máscara protege tanto a coletividade quanto o indivíduo, observou. Lembrou que a máscara facial já é um hábito em países asiáticos. E disse acreditar que essa cultura também vai ser adquirida pelos brasileiros quando estiverem em ambientes com grande aglomeração de pessoas.
O infectologista defendeu ainda que seja destinado dinheiro para fazer propaganda visando incentivar as pessoas a usar a máscara antes de sair de casa, para proteger a si e a comunidade. Acrescentou que famílias que têm idosos com 75, 80, 90 anos de idade em casa devem redobrar os cuidados. Isso porque o índice de mortalidade da Covid-19 nas pessoas desta faixa etária é muito elevado, ficando em torno de 15%.
ABC Digital